quarta-feira, 4 de março de 2015

Brasília Vizinhança paga o preço da carência técnica e, principalmente, das turbulências internas

Foram meses de indefinição. A participação do Brasília Vizinhança na Liga de Basquete Feminino para a temporada 2014/2015 chegou a ser colocada em xeque. Em quadra, logo na primeira partida, a equipe conseguiu bater o Jaraguá (SC), conquistando a vitória inédita na história da competição.

Mas, logo após o triunfo, alguma coisa mudou no clube da EQS 108/109. Enquanto o time perdia o rumo dentro de quadra, o problema maior poderia estar fora dela. Nem mesmo reforços de peso como as ex-seleção brasileira Francielle e Micaela pareciam mostrar força para tirar o time da crise. Isso porque fora das quatro linhas, os problemas pareciam extrapolar questões técnicas como, por exemplo, a ausência de um banco com opções que pudessem suprir as lacunas deixadas enquanto as titulares deixavam a quadra para descansar.

Figura central e idealizadora do projeto que colocou Brasília na elite do basquete feminino nacional, Renata Ribeiro, passou a não ser mais vista com tanta frequência. A versão oficial é de que a então supervisora entrou de férias, curiosamente, com a temporada em curso. Desde então, ela também passou a não mais responder pelo time.

“A minha sensação é de estar com o dever cumprido, apesar de não estar à frente do time. Depois de conseguir o patrocínio, me colocaram de férias. Não indaguei ou questionei a decisão porque era uma diretoria nova. O respeito e o carinho pelas meninas (atletas) continua. Não cabe a mim indagar a decisão porque sou funcionária do clube e apaixonada pelo meu trabalho”, pondera.

Ecos da “saída”

O “sumiço” de Renata causou turbulência no time. Para se ter uma ideia do quão diferente andava o clima, a ala Micaela, um dos alicerces do time na temporada, passou por uma situação inusitada quando ficou internada para operar e se recuperar da cirurgia no joelho direito – necessária após a ruptura do tendão patelar na derrota para o São José (SP), na quinta rodada.

“Fiquei dois dias lá. Duas pessoas do clube foram comigo para lá. Depois, as meninas fizeram uma bolsa para mim, levaram e eu fiquei sozinha. Algumas coisas ficaram faltando, como o meu remédio para insônia. Eu não tinha acompanhante. Mas eu sou grande”, conta Micaela. Ela foi ajudada por pessoas do Hospital de Base.

Presidente do time nega afastamento

O presidente do Vizinhança, Gerson Dias de Lima, que também era figura constante em treinos e jogos do time de basquete feminino adulto, afirma que não houve qualquer tipo de distanciamento.

“Essa é uma matéria tipo política e não vou dar resposta sobre isso. Não houve qualquer tipo de afastamento. Sou o presidente do clube e participo de tudo o que acontece lá. Chego lá todos os dias às 6 ou 7h e saio já de noite”, rebateu.

Quem também comentou a situação foi Antônio Carlos Freire, o Toinha, diretor de esportes do clube. De acordo com o que apurou a reportagem do Jornal de Brasília, ele quem passou a viajar com o elenco para jogos fora do Distrito Federal, versão confirmada por Toinha.

Segundo ele, Renata Ribeiro passou a se tornar incomunicável. O diretor reforça que após inúmeras tentativas frustradas o clube optou por mandá-lo em viagens com o time.

“Depois das férias dela, tentamos entrar em contato, mas ela não nos atendeu. Assim, me dispus a viajar com o time. Precisávamos dar prosseguimento a um campeonato que já havia começado. A diretoria precisava de alguém junto com o time”, frisa o diretor.

“O clube viveu de promessas”

Uma das principais atletas do elenco, a armadora Ariani ressalta que a ausência de Renata fez mal ao time, não só pelo apoio prestado dentro das quatro linhas, mas também fora delas.

“A Renata é uma pessoa que sempre vai ter minha admiração. Quando vim jogar aqui ano passado por Ourinhos (SP) e sabia que a equipe acabaria, sempre disse que era aqui que eu queria jogar, ser tratada como as meninas daqui eram tratadas. Ela nos dava apoio também no âmbito pessoal. Acho que as atletas ficaram mais sozinhas com a saída dela”, ressalta.

A exemplo da temporada passada, algumas jogadoras do plantel foram formadas nas divisões de base do Vizinhança. É o caso da ala/armadora Sarah dos Reis, que, assim como Ariani, lamenta o distanciamento de Renata.

“Com ela (Renata Ribeiro) no comando, estava tudo certo. Com o afastamento dela, o clube viveu de promessas. É triste isso. Sempre gostei muito do clube e essa situação nos deixa bastante chateadas”, dispara a jogadora, que garante estar jogando sem contrato assinado e sem receber salário.

Quem concorda que a ausência de Renata Ribeiro foi ruim é Micaela, mas ciente de que a idealizadora do projeto candango não seria capaz de, por exemplo, mudar os resultados dos jogos.

“A Rê (apelido de Renata entre as jogadoras) estava com a gente o tempo todo. Não vou falar que não faz falta, lógico que faz. Ela era quem fazia tudo para nós. A vi no dia 18 de dezembro e só voltei a vê-la ontem (segunda-feira, no jogo contra Barretos)”, detalha.

