sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Pedras de Pequim: ESTADOS UNIDOS


Dona de sete títulos mundiais e cinco ouros olímpicos, a seleção norte-americana é uma verdadeira pedreira em Pequim.

Não bastasse a tradição, os Estados Unidos chegam a Pequim, com a missão de reafirmar sua hegemonia na modalidade; e é dificilmente deixarão passar essa oportunidade.

Há 24 anos, as americanas iniciaram uma série imbatível nos dois principais torneios. Ficaram com o ouro em Los-Angeles-84, no Mundial-86 (URSS), em Seul-88 e no Mundial-90 (Malásia).

O domínio yankee só foi interrompido em Barcelona-92, quando a CEI ficou com o ouro. Em 1994, as vilãs foram as brasileiras, que acabaram com as chances das americanas na semifinal no Mundial-94 (Austrália).

Os dois fracassos consecutivos instauraram uma crise na USA Baskteball. Nos dois anos seguintes, as americanas treinaram insanamente para não decepcionar ao sediar os Jogos de 1996 (Atlanta). O resultado não podia ser outro: o retorno ao topo após uma vitória incontestável sobre o Brasil, na final.

Um ano depois, aproveitando a repercussão da conquista dentro de casa, o país enfim tornou realidade uma antiga idéia: a criação da versão feminina da NBA.

Parecia tudo muito bem. E realmente estava. Os ouros se repetiram no Mundial-98 (Alemanha), em Sydney-00, no Mundial-02 (China) e em Atenas-04.

A série, no entanto, foi quebrada no Mundial do Brasil-06, quando a seleção foi derrotada pelas russas nas semifinais, e ficou com o bronze.

Se é possível atribuir a culpa a algo ou alguém por essa derrota; ela parece estar relacionada às próprias mudanças no basquete americano, após a derrota para o Brasil, em 1994.

Com a chegada da WNBA, a liga já não permite que suas principais estrelas desfalquem a temporada para se preparar para os Jogos, como aconteceu em 1996. O reaquecimento do mercado europeu, principalmente o russo, agravou o problema, já que essas mesmas estrelas passaram a defender clubes nesses países durante as férias da WNBA.

Assim, a preparação da seleção passou a ficar restrita a algumas poucas semanas.

Teorizam ainda que o fato de estrangeiras jogarem na WNBA tenha contribuído na mudança, o que não sei até que ponto é verdade.

Hipóteses a parte, a verdade é que a seleção americana é o melhor elenco em Pequim. Talento não falta. Em nenhuma posição.

O único empecilho para o time pode ser a pressão pelo ouro, algo que todas as atletas e a própria técnica Anne Donovan admitem em entrevistas: "qualquer resultado que não o ouro será um fracasso".

Cestinha dos Estados Unidos nas últimas três Olimpíadas, a pivô Lisa Leslie tenta chegar ao seu quarto ouro consecutivo. Depois de desfalcar a seleção no Mundial-06 para ser mãe, Lisa está de volta. E com sede de vitória. Aos 36 anos, a pivô de 1,96 é talvez o maior nome do basquete feminino mundial na última década. É o maior símbolo da WNBA, onde defende o Los Angeles Sparks, numa história em que se acumulam dois títulos, três eleições de MVP e ainda a primeira enterrada da história da liga. Nos Estados Unidos, é uma celebridade, com direito a participação em episódio dos Simpsons. Faz ainda alguns trabalahos como modelo. Ao contrário de muitas de suas companheiras, não teve muitas experiências no exterior. Depois da WNBA, contabiliza apenas uma temporada na Europa, pelo Spartak (Rússia), em 2005/6.

Se essa deve ser a última Olimpíada de Lisa, ao seu lado estará uma candidata a assumir com brilhantismo o papel de grande dama do basquete mundial nos próximos anos: Candace Parker. Com apenas 22 anos, a pivô de 1,96 acumula feitos. Colecionou títulos na NCAA. Ainda universitária teve sua primeira convocação para a seleção adulta (2006) e registrou números impressionantes, se convertendo num dos principais nomes do time no Mundial-06. Draftada pelo Los Angeles, de Lisa, fez uma estréia fantástica na WNBA. Extremamente versátil, era apresentada como armadora, ala e pivô, na página de sua universidade. É uma máquina de fazer pontos, pegar rebotes e distribuir assistências e que parece ter a exata dimensão do seu enorme potencial. Candace é irmã de Anthony Parker (Toronto Raptors) e noiva de Shelden Williams (Sacramento Kings). Na atual temporada da WNBA, já enterrou duaz vezes. Em sua estréia olímpica, não deve se esperar outra coisa de Candace que não o que ela nos acostou a mostrar: show.

