O corpo da catarinense Michelle Splitter, de 19 anos, vítima de leucemia, foi enterrado na manhã desta quarta-feira sob aplausos no Cemitério da Igreja Luterana, no Centro de Blumenau. A jogadora de basquete, que no esporte seguia os passos do irmão — Tiago Splitter — sonhava em continuar defendendo a seleção brasileira. Ela deixou exemplos de luta, força e vontade de viver.
Cerca de 300 pessoas compareceram ao sepultamento e houve uma salva de palmas no momento da despedida. Entre os presentes, estavam Gerasime Nicolas Bozikis, o Grego, presidente da Confederação Brasileira de Basquete; André Alves, gerente de seleções; Oscar Archer, presidente da Federação Catarinense de Basquete; além de jogadores e ex-jogadores das seleções masculina e feminina.
— O basquete está de luto. Perdemos uma atleta bonita física e intelectualmente, com um caráter excepcional. Era uma jogadora que com certeza estaria convocada para a próxima seleção olímpica. Tivemos um pequeno momento de alegria quando ela deu uma melhorada e jogou em Cuba. Parece que Deus fazia uma despedida. Mas com certeza o Tiago Splitter vai buscar esta medalha para dedicar a ela. A luta continua para a família e para a seleção de basquete — declarou Grego à repórter Andrea Artigas, do Jornal de Santa Catarina.
Uma bandeira da confederação e a camiseta utilizada pela jogadora durante uma série de amistosos do Brasil contra Cuba, em fevereiro de 2008, estavam sobre o seu corpo. Os jogos realizados em Havana marcaram a despedida de Michelle da seleção, já que um mês depois, em março, a doença retornou com mais força.
Família unida pela força de Michelle
O pai Cássio, a mãe Elisabeth e os irmãos Tiago e Marcelo sempre estiveram ao lado dela. E foi assim, unidos, que eles se despediram de Michelle Splitter, 19 anos, uma menina que aprendeu cedo a batalhar pela vida e deixou de luto não apenas o esporte, mas toda a comunidade blumenauense.
O jogador da Seleção Brasileira Tiago Splitter, de 2m10cm, por alguns instantes se encolheu. Ajudou a carregar o caixão até a capela e chorou ao lado da família e amigos a morte da irmã após uma incansável luta contra a leucemia. O local ficou restrito aos mais íntimos por cerca de meia hora, enquanto uma fila se formava do lado de fora.
O transplante de medula foi mais uma entre tantas tentativas de salvar a jovem, que teve a doença diagnosticada aos 14 anos. No dia 14 de janeiro, após uma grande campanha promovida pela família para encontrar um doador, Michelle foi submetida a um transplante de medula óssea no Centro Boldrini, em Campinas, uma das instituições mais respeitadas no país no tratamento de câncer infantil.
— Infelizmente, ela contraiu uma infecção antes que a nova medula começasse a pegar. Os médicos esperavam que os resultados do transplante começassem a aparecer na próxima semana — lamentou a mãe.
Segundo Elisabeth, a atleta passou mal sábado, quando foi diagnosticado um sangramento nos pulmões. Na sequência, outras infecções foram surgindo, levando-a para a UTI. Ela garantiu que o problema da filha não foi resultado de problemas do transplante, mas dos riscos decorrentes do procedimento, no qual é necessário suprimir todos os glóbulos brancos que defendem o organismo para evitar a rejeição da nova medula.
— Só tenho de agradecer aos médicos. Ela não sabia se ia conseguir (sobreviver ao transplante), mas resolveu tentar. Fez o que podia, infelizmente não deu — disse, resignada.
Em Blumenau, amigos e técnicos lamentam
O início da carreira de Michelle Splitter marcou o esporte blumenauense e deixou lembranças inesquecíveis em quem conviveu com a garota alta e meiga, sempre definida por todos como um exemplo a seguir.
— Era a menina que todo pai gostaria de ter como filha. Uma pessoa meiguíssima, muito atenciosa, delicada e carinhosa. Em termos de atleta, era fora do comum. Tanto que, mesmo depois de ter passado tudo o que enfrentou no primeiro tratamento da leucemia, ela ainda conseguiu ir à Seleção Brasileira — orgulha-se o treinador de basquete Gerson Reiter.
Ele e Michelle trabalharam juntos no Vasto Verde de janeiro a dezembro de 2003, quando ela foi campeã estadual na categoria mirim. O talento mesclado com garra e força de vontade foram inesquecíveis para o treinador.
