domingo, 22 de agosto de 2004

Ganhar de muito ou entregar o jogo é o dilema da seleção ante a Austrália

DO ENVIADO A ATENAS

Para evitar um confronto prematuro com os EUA, a seleção feminina busca hoje repetir, no torneio olímpico de basquete, um feito de 37 anos atrás. A equipe precisa bater a Austrália por 15 pontos de diferença para terminar em primeiro no seu grupo.
Caso contrário, pode entregar a vitória para ficar em terceiro na chave. Em ambos os casos, evitaria as americanas antes de um hipotético confronto pelo ouro.
"Se der, vamos buscar a primeira colocação. Mas ganhar de cinco pontos não é vantagem. Não seria interessante cruzar com as americanas na semifinal", admite Janeth, que pondera: "É uma decisão que cabe à comissão técnica".
A única vez que o Brasil bateu a Austrália por 15 pontos ou mais de diferença foi no Mundial-67, quando venceu por 74 a 58. Desde então, em Mundiais ou Olimpíadas, foram seis vitórias para a Austrália e uma para o Brasil.
Em Olimpíadas, a seleção perdeu as duas partidas que fez contra a Austrália, ambas em Sydney. No último confronto, porém, no Mundial-02, a equipe comandada pelo treinador Antonio Carlos Barbosa venceu por 75 a 74.
Repetir aquele resultado, agora, não interessa. "Acho que temos que pensar no torneio inteiro. É mais interessante pegar a Espanha nas quartas-de-final", diz Janeth, que lamenta a situação. "Isso aconteceu porque a Rússia perdeu para a Austrália por 19 pontos. Não foi um placar normal."
Se o Brasil passar pela Austrália, haverá um tríplice empate na primeira colocação. Nesse caso, o critério de desempate é o saldo de pontos do confronto direto entre Austrália, Brasil e Rússia.
O problema é que as australianas estão com saldo de 19. Já o Brasil, que perdeu para as russas, está com um débito de dez.
A Rússia, com um saldo negativo de nove pontos, não tem mais chance de ficar na ponta. Além disso, depende do Brasil para definir sua colocação no grupo.
"Não vou colocar as jogadoras na quadra para perder", afirma Barbosa, contestando Janeth.
As australianas são, junto com os EUA, as únicas invictas no torneio. O time foi vice em Sydney-2000 e medalha de bronze no Mundial da China-2002. (ADALBERTO LEISTER FILHO)

FRASE

Se a equipe estiver bem, vamos buscar os 15 pontos. Mas, se estiver difícil, não vale a pena o esforço

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JANETH ARCAIN ala da seleção

ESTATÍSTICA

Partida tem duelo de melhores ataques do torneio olímpico
DO ENVIADO A ATENAS

Brasil e Austrália estão próximos em quase todos os fundamentos estatísticos. Se as australianas contam com a cestinha do torneio, Lauren Jackson, com média de 23,3 pontos por jogo, as brasileiras têm Janeth, 19,3.
"O trio formado por Lauren Jackson, Penny Taylor e Kristi Harrower merece marcação especial", diz o técnico Barbosa.
Auxiliado pela boa vitória sobre o Japão na estréia (128 a 62), o Brasil tem o melhor ataque do torneio. A equipe faz, em média, 91 pontos por jogo. A Austrália está em segundo, com 83,5.
Na defesa, no entanto, o time dirigido por Jan Starling é melhor: leva 61,8 pontos por confronto. O Brasil sofre 69,3.
Nos arremessos de quadra, novamente as adversárias de hoje se emparelham. As brasileiras, que desperdiçaram muitos tiros nos dois últimos jogos, contra Rússia e Nigéria, são as líderes no fundamento, com 49,1% de aproveitamento. O time australiano vem logo atrás, com 45,9%. Até nos arremessos de três os times se equivalem. O Brasil tem 34,3% de acerto em suas tentativas. A Austrália aparecem com 33,8%.
"Acredito que o Brasil e a Austrália são bastante parecidos. Vai ser um duelo difícil", analisa Barbosa. (ALF)


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NA TV - Band, Globo, ESPN Brasil, Sportv Brasil, ao vivo, às 8h30


Fonte: Folha de São Paulo

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