sábado, 2 de março de 2002

ENTREVISTA

Uma ponte aérea com a pivô brasileira que está disputando o Campeonato Espanhol

Kátia Denise, a Katião



(1) Em uma das vezes que ouvi a técnica Maria Helena Cardoso falar sobre você, lembro-me de ela ter dito que você era uma atleta que tinha iniciado tarde no basquete. Quando você começou a jogar basquete e em que cidade?

Com 16 anos, em São Paulo, no Centro Olímpico do Ipirapuera.

(2) Por que você decidiu ser jogadora de basquete? Quem te incentivou?



Eu já fazia outro esporte. Como eu tinha uma estatura alta isso me ajudou, e minha mãe sempre me apoiou.

(3) Como você chegou ao BCN?

Eu jogava no Seara/Paulínia, e a Maria Helena me viu jogar nos Jogos Abertos e me convidou para jogar o juvenil e completar o adulto do BCN.

(4) Você já era chamada dey Katião antes de chegar ao BCN? Ou o apelido só surgiu lá pra te diferenciar da Kátia Cristina, a Kattynha?

Isso também influenciou no apelido, mas como meu jogo era muito forte embaixo do garrafão o apelido pegou.

(5) Você começou a chamar a atenção em 1997, quando o time do BCN foi campeão paulista. Me lembro da sua participação nas quartas de final, contra o Data Control Net, quando você marcava a Alessandra Oliveira. Como foi participar daquele grupo campeão?



Foi o grande começo da minha carreira, recém saída do juvenil. A técnica Maria Helena confiou plenamente em meu jogo.

(6) A maior parte da sua carreira teve a Maria Helena como técnica. Gostaria que você falasse um pouco dela e da sua importância para você.

É uma grande tecnica e uma pessoa fantástica. Aposta muito nas jogadoras jovens.Foi muito importante para mim, sempre acreditando no meu potencial e sempre trabalhando para que eu alcançasse minhas metas.

(7) Você conquistou muitos títulos no BCN. Qual deles foi mais emocionante e por quê?

Foi quando ganhamos o Campeonato Paulista, em Osasco saindo do quarto lugar. Ninguém apostava nisso. Só as próprias jogadoras que confiavam na equipe. Foi fantástico!

(8) Em 2000, você se transferiu para o Vasco da Gama, dentro de um time milionário. Primeiro, gostaria que você falasse um pouco da sua participação na conquista do Campeonato Carioca. E depois, do Nacional, quando você se tornou pivô titular do time?

Minha participação no Carioca foi boa, mas no Brasileiro foi muito importante. A técnica teve que confiar mais uma vez em meu jogo e tive uma grande oportunidade para mostrar o meu potencial em quadra.



(9) A crise afundou o Vasco, mas mesmo assim, vocês ainda conquistaram o Campeonato Nacional. Como foi disputar um campeonato inteiro sem receber o salário? Você acha que o grupo cresceu com essas dificuldades e com a perda das estrangeiras?

Sim, o grupo ficou mais forte. Tivemos que acreditar umas nas outras assim conseguimos superar as dificuldades do dia a dia.

(10) Qual a pivô brasileira que você mais admira e tem como exemplo? E a estrangeira?

Alessandra, por sua garra de baixo dos garrafão, e a Astou é uma estrangeira completa.

(11) Logo após o Nacional, você saiu do Vasco. A situação estava 'no limite' pra você?



Sim, em termos pelos atrasos de salário. Mas depois eu recebi tudo.

(12) Quando e como veio a proposta de jogar na Espanha?

O Nicolas, meu agente, fez a proposta e eu achei que seria uma grande oportunidade de aprender mais sobre o basquete europeu.

(13) Gostaria que você falasse um pouco da sua adaptação à cidade de Zaragoza e ao clube.

No começo, foi um pouco difícil me adaptar. Agora já conheço quase tudo e meu entrosamento com a equipe é otimo.

(14) Como tem sido disputar o Campeonato Espanhol, como você tem se saído?

Bem, no começo foi difícil porque aqui não permitem muito o contato. Agora já me acostumei ao estilo de jogo europeu.

(15) O que você pode dizer sobre o nível do Campeonato?

Muito competitivo.

(16) A Marina Ferragutti e a Elena Tornikidou,que já jogaram no Brasil, estão no seu time. Eles te ajudam?



Sim. Principalmente dentro de quadra, já que os sistemas são completamente diferentes.

(17) Seu contrato com o Zaragoza é de quanto tempo?

É de nove meses ou até acabar o campeonato (em março).

(18) Você pretende permanecer na Europa?

Depende. Dou preferência para o meu país sempre.

(19) Você tem tido contato com as outras brasileiras na Liga Espanhola: Claudinha e Iziane? Ou só quando você enfrenta o time delas?

Com a Claudinha sempre. Somos muito amigas, e a Iziane às vezes.

(20) Você joga numa posição que tem muitas atletas se destacando hoje no Brasil - a de pivô. Você trabalha pensando na seleção brasileira?



Sim. Quero retornar.

(21) Até agora, qual foi seu momento mais especial com a camisa da seleção?

Em Cuba no Pré Olímpico, 1999.

(22) Bate - Bola:

A bola que eu chutei e caiu:em uma prorrogação, que empata o jogo.
A bola que eu chutei e não caiu:faltando minutos para acabar o jogo.
A minha maior virtude em quadra:pegar rebotes
O meu pior defeito em quadra:faltas
Uma quadra: o Maracananzinho
Uma colega: Claudinha
Uma estrangeira: Elena Tornikidou
Uma marcadora: Janeth
Um(a) técnico(a): Maria Helena
Um time: BCN
Um título: Mundial Interclubes
O jogo que eu não esqueço: Final do Brasileiro no Rio.
O jogo que eu tento esquecer: quando eu perco.
Um sonho: alcançar meus objetivos. A Olimpiada é um deles.


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