segunda-feira, 20 de junho de 2016

Palavras de um observador desanimado sobre o basquete feminino nos Jogos do Rio 2016

Não parece, mas estamos bem perto das Olimpíadas, como lembrou ontem a definição dos grupos olímpicos.



Não escrevo já há algum tempo e estou vendo os Jogos chegar sem que a animação das edições anteriores me contagie ou mande lembranças. Não porque preveja catástrofes, até por ser difícil derrocada maior do que as participações de Pequim (2008) e Londres (2012), mas uma combinação de fatores e acontecimentos recentes na condução do basquete feminino me transformaram num observador rabugento e pessimista com o futuro da modalidade e inconformado com o abandono das novas gerações e a falta de organização e planejamento.

Como já disse, pretendo não me alongar sobre o trabalho de Barbosa. Pelo que vi até agora, o efeito mais interessante da sua chegada foi psicológico. Percebe-se o grupo mais disposto, distante da apatia do ano Colinas e do nervosismo paralisante dos anos Zanon. Dentro de quadra não percebo mudanças e eu não esperava mesmo por elas.



Sobre a composição do grupo, as lembranças mais óbvias são do trabalho de Enio Vecchi, com o qual Barbosa compartilha nove atletas que estiveram em ação na dupla Pré-Pan em 2011. A essas nove, soma-se uma remanescente do trabalho de Tarallo (Joice Rodrigues), duas veteranas que frequentaram a seleção no ano passado (Karina Jacob e Kelly) e um quarteto que Zanon conseguiu impor (Tainá, Tatiane, Ramona e Patrícia). 

Hoje parece evidente que nunca houve um planejamento elaborado para a preparação da seleção feminina. Minha impressão à distância é que há um esforço grande da coordenadora Adriana Santos desde que assumiu, mas as condições desfavoráveis do país e da confederação geraram um calendário anêmico de amistosos, com grandes pausas para treinos.

Os amistosos com equipes masculinas, recurso crônico das seleções femininas diante do intercâmbio magro, são pouco úteis na criação de um padrão de jogo e treinamento de jogadas. Com jogadoras pressionadas pela desvantagem física, o mais comum é o apelo ao glorioso salve-se-quem-puder.

Acredito que isso faça a seleção chegar aos Jogos ainda distante do ideal e em desvantagem em relação às equipes que disputaram o Pré-Olímpico Mundial. 

Em tempo curto, a seleção brasileira ainda precisará torcer novamente para que a troca de posição de uma de suas melhores jogadoras (Damiris) dê certo e para que a condição de protagonistas de Érika e Clarissa se restabeleça. Ambas cumprem temporada no Chicago Sky com pouco tempo de quadra (especialmente Clarissa) e sendo pouco acionadas no trabalho ofensivo do time.

A definição do grupo na competição também não muda muito o estado de espírito dos realistas. É, sem dúvida, um grupo difícil. Minha metade otimista apenas relembra que o momento da modalidade é tão fraco que os países tem assumido descaradamente a penúria técnica e se lançado às naturalizações de atletas  estrangeiras como tábua de salvação. Ou seja, está difícil para o Brasil, mas os adversários não estão muito adiante.

O Brasil estreia no dia 06 de agosto contra a Austrália, adversário em queda no cenário mundial, mas contra quem o retrospecto brasileiro é terrível. 

Depois de uma folga, a seleção faz jogo fundamental contra o Japão no dia 08. A promessa é que se encontre um time diferente daquele do Mundial de 2014 (vitória do Brasil por 79 a 56), revigorado pelo título continental, mas com altos e baixos nos amistosos preparatórios. As duas equipes devem se encontrar em amistoso antes do torneio, o que preocupa pela previsibilidade do jogo brasileiro.



No dia seguinte, duelo contra a Bielorrússia, seleção que segue apoiada na sua boa dupla de pivôs, mas que tem como maior trunfo a naturalização da boa armadora americana Lindsey Harding, nome anteriormente analisado por Hortência para jogar pela seleção brasileira.

Nova folga e a seleção enfrenta no dia 10 a França, adversário contra qual o retrospecto recente é ruim para o Brasil e contra quem os amistosos em dez dias devem clarear o prognóstico.

No dia 13, a participação na primeira fase é encerrada contra a Turquia, time relativamente homogêneo, no qual o destaque é também MADE IN USA: a pivô Lara Sanders. A seleção se afirma por uma defesa agressiva, que permitiu apenas 43 pontos em média aos adversários no Pré.

