domingo, 3 de agosto de 2003

E o samba foi ritmo da festa na terra do Merengue

Por João Claudio de Lima Junior
Enviado especial ao Pan




Santo Domingo, 03 de Agosto de 2003.

Bem, se a estréia foi nervosa e a seleção não brilhou tanto como eu, particularmente, esperava, hoje a situação foi bem diferente, principalmente a partir do segundo quarto, onde a equipe pôde se soltar mais e demonstrar tudo o que sabe dentro de quadra.

O jogo começava nervoso, apesar de uma clara supremacia rítimica dentro e fora da quadra. A ajuda de uma torcida organizada, patrocinada por uma companhia de celular ajudou bastante a irritar as hermanas argentinas desde a subida da bola laranja e animar o time brasileiro, que no entanto não estava tão empolgado a princípio.As meninas, como no jogo passado contra o Canadá, erravam bolas simples e as faltas de Alessandra fizeram com que Barbosa a poupasse, retirando assim o único nome a ser comentado no primeiro quarto. As argentinas, no entanto, tampouco demonstravam inspiração o que nos fazia respirar mais aliviado.

Barbosa voltou a usar Mamá, desta vez mais cedo que antes, no entanto a razão defensiva da jogadora não se explicava, já que a seleção vizinha não joga baseada em destaques individuais e depende muito do seu conjunto para vencer o esquema defensivo do Brasil, portanto Mamá não se destacou como outrora. No final do primeiro quarto, o técnico voltou a mexer, usando Líliam em lugar de Caé, Víviam em lugar de Silvinha e Kelly no lugar de Alessandra. A equipe teve um pequeno ajuste com as mudanças e Barbosa manteve o quinteto pro segundo quarto.

Com o comando de Adrianinha, a boa atuação defensiva da equipe e a ação ofensiva e defensiva das pivôs o Brasil teve a calma necessária para abrir uma vantagem no segundo quarto o que foi suficiente para que o ginásio, empolgado pela simpatia da pequena e barulhenta torcida brasileira, viesse abaixo em aplausos e gritos frenéticos pelas jogadoras.

Entre comentários jocosos de dominicanos leigos em matéria de basquete, principalmente feminino, ouvia-se no intervalo do primeiro para o segundo tempo:

- Dios! Pero esa bajita se mueve mucho...........(refenrindo-se a Adriana Pinto, nossa Adrianinha, grande musa da torcida no Panamericano de Santo Domingo.

- Esa grandota es explosiva, pobre de la pequeñitas argentinas….(referindo-se a “gigante Alessandra”)

- Ese equipo sólo tiene manganzonas.(palavra usada para referir-se a mulheres grandes. Usando isto em comparação a diferença de porte físico entre as seleções do Brasil e Argentina).

Na volta do vestiário pra quadra, novamente o ginásio ovacionava a seleção que já se mostra como a preferida do público, despois das anfitriães, claro!!!

Todo este clima carnavalesco que imperva em quadra fez com que a seleção deslanchasse no ataque, mas com grande impenho defensivo. E se alguém, erroneamente, no comentário de ontem dizia que Silvinha era candidata a banco, hoje a guerreira, fazendo apologia ao seu nome, iluminou-se e simplesmente detonou, atraindo a toda imprensa brasileira e internacional depois do jogo.

Com a vantagem clara no placar, Barbosa se sentiu mais a vontade e pôde usar as reservas um pouco mais, destacando-se Kelly, Líliam e Ega.

No final tudo foi samba, suor e muita festa por parte das jogadoras, que inclusive cantaram e dançaram com a torcida no final do jogo.

Comentários individuais:

Alessandra: Cada dia que passa ganha mais ritmo de jogo e se demonstra como única pivô absoluta dessa equipe. Com a defesa melhor no jogo de hoje, Alessandra não deu chance para as Argentinas no rebote e apesar de um pouco falha ofensivamente no jogo depois do primeiro quarto, apresentou-se, no geral, brilhantemente. Nota:9.2

Cintia Tuiu: Estava mais ativa no jogo de hoje, mas precisa cometer menos faltas para poder produzir mais. Na posição quatro a jogadora acaba tornando-se mais uma ponte de passagem da bola do que propriamente uma atacante. Na defesa não esteve tão precisa, apesar de que sua atenção e físico acabam falando por si sós dentro do garrafão. Nota:8.0

Micaela: Só jogou praticamente no primeiro quarto, já que sua suplente direta, Líliam, entrou bem na partida. Não foi destacável, mas teve lances isolados interessantes, porém não parece nem um pouco frustrada, já que sua animação no detalhe do samba no final do jogo foi admirável. Nota: 6.4