— Treinávamos quatro vezes por semana e a convivência era a melhor possível. Naquele ano, Michelle foi o destaque. Ganhamos o Catarinense graças a ela, que fez uma média de 27 pontos por partida. Era uma menina exemplo — recordou.
As qualidades saltavam aos olhos também do técnico Álvaro Portugal, que apesar de não ter treinado Michelle, acompanhou de perto o desenvolvimento dela.
— Nós fomos aos campeonatos estaduais juntos. Ela tinha todo o perfil para ter muito sucesso. Por onde passou, foi vitoriosa. Sinto muito, porque conheço a família dela, todos envolvidos com o basquete. A perda é uma lástima muito grande para o esporte brasileiro. Era uma menina que tinha um futuro imenso — lamentou.
A professora de basquete Lizane Vieira conheceu Michelle quando a atleta estudou na Escola Barão do Rio Branco. Foram quatro anos de convívio. Brinca que, aos 11 anos, a garota era bastante tímida por ser muito alta em relação às outras meninas da 5ª série. Foi então que a convidou para fazer parte da equipe mirim, e logo a paixão pela modalidade se revelou.
— Ela gostava de estar em quadra. Era uma menina incrível, ninguém conseguia nem brigar com ela. Era calma e falava pouco, mas sempre muito querida com as outras companheiras e muito humilde, apesar do destaque que já tinha — contou Lizane.
Quem reforça o mesmo testemunho é Bárbara Schwämmle, que jogava no mesmo time de Michelle. Hoje com 18 anos, a jogadora lembra da amiga e companheira dos tempos de Estadual como "uma criança grande e espoleta":
— Para mim ela sempre foi um exemplo. Treinamos e fomos campeãs juntas, ela foi a cestinha. Michelle sempre foi uma pessoa muito doce: mau-humor para ela não existia.
A amizade se manteve apesar da distância. Bárbara conversava com a amiga pela internet durante o período de tratamento em Campinas (SP), e conta que a doença nunca abalou Michelle, que programava visitar Blumenau em março.
— Ela chegou a combinar um reencontro da turma de 2003, para relembrar os tempos de campeonato, e pediu para eu ir entrando em contato com o pessoal para rever a todos. Por isso quando eu soube (do falecimento) não acreditei. Sempre vai ficar gravada em mim essa força positiva dela — emocionou-se.
Fonte: Diário Catarinense
Cerca de 300 pessoas compareceram ao sepultamento e houve uma salva de palmas no momento da despedida. Entre os presentes, estavam Gerasime Nicolas Bozikis, o Grego, presidente da Confederação Brasileira de Basquete; André Alves, gerente de seleções; Oscar Archer, presidente da Federação Catarinense de Basquete; além de jogadores e ex-jogadores das seleções masculina e feminina.
— O basquete está de luto. Perdemos uma atleta bonita física e intelectualmente, com um caráter excepcional. Era uma jogadora que com certeza estaria convocada para a próxima seleção olímpica. Tivemos um pequeno momento de alegria quando ela deu uma melhorada e jogou em Cuba. Parece que Deus fazia uma despedida. Mas com certeza o Tiago Splitter vai buscar esta medalha para dedicar a ela. A luta continua para a família e para a seleção de basquete — declarou Grego à repórter Andrea Artigas, do Jornal de Santa Catarina.
Uma bandeira da confederação e a camiseta utilizada pela jogadora durante uma série de amistosos do Brasil contra Cuba, em fevereiro de 2008, estavam sobre o seu corpo. Os jogos realizados em Havana marcaram a despedida de Michelle da seleção, já que um mês depois, em março, a doença retornou com mais força.
Família unida pela força de Michelle
O pai Cássio, a mãe Elisabeth e os irmãos Tiago e Marcelo sempre estiveram ao lado dela. E foi assim, unidos, que eles se despediram de Michelle Splitter, 19 anos, uma menina que aprendeu cedo a batalhar pela vida e deixou de luto não apenas o esporte, mas toda a comunidade blumenauense.
O jogador da Seleção Brasileira Tiago Splitter, de 2m10cm, por alguns instantes se encolheu. Ajudou a carregar o caixão até a capela e chorou ao lado da família e amigos a morte da irmã após uma incansável luta contra a leucemia. O local ficou restrito aos mais íntimos por cerca de meia hora, enquanto uma fila se formava do lado de fora.