A sorte está lançada e infelizmente o basquete feminino depende muito dela e do possível impacto positivo de jogar em casa.

No plano da ação, é triste perceber o desprezo e o despreparo com que a modalidade é tratada.

É terrível a falta de atenção com a qual a preparação da seleção sub-17 (de enorme potencial) para o Mundial foi tratada.



Se isso parece muito difícil para a CBB, nem em assunto bem mais simples e pontual há movimentação. Sem entrar no mérito da questão, mas comenta-se nos bastidores que a americana Erica Wheeler, duas temporadas na LBF e atualmente em seu desempenho mais destacado na WNBA, veria com bons olhos um convite para naturalizar e defender o país em competições futuras. Nem sobre isso é possível esperar ao menos boa-vontade.

Por isso tudo, olho com desconfiança extrema para esses Jogos, nos quais mesmo um surpreendente bom resultado parece ser pequeno para oferecer sobrevida, respeito ou reorganização ao basquete feminino. Olhando para o futuro, o presente parece pouco amigável.

Que os deuses olímpicos me desmintam e me coloquem de castigo até os Jogos de 2028 por um post assim tão sem esperança às vésperas dos Jogos.

Boa Olimpíada, meu povo!

15 comentários:

MARCOS disse...

PERFEITA ANÁLISE,

Anônimo disse...

Apenas um post realista. "Sonhar" com algo bom para o basquete feminino da forma como ele vem sendo administrado é delirar. É impossível? Não, mas é pouquíssimo provável que aconteça. Como disse a Magic Paula num entrevista, pode ser que uma vitória inesperada aconteça e a equipe brasileira se empolgue e comece a ganhar, como pode ser que o Brasil sinta um derrota e não ganhe de mais ninguém. É assim. As coisas vão acontecer por acaso, na base da empolgação ou no desânimo das atletas. Trabalho bem planejado? Série de amistosos fortes? Preparação digna de um anfitrião olímpico? Nada do que seria necessário aconteceu, como era de se esperar em se tratando de CBB.

Anônimo disse...

1 vcs queriam que o barbosa ficasse fora do comando ok

2 entrou bassul ...........................

3 ... Enheio............................

4 .... Colinas ........

5 .. Zanon...................

e agora volta o BARBOSA PRA SEGURAR ESSE ROJÃO , NÃO CULPO NINGUEM O BASQUETE NÃO MUDOU NADA DE QND COMEÇOU ATÉ HOJE QUAL E O INTUITO E FAZER CESTA NÉ, ENTÃO OLHEM O GRAFICO E VERIFICA SE ESTA PARECENDO COM SIDNEY HUMMMMMM

Anônimo disse...


ANONIMO

FALTOU O TARALLO!!!

Anônimo disse...

Não vejo os amistosos contra equipes masculinas de forma ruim (até vencemos dois). Poderia ser um exercicio para um um jogo contra a seleção dos EUA, por exemplo.. mas pra isso teriamos que ter os aspectos táticos bem definidos, o que a gente sabe que não acontece. De fato vão pros amistosos como um "salve-se quem puder". Uma pena!

Anônimo disse...

O fato é que ninguém chega preparado para uma Olimpíada jogando seis partidas amistosas em dois meses. São 3 jogos por mês. Nenhuma equipe do mundo ganha ritmo de jogo jogando apenas 3 vezes em 30 dias. Não funciona. Não existe. O que os países sérios vão fazer é jogar pelo menos 10 partidas em dois meses até as Olimpíadas. Querem fazer mágica para que uma equipe com um longo histórico de péssimos resultados internacionais chegue nas Olimpíadas voando em quadra, super entrosada, com atletas adaptadas em funções que nunca jogaram antes. Tudo isso testado, alcançado e garantido com apenas três jogos amistosos contando com o elenco completo. Acredita nisso quem quiser, mas dá até vergonha, além de revolta de quem realmente gosta do basquete feminino.

Anônimo disse...

Não sei se a Damiris irá ser uma boa ala 3, visto que ela não tem a mobilidade necessária para desempenhar bem essa função. AS alas 3 são geralmente rápidas pegam rebotes regularmente, roubam e também assistem as companheiras, ou seja, tem que ser bem completa, pois é ponto de apoio das ala-pivôs e das alas-armadoras. Apesar de achar a Damiris super esperta, dedicada e ser uma jogadora que assimila rápidos os conceitos, talvez ela não consiga acompahar a rapidez da Maya Moore, Penny Taylor, Tamara Thartam, Mas talvez consiga acompanhar Alba Torres,

Flavio disse...