Segunda escolha do Draft 2008, a pivô Sylvia Fowles, 1,98m e 23 anos, defende o Chicago Sky na WNBA. Ficou ameaçada de ser cortada da seleção após lesionar o joelho na partida contra o Los Angeles Sparks no dia 3 de junho. Fowles se tornou a quinta mulher a enterrar na NCAA. Defendendo a LSU, teve média de 17,4 pontos e 10,3 rebotes, por partida. Na WNBA, suas médias são mais discretas: 8,4 pontos e 6,5 rebotes, por partida.

Já com uma medalha olímpica no peito (o ouro, em Atenas-04), a ala-armadora Diana Tarausi é um outro grande nome do basquete mundial. Extremamente atlética e precisa, é uma das referências ofensivas do time. Tem 1,82m e 26 anos. Já acumula três temporadas na Rússia, onde participou da conquista da EuroLiga de 2007, pelo Spartak. Na WNBA, conquistou o título da temporada do mesmo ano. É a sexta jogadora na história dos Estados Unidos a acumular um ouro olímpico, um título da WNBA e um da NCAA. (As outras cinco são: Ruth Riley, Sheryl Swoopes, Swin Cash, Kara Wolters e Sue Bird).

Colega de Taurasi no Spartak, a armadora Sue Bird (27 anos, 1,76 m) também já provou o sabor do ouro em Atenas. Depois de atuar pouco, em função da presença da fantástica Dawn Stanley na seleção, Sue assumiu maior responsabilidade no Mundial-06 e repetirá tal papel em Pequim. Dona de um título da WNBA, pelo Seattle (2004).

Outra veterana de importante papel na seleção é a ala Tina Thompsom, de 33 anos e 1,83. Tina estreou em Olimpíadas somente em 2004, após uma contusão a tirar da convocação para Sydney-00. Soma quatro títulos na WNBA, todos pelo Houston. Também muito atlética, tem facilidade tremenda no jogo próximo a cesta. Tem ainda uma carreira de respeito na Europa, onde acumula dos títulos da EuroLiga, pelo mesmo Spartak russo.

Experiência também é o que oferece a ala Katie Simth, aos 34 anos. Com 1,80m, é uma das melhores alas da sua geração. Se já apresentou mais vigor em seu jogo no passado, compensa essa mudança com o sangue frio e a maturidade atuais. Além do título da WNBA, em 2006 (Detroit), tem duas conquistas na primeira liga profissional americana: a ABL, na qual ganhou os torneios de 1997 e 1998, pelo Columbus Quest.

A ala Delisha Milton-Jones, 1,85m e 34 anos, campeã olímpica em 2000, ficou de fora dos jogos de 2004 após sofrer uma lesão. Defende o Los Angeles Sparks, onde juntamente com Lisa Leslie e Candace Parker, forma um dos garrafões mais temidos da WNBA. Durante suas férias, defende o espanhol Ros Casares, mesmo time da brasileira Érika.

Uma das jogadoras mais versáteis da WNBA, Tamika Catchings, 1,85m e 29 anos, defende o Indiana Fever. Já foi eleita caloura do ano em 2002 e melhor jogadora de defesa, em 2005 e 2006. Na carreira, possui médias de 16,7 pontos, 7,8 rebotes e 3,7 assistências, por partida.

PhotobucketPhotobucketPhotobucket


Completam a lista de Anne Donovan: as armadoras Cappie Pondexter 1,75m e 25 anos, do Phoenix Mercury, Kara Lawson, 1,75m e 27 anos, do Sacramento Monarchs; e a ala Seimone Augustus, 1,83m e 24 anos, do Minnesota Lynx.

Daqui a pouco, os Estados Unidos começam sua campanha, que não deve ser muita desafiadora na primeira fase. O adversário da estréia é a República Tcheca. Depois, encara: China, Mali, Espanha e Nova Zelândia.


Para concluir essa série, contei com o apoio amigo do Marcos. Sem ele, a pedra americana só rolaria após a estréia. Valeu, Marcos!

Um comentário:

Anônimo disse...

SERA QUE A CANDACE PARKER VAI ENTERRAR NAS OLIMPIADAS?