O transplante de medula foi mais uma entre tantas tentativas de salvar a jovem, que teve a doença diagnosticada aos 14 anos. No dia 14 de janeiro, após uma grande campanha promovida pela família para encontrar um doador, Michelle foi submetida a um transplante de medula óssea no Centro Boldrini, em Campinas, uma das instituições mais respeitadas no país no tratamento de câncer infantil.
— Infelizmente, ela contraiu uma infecção antes que a nova medula começasse a pegar. Os médicos esperavam que os resultados do transplante começassem a aparecer na próxima semana — lamentou a mãe.
Segundo Elisabeth, a atleta passou mal sábado, quando foi diagnosticado um sangramento nos pulmões. Na sequência, outras infecções foram surgindo, levando-a para a UTI. Ela garantiu que o problema da filha não foi resultado de problemas do transplante, mas dos riscos decorrentes do procedimento, no qual é necessário suprimir todos os glóbulos brancos que defendem o organismo para evitar a rejeição da nova medula.
— Só tenho de agradecer aos médicos. Ela não sabia se ia conseguir (sobreviver ao transplante), mas resolveu tentar. Fez o que podia, infelizmente não deu — disse, resignada.
Em Blumenau, amigos e técnicos lamentam
O início da carreira de Michelle Splitter marcou o esporte blumenauense e deixou lembranças inesquecíveis em quem conviveu com a garota alta e meiga, sempre definida por todos como um exemplo a seguir.
— Era a menina que todo pai gostaria de ter como filha. Uma pessoa meiguíssima, muito atenciosa, delicada e carinhosa. Em termos de atleta, era fora do comum. Tanto que, mesmo depois de ter passado tudo o que enfrentou no primeiro tratamento da leucemia, ela ainda conseguiu ir à Seleção Brasileira — orgulha-se o treinador de basquete Gerson Reiter.
Ele e Michelle trabalharam juntos no Vasto Verde de janeiro a dezembro de 2003, quando ela foi campeã estadual na categoria mirim. O talento mesclado com garra e força de vontade foram inesquecíveis para o treinador.
— Treinávamos quatro vezes por semana e a convivência era a melhor possível. Naquele ano, Michelle foi o destaque. Ganhamos o Catarinense graças a ela, que fez uma média de 27 pontos por partida. Era uma menina exemplo — recordou.
As qualidades saltavam aos olhos também do técnico Álvaro Portugal, que apesar de não ter treinado Michelle, acompanhou de perto o desenvolvimento dela.
— Nós fomos aos campeonatos estaduais juntos. Ela tinha todo o perfil para ter muito sucesso. Por onde passou, foi vitoriosa. Sinto muito, porque conheço a família dela, todos envolvidos com o basquete. A perda é uma lástima muito grande para o esporte brasileiro. Era uma menina que tinha um futuro imenso — lamentou.
A professora de basquete Lizane Vieira conheceu Michelle quando a atleta estudou na Escola Barão do Rio Branco. Foram quatro anos de convívio. Brinca que, aos 11 anos, a garota era bastante tímida por ser muito alta em relação às outras meninas da 5ª série. Foi então que a convidou para fazer parte da equipe mirim, e logo a paixão pela modalidade se revelou.
— Ela gostava de estar em quadra. Era uma menina incrível, ninguém conseguia nem brigar com ela. Era calma e falava pouco, mas sempre muito querida com as outras companheiras e muito humilde, apesar do destaque que já tinha — contou Lizane.
Quem reforça o mesmo testemunho é Bárbara Schwämmle, que jogava no mesmo time de Michelle. Hoje com 18 anos, a jogadora lembra da amiga e companheira dos tempos de Estadual como "uma criança grande e espoleta":
— Para mim ela sempre foi um exemplo. Treinamos e fomos campeãs juntas, ela foi a cestinha. Michelle sempre foi uma pessoa muito doce: mau-humor para ela não existia.
A amizade se manteve apesar da distância. Bárbara conversava com a amiga pela internet durante o período de tratamento em Campinas (SP), e conta que a doença nunca abalou Michelle, que programava visitar Blumenau em março.
— Ela chegou a combinar um reencontro da turma de 2003, para relembrar os tempos de campeonato, e pediu para eu ir entrando em contato com o pessoal para rever a todos. Por isso quando eu soube (do falecimento) não acreditei. Sempre vai ficar gravada em mim essa força positiva dela — emocionou-se.
Fonte: Diário Catarinense
2 comentários:
Descanse em paz, menina. Uma perda irreparável!!!
Paulista
TE AMO PARA SEMPRE!!
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