Brasileiro é fogo mesmo em matéria de julgar o próximo e pensamento negativo é Expert . É mais fácil não ter um pensamento positivo com relação a seleção , é mais fácil não acreditar que elas podem surpreender mais estamos cometendo um erro muito grande em não acreditar nelas . As jogadoras estão treinando praticamente desde que acabou a LBF disputou 3 amistosos contra Cuba , tudo bem Cuba incompleta mais nós tb estavamos sem Damiris , Erika e Clarissa . Jogaram um sulamericano contra Argentina , Venezuela e Cuba que levaram surra no pré olimpico mais fizeram jogos bons contra as equipes Europeias principalmente a Venezuela . O Brasil surrou elas tb mais as nossas vitórias contra elas não valem só as da Europa tem valor ? Iremos fazer 3 amistosos contra a França completa e não 2 como disseram , as meninas estão fazendo amistosos contra times masculinos e estão indo bem , ou alguém aqui acha que pegar a Espanha e colocar pra jogar contra o time de Limeira masculino sub 18 ganha? Enfim nós estamos nos esquecendo que quem entra na quadra pra jogar são elas e elas estão TRABALHANDO DURO pelo que dá pra perceber acho que só por isso nossa seleção merece um pouco mais de apoio não é o Vanderlei o Carlos Nunes que vão entrar na quadra pra disputar medalha . Só pessimismo não vai tirar nosso basquete feminino dessa situação . Acredito que o Brasil mesmo sem Érika e Clarissa fará jogos bons contra a França e se ganhar algum melhor ainda .

Anônimo disse...


ANONIMO

NOSSA FINALMENTE UM COMENTARIO POSITIVO, SEM MÁGOAS,FRUSTAÇÕES,RECALQUES,INVEJA E PESSIMISMO!!!DIFICIL SABEMOS QUE SEMPRE É,FICA CLARO A BOA VONTADE E DISPOSIÇÃO DE TODOS DESTA SELEÇÃO,SEM PELO MENOS O INCENTIVO E COMENTARIOS POSITIVOS,VAMOS ESPERAR O QUE ??BEM COLOCADO, NÃO É O VANDERLEI NEM O CARLOS NUNES QUE VÃO JOGAR!!

Anônimo disse...

Eu acredito no Brasil estou otimista que ganharemos uma medalha.

Anônimo disse...

Eu acredito, tenho certeza absoluta aliás, que a seleção brasileira vai vencer a França, Austrália, Turquia e vamos ficar em primeiro lugar no grupo. Vamos humilhar o Canadá nas quartas. Nas semifinais vamos pegar os Estados Unidos e vamos vencer novamente por 110 x 107, igual ao Mundial de 1994. Na final vamos pegar a Espanha e cheias de moral, as meninas do Brasil vão colocar 30 pontos de vantagem na final Olímpica para ganhar a medalha de ouro. Vai Brasiiiiiillllll. Eu acreeditoooo. Eu acreeeditooooo.

Anônimo disse...

Ainda temos que considerar que a Clarissa não está jogando desde que saiu de Americana em Janeiro. Quase não entra em Chicago e a D. Érika está no fim de carreira , perdendo espeço para a boa Rookie Boyette. Assisto os jogos do Chicago e To vendo a Érika mal tratando a bola e amassando o aro. As duas patriotas já deveriam estar aqui treinando. Esse certamente será o último ano da Clarissa na Wnba.

Beto disse...

Para os que ADORAM SUPERVALORIZAR O BASQUETE EUROPEU vejam a performance da Espanha contra a Venezuela . Agora me diz tira a Sancho Lytle desse time pra ver o que acontece .
https://www.youtube.com/watch?v=XUBRAvQf4nI

SÉRGIO/RJ disse...

ESSE ANÔNIMO DAS 10:14 VIVE EM QUAL MUNDO???? TOTALMENTE FORA DA REALIDADE, SEM NOÇÃO NENHUMA DO NÍVEL DE NOSSA SELEÇÃO. TUDO BEM, SONHAR AINDA É POSSÍVEL E NÃO CUSTA NADA NÉ.

Anônimo disse...

perfeito comentário.......o basquete feminino vai ficar em último lugar nas olímpiadas......não vai ganhar de ninguém...esta é a realidade....a sub 17 PERDEU PRO MALI HJ.......tem noção???