Sem prognósticos

Ariani também crê que o período de Renata no clube tenha acabado. “Se ela não nos acompanhou a temporada inteira, acho difícil que ela nos acompanhe agora na reta final”, lamenta.

Elenco enxuto prejudica

A derrota para o Barretos, na segunda-feira, em casa, jogou uma ducha de água fria nas pretensões da equipe brasiliense de chegar aos playoffs. Isso porque o time do Planalto Central ocupa a 9ª posição, com 1 vitória em 15 jogos. O time em oitavo é o Presidente Venceslau (SP), que já venceu cinco vezes.

Por ainda restarem duas rodadas, as paulistas não podem mais ser alcançadas. As duas próximas partidas do Brasília Vizinhança são contra Santo André (SP) e Jaraguá (SC), que fecha a segunda fase, no dia 16.
Entre um dos problemas citados por jogadoras e comissão técnica para a eliminação precoce esteve a falta de jogadoras de maior eficiência no banco de reserva.

Para se ter uma ideia do problema, basta olhar as estatísticas detalhadas de algumas partidas do clube. A ala/armadora Ariani, por exemplo, atuou por 40 minutos nas quatro primeiras vezes em que o time entrou em quadra, ou seja, não teve um segundo de descanso.

O Brasília Vizinhança não precisou procurar apenas uma nova supervisora após o afastamento de Renata Ribeiro.

Outros membros da comissão técnica também deram adeus à equipe, como fisioterapeutas, médicos e até mesmo preparadores físicos.

Contra Americana (SP), que terminou com vitória das paulistas por incontestáveis 120 x 38, até mesmo toalhas estavam em falta.

O item, imprescindível para o conforto das atletas, só foi aparecer com a partida rolando, após pedido do treinador Marco Carvalho.

Na mesma partida, durante tempo técnico, a ala Cacá e a ala/pivô Fran tiveram um desentendimento, gerando revolta de Cacá que, inclusive, chutou uma maleta.

Foi por pouco

Findada a temporada 2013/2014, quando o Brasília Vizinhança terminou na oitava colocação após perder todas as partidas que fez, o time, que pretendia alçar voos mais altos no ano seguinte, passou por maus bocados.

Nem mesmo a chegada de piso, tabela e placar profissionais foram capazes de manter dois patrocinadores fundamentais para as pretensões da equipe.

Foram meses de indefinição. Renata Ribeiro chegou a dar por encerrada a participação de sua equipe na Liga de Basquete Feminino na temporada 2014/2015, mas após algumas negociações, o time conseguiu estar presente no certame.

Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

3 comentários:

Anônimo disse...

Esse time do Brasília desde do ano passado só tem fofoca! Técnico tem que dar treino, atleta tem que jogar, supervisor tem que trabalhar. Essa reportagem está parecendo sensacionalismo de teste de fidelidade do João Kleber, isso não soma nada para o basquetebol feminino, lavar roupa suja na mídia? Por favor todos deste Clube Vizinhança aprendam ser profissionais.

Guilherme disse...

O Trabalho da Renata deveria ser respeitado, ela sempre buscou isso para o nosso VIZI...O Basquete em destaque.
Pessoas que vem aqui anonimamente dizer o que não conhecem é no mínimo duvidoso. No basquete do VIZI do ano passado não existia fofoca, existia trabalho e muito. As pessoas se esquecem que o grupo que estava lá no ano passado, trabalhou de graça para o clube, portanto merecem ainda mais respeito. Não publiquem anonimamente botem a cara a tapa.

Anônimo disse...

Se tem uma pessoa que sempre foi competente e profissional em tudo que faz essa pessoa é Renata Ribeiro.Sempre muito transparente tentando achar soluções para tudo sempre deixando bem claro com as pessoas envolvidas no projeto o que se passava.As dificuldades sempre existiram para manter o basquete feminino ainda respirando,mas pessoas que realmente querem fazer isso virar realidade correndo atras de tudo agregando valores e pessoas competentes são poucos.As vezes me pergunto quanto tempo ainda esses profissionais que se desdobram por esse esporte ainda terão forças para lutar por esse esporte que esta decadente a muitos anos?E difícil responder mas quando vemos projetos maravilhosos não terem o apoio e o respeito necessário é desestimulante ,pois parece que no Brasil não há interesse de ver o crescimento de nossos atletas em geral.Essas pessoas que gostam de criticar por acaso ja pararam para pensar que o atleta brasileiro tem uma vida dura cheio de sacrifícios, faltas , solidão e até mesmo as vezes mesmo lesionados tem que superar sozinhos a dor e tirar forcas de onde nem imaginam que são capazes para representar a equipe que defende. Muitos desses atletas vivem longe de suas famílias e também gostariam de um colo para motivo-los.Eu admiro a Renata porque toda essa falta que os atletas tem ela tenta suprir abraçando cada uma dessas meninas como se fossem filhos.É fácil falar técnico tem que dar treino .atleta tem que treinar etc...mas a verdade é que isso você pode falar quando esta num País desenvolvido que pode oferecer isso para uma equipe profissional.Mas no Brasil tudo é amador .Então o que temos que fazer é sempre apoiar qualquer atleta que encontrarmos pela frente .Parabéns Renata por ser como você é.
Espero que essas coisas ditas no jornal abra os olhos de muita gente para o crescimento do basquete do Brasil porque goste ou não o vizinhança faz parte disso e isso foi conquistado com muito trabalho sério.
mariah