sexta-feira, 21 de janeiro de 2005

Torneio, com Ourinhos campeão, tem o placar mais baixo da história

Bola menor faz Nacional feminino ficar "europeu"

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A bola é menor e teria que entrar no aro com mais facilidade. Porém, o Nacional-04, que viu o título inédito do Ourinhos, teve os placares mais baixos da história. Nunca o campeonato teve média inferior a 70 pontos por equipe a cada jogo. Nesta temporada, a estatística caiu para 67,9 pontos.
Tal fato fez o Nacional se assemelhar ao basquete europeu, conhecido pelas defesas aguerridas e pelos ataques pouco produtivos.
Para comparar, no Nacional-03 os times faziam 73,3 pontos a cada confronto. "As jogadoras estranharam a nova bola. É mais difícil de dominar. Acho que a bola pesou", afirma Antonio Carlos Vendramini, treinador do Ourinhos.
Pesou menos nas mãos das atletas. A Fiba (Federação Internacional de Basquete) estabeleceu, no ano passado, novas medidas para as bolas do feminino, que se diferenciaram das que são usadas no masculino.
A dimensão caiu de 74,9 cm a 78 cm para 72,4 cm a 73,7 cm. O peso também diminuiu, de 567 g a 650 g para 510 g a 567 g. "Acho que os jogos ficaram mais rápidos, e os erros também aumentaram", aponta Norberto da Silva, o Borracha, técnico do São Caetano, terceiro colocado do torneio.
Dificuldade maior ou não, os placares centenários estão cada vez mais raros.
No Nacional-04, por exemplo, só duas partidas atingiram a marca. Ourinhos e Americana, os finalistas, são os autores da proeza.
Em 2003, seis jogos chegaram aos cem pontos ou mais. O torneio de 2001, o mais ofensivo de todos, teve 16 duelos com placar centenário -a média da disputa foi de 81,7 pontos por equipe.
Nem todos apontam a bola como a vilã. Para Paulo Bassul, que comanda o Americana, vice-campeão nacional, com exceção de Janeth, não há mais grandes cestinhas na competição.
"Muitas jogadoras, como Paula, Hortência e Karina carregavam a pontuação. Hoje só a Janeth tem esse diferencial", analisa Bassul.
Para ele, isso fez com que os clubes repensassem seus esquemas táticos. "Quando você não tem o ataque, aposta na defesa."
Janeth, 35, cestinha de cinco das sete edições do Nacional, afirma que não estranhou a nova bola por causa de sua semelhança com a que já é utilizada na WNBA.
"No começo as outras jogadoras estranharam. Mas a bola menor é mais fácil de dominar. Além disso, não precisa usar tanta força. É mais técnica", comenta ela.

Campeão fica sem Janeth e pode perder pivô


DA REPORTAGEM LOCAL

Campeão do Nacional, o Ourinhos se mobiliza para manter seu elenco. Um desfalque é certo para o Estadual-05: Janeth deve acertar com algum time da WNBA.
"O Kevin Cook [assistente do Houston] deve vir ao Brasil no dia 29 para discutir um contrato", afirma Karine Baptista, agente de Janeth.
Segundo a empresária, a ala também teve proposta de Sacramento, New York e Connecticut. "Ela não jogará o Paulista, mas quer voltar ao país para o Nacional."
Outra jogadora assediada é a pivô Lígia. Ela pode se transferir para um time da segunda divisão espanhola.
O técnico Vendramini se reúne com a diretoria do Ourinhos amanhã. O treinador quer manter todas as jogadoras do elenco. (ALF)


Fonte: Folha de São Paulo

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