Por Carol Fontes
Direto de Ancara, Turquia
- A Joice jogava em Cachoeiras de Macacu e eu na Mangueira, e ficava muito longe para ir e voltar todo o dia para treinar com a seleção carioca. Aí ela foi ficando na minha casa e nos aproximamos. Somos melhores amigas e fazemos tudo junto. Fomos para o Brasileiro sub-15, depois para as seleção de base, aí fomos cortadas juntas... Foi nesse corte que começou uma grande amizade (risos), nessa mágoa... Me lembro até hoje, ela chorava muito e eu pedia para ela se acalmar, que ia ficar tudo bem, mas ela estava desesperada. A gente não se desgrudou mais. Ela foi antes para São Paulo jogar pelo Barretos, depois foi para o Jundiaí e eu acabei indo também. Hoje, defendemos o São José e moramos numa casa com três meninas: eu, ela e a Karen. É muito bom crescer junto com quem a gente gosta. Eu torço muito por nós duas - disse Ramona, que nasceu em 1994, ano em que a seleção de Hortência, Magic Paula e Janeth conquistou a sua maior glória, o inédito título mundial para o basquete feminino.
Na reta final da preparação para o Mundial, a baiana de 20 anos freia a ansiedade. No terceiro treino da seleção em Ancara, o clima era de descontração, mas depois de um "pega-pega" na academia, a alegria deu lugar à seriedade no trabalho dentro de quadra.
- Estou sentindo um friozinho na barriga, na cabeça, em todos os lugares, mas é uma sensação gostosa e prazerosa. A gente sente muito orgulho de estar aqui. Sabemos o tamanho da nossa responsabilidade e estamos felizes pela oportunidade nesse processo de renovação da seleção brasileira. Estou muito feliz, muito eufórica, mas sei que tenho que ter os pés no chão e apresentar um bom basquete - acrescentou Ramona.
A companhia da melhor amiga a ajuda a driblar o nervosismo natural. Para Joice, a disciplina e a resistência da "vida militar" serão trunfos das jovens, que prometem surpreender as adversárias com sua explosão, técnica e velocidade. Membros da Aeronáutica desde março deste ano, elas foram campeãs de um campeonato em Meyenheim, na França, no mês de junho.
- A disciplina é a maior lição que eu tiro da experiência na Aeronáutica, isso me ajuda no basquete, assim como a questão da resistência. Dizem que dá para perceber se a pessoa é militar porque muda o jeito. Eu sofri um pouco no início, não conseguia ficar parada, estática. O basquete é descontraído. Lá é tudo mais rígido. Uma vez, fiquei horas passando o uniforme e quando cheguei com tudo pronto, me mandaram fazer tudo de novo. Tive um pouco de dificuldade com o cabelo também. Precisava amarrar um coque e o quepe (chapéu de uso militar) não entrava, mas agora que fiz trancinhas melhorou (risos). É muita regra, tem que prestar continência, mas está sendo uma experiência muito boa - contou Joice.
Enterradas, um segredo oculto de Joice
Aos 21 anos, a carioca do Morro da Coroa, comunidade do bairro de Santa Teresa, no Rio, espera surpreender as rivais como uma arma secreta: as enterradas.
A ala, que já acertou uma no Sul-Americano do ano passado, na Argentina, espera repetir a dose na Turquia.
- Enterrei uma vez e estou treinando para fazer de novo. Lá em São José estou realizando treinos específicos para enterrada, tanto na academia como na quadra.
Fico puxando o aro, treinando... A maior dificuldade é segurar a bola e colocar dentro da cesta, mas vou conseguir.
A estreia do Brasil será contra a República Tcheca, no próximo sábado, às 15h15 (de Brasília), com transmissão ao vivo do SporTV e cobertura em Tempo Real do GloboEsporte.com.
Fonte: Globo Esporte
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