Silvinha: Deu um cala boca em críticas. Apesar de não ter sido espetacular no primeiro tempo, arrasou no segundo e foi a grande responsável por incediar a equipe, conduzindo-a a um golpe frio e letal nas adversárias.
Nota: 9.2


Adrianinha: Amada pela torcida dominicana e reconhecida pelos críticos locais, Adrianinha não deu o espetáculo de ontem, mas não deixou de ser o cérebro da equipe e usar sua liderança na hora certa. Mostra cada vez mais maturidade e segurança. Seu domínio com a bola e amizade com as companheiras, parecem fazer de Adrianinha uma grande líder, responsável de grande parte do volume e sucesso da equipe junto a experiente Alessandra. O jogo fácil no final deu espaço a sua suplente direta Jacq Godoy.
Nota:9.1

Kelly: Jogadora fundamental para o esquema ofensivo do Brasil. Kelly vem usando muito bem o seu físico no ataque e hoje esteve muito atenta na defesa e apesar de Tuiu deter o direitos de titularidade do garrafão junto com Alê, Kelly seria uma opção muito inteligente para o quinteto inicial.
Nota:8.8

Mamá: Não repetiu a boa atuação do primeiro jogo. Incerta no ataque, oscilante numa defesa individual não tão necessária, fez com que a jogadora cometesse muitas faltas e se apagasse. A pior atuação da equipe em meu parecer. Contra uma equipe com destaques mais individuais como Cuba, Mamá poderá ser melhor utilizada.
Nota:6.0

Líliam: Não foi espetacular sua atuação, precisou Barbosa chamar sua atenção para que ela destravasse um pouquinho mais seus chutes, ocasionando mais erros, é verdade, porém dando-lhe mais consistência e volume de jogo. Dá gosto ver que Líliam não é mais a jogadora monótona de arremessos de três. Líliam mostrou um grande empenho defensivo e neste sentido qualquer elogio é pouco, já que entendo que essa é uma grande evolução, pois não via essa característica no jogo dessa menina.
Nota:8.5

Víviam: Como Mamá, não repetiu a boa atuação do primeiro jogo e errou demais, deixando Barbosa, algumas vezes sumamente irritado. No entanto sinto uma Víviam menos vacilante nesta seleção e acho que ela seria uma boa escolha, visando o pré-olímpico, pois continua com bom trabalho defensivo e seu volume de jogo chega a irritar as adeversárias, o que chamamos de um verdadeiro carrapato e daqueles bem atrevidos.
Nota:7.5

Jacqueline Godoy: Acho que poderia ter ido melhor, para ser-lhes sincero. Foi vacilante algumas vezes e em outras ostentou jogadas desnecessárias e que muitas vezes a levou ao erro. Porém a senti mais satisfeita hoje, porque acredito que psicológicamente foi a primeira vez desde a convocação que fez parte desta seleção e acho que ficou mais alegre, já que ontem estava muito frustrada pelo pouco tempo que ficou em quadra. Talvez se Barbosa, manda-se Adrianinha pra posição dois, dando mais espaço pra Godoy o Brasil seria mais criativo e criaria outras interessantes opções de ataque, mas as boas atuações de Adrianinha na posição, creio que não incentivarão tal mudança!
Nota:6.9

Ega: A simpaticíssima Ega mostrou que não está tão abaixo, como se pensava, das outras pivôs “internacionais”. Com seus braços largos pegou alguns rebotes e demonstrou muita finura defensiva. Um pouco mais de experiência internacional a fariam uma grande opção nesta seleção, apesar de alguns erros bobos cometidos.
Nota:7.7

Renata: Desta vez ficou de fora do jogo, o que eu, particularmente acho um absurdo já que a jogadora poderia ser testada nesta oportunidade, ganhando um jogo por 43 pontos.

Barbosa: Menos preso a um quinteto, continua usando as armas dentro da batalha. Pediu tempo em momentos certos e fez da equipe uma equipe mais intensa e homogênea, mesmo cometendo alguns erros básicos e normais. Parece que a panelinha dentro da seleção acabou ou está acabando.
Nota: 8.5

Resumindo foi um jogo fácil, mas com um começo raro, a equipe não pode bobear, principalmente contra equipes de mais nível, se bem que pra quem teve a oportunidade de ver os começos dos jogos entre Cuba e Estados Unidos e Cuba e República Dominicana, diriam que a seleção brasileira é mais que favorita ao título, mas como a gente sabe, em basquete não há cegos, principalmente em se tratando da experimentada seleção Cubana, por isso temos que seguir e melhorar!!!!!!!

Avante Brasil!!!!

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