Do início à decisão: veja os cinco pontos cruciais na "vida" de Venceslau

A caminhada de Presidente Venceslau, time da cidade de pouco mais de 36 mil habitantes no interior do Estado de São Paulo, até a inédita decisão do Campeonato Paulista da Divisão Especial A-1, contra Americana, nesta sexta-feira (7), começou há uma década. A vida do time nem sempre foi de glórias, como agora. O começo difícil, lá em 2004, serviu de ensinamento para a dupla Flávio Prado e Christi Ane Hammerschmidt não desistir do projeto. Hoje, às vésperas de disputarem a Liga de Basquete Feminino (LBF), os dois colhem os frutos com o time adulto e as categorias de base.

Pensamento no Futuro

Após encerrar a carreira como jogador de basquete, Flávio Prado queria iniciar um projeto da modalidade em Presidente Venceslau, sua cidade de origem, no ano de 2004. Juntou suas ideias com a então professora Christi Ane Hammerschmidt e juntos começaram a captar jovens nas escolas para o então "Projeto Vencer". Os treinos eram em uma quadra surrada. A estrutura, como Prado diz, era mínima. O primeiro torneio foi a Liga Regional. Em seguida, o time disputou os Jogos Escolares. Os resultados não foram expressivos e esse nem era o objetivo principal.

- Queríamos formar mais do que atletas, mas sim cidadãos. Posso afirmar que saímos do nada; haviam crianças que passavam fome e ajudamos nessa questão também. Nosso pensamento era exclusivamente no futuro. A cada ano o nosso projeto foi evoluindo, aumentando o número de alunos - explica Prado.

2007, o ano da mudança

A base estava evoluindo. Eram três times nas categorias mirim, infantil e juvenil. Os resultados chamavam a atenção e os times faziam frente a potências do esporte em torneios da Federação Paulista. Com o eminente "sucesso", Prado e Christi Ane resolveram dar um passo a mais e fundar a Associação de Basquetebol de Presidente Venceslau. 

Com programas e ações sociais, a associação serviu para aliar o esporte com o desempenho escolar das crianças e adolescentes. Além disso, começaram a aparecer doações.

- A ideia de formar cidadãos foi se tornando realidade. A associação mudou o patamar do basquete em Presidente Venceslau e começamos a colher os frutos. Os jovens estavam estudando e ganhando bolsa. Tudo dava e dá certo - diz Prado.

A cidade abraça

Os voluntários e parceiros diretos começaram a surgir em todas as áreas. O sucesso dentro de quadra transbordou para fora dela. A cidade decidiu respirar o basquete. O apoio alavancou o Projeto Vencer e fez o número de alunos entre 7 e 19 anos bater em quase 300, em 2008. No entanto, ainda não era a hora de criar o time adulto, como lembra Flávio Prado.

- Não se pode pensar apenas no momento. Nós ainda precisávamos nos firmar como um time forte na base para depois pensar em time adulto. E foi isso que fizemos.

As quatro derrotas e a virada

As disputas de Jogos Regionais e o fato de terem ficado entre os quatro melhores no Campeonato Paulista de base credenciaram um novo passo na caminhada. Finalmente chegava a hora de montar um time adulto e disputar a divisão inferior do estadual. 

Em 2011, Flávio Prado mesclou jovens com atletas experientes e deu início a um novo rumo. Como sempre, nada veio de graça.

- Decidimos disputar o Paulista da Segunda Divisão e logo de cara levamos quatro pauladas. Perdemos os primeiros jogos e aquilo foi difícil, um baque. Conversei com as atletas e começamos uma virada no campeonato, ficou difícil nos derrotar, vencemos São Caetano e São Bernardo fora de casa e chegamos até a semifinal naquele ano. Foi uma mudança de pensamento incrível que nos levou a crer em um futuro promissor entre os adultos - lembra um dos fundadores do projeto.

Um passo atrás e dois à frente

Após usar o Paulista de 2011 como um laboratório, o time se reforçou e disputou novamente o estadual no ano seguinte. O resultado apareceu rapidamente e Presidente Venceslau foi campeã. O título garantiu vaga no Campeonato Paulista da Divisão Especial e até na Liga de Basquete Feminino (LBF). Porém, a comissão técnica achou melhor "não dar um passo maior do que a perna" e esperar 2013.

No ano em questão, Venceslau faturou novamente o Paulista da A-2 e disputou pela primeira vez a Divisão Especial, chegando perto de ir aos playoffs. Em 2014, com um time maduro, resolveram alterar o calendário e jogar o Campeonato Paulista da A-1 e a LBF. Dessa vez, com objetivo de ficar entre os melhores. Em toda a caminhada do time adulto, a base também  se fortaleceu echegou a representar a seleção brasileira fora do país.

- Esse projeto é o sonho de uma vida toda. Começamos bem devagar e aos poucos fomos evoluindo. Apenas 10 anos depois chegamos até aqui. Agora iremos disputar a decisão do Paulista e vamos estrear na Liga Nacional. São fatos inéditos e queremos coroar o trabalho. Sem o apoio e o comprometimento de todos os envolvidos nada seria possível. Só temos a agradecer - complementa Prado.

Fonte: Globoesporte.com