quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Hortência critica o trabalho na base e aposta em trio da WNBA no Mundial

Por Carol Fontes
Direto de Ancara, Turquia

A lembrança de Magic Paula chutando o lance livre no fim do jogo contra a China no Mundial de 1994 segue cristalina na memória de Hortência. “Se ela acertar, a gente não perde mais e é campeã mundial”, disse para si mesma no momento. Foi ali que ela se sentiu pela primeira vez campeã do mundo. A vitória deu ao Brasil um título que coroou a “geração de ouro”, liderada pela Rainha, por Magic Paula e Janeth Arcain, e consagrou uma seleção que embarcou para a Austrália sem dar entrevistas, com o aeroporto vazio e um clima quase melancólico. Vinte anos depois, a ex-jogadora vê o pódio como algo distante e criticou o trabalho que vem sendo implantado nas categorias de base do basquete. Ela citou o bom exemplo do vôlei e valorizou a experiência internacional na formação de atletas. 

A ex-jogadora, que já foi diretora de seleções femininas e hoje trabalha como comentarista da TV Globo, lamentou a precariedade do trabalho na base. Hortência destacou a importância dos intercâmbios e torneios internacionais em busca de bons resultados no futuro, como o que ocorre com o vôlei.

- É uma renovação mais ou menos. No fundo, é o que tem. Quem seriam as convocadas se não essas? A Adrianinha, por exemplo, está com 35 anos. A maioria tem mais de 30 ou abaixo de 24. O que temos que fazer hoje é investir na base, botar essas meninas de 15, 16 anos para viajar o mundo e fazer jogos internacionais. Temos três escolas importantes do basquete, a europeia, a asiática e a americana. Elas precisam conhecer essas escolas. Nós temos exemplos que dão certo. Uma jogadora das categorias de base do vôlei faz muito mais jogos internacionais do que uma do basquete. Temos que investir na base para que os resultados possam aparecer lá para 2024...

Embora a conquista do bicampeonato seja uma missão complicada, Hortência aposta em atletas como Adrianinha e no trio de pivôs da WNBA, formado por Érika, Nádia e Damiris, para mudar os rumos do Brasil na Turquia.

- No basquete, quem ganha a luta não é o melhor lutador, mas quem luta melhor. Temos três jogadoras da WNBA, a Érika, a Nádia e a Damiris. Quando você tem uma jogadora como a Érica, uma das melhores do mundo, e a Adrianinha, que é excepcional, tudo pode acontecer. É claro que não podemos depender apenas de algumas jogadoras, mas acredito que possamos garantir um bom resultado.

Hortência lembra como se fosse ontem do dia em que o Brasil alcançou a sua maior glória.

- Naquele momento que caiu a ficha, quando a Paula acertou o lance livre. Para mim, aquela conquista foi muito importante porque marcou também a minha despedida. Estava com 35 anos e precisamos sair dali com o título mundial para marcar a nossa geração. Era difícil, mas não impossível. Me sinto muito realizada e satisfeita. Só tenho lembranças boas, eram outros tempos. Naquela época, a gente lotava o Ibirapuera com 15 mil pessoas nas arquibancadas. Fizemos muito pelo basquete brasileiro e eu estou torcendo muito pelas meninas na Turquia. Acho que a medalha vai ser difícil, mas vou torcer muito por elas – disse Hortência, que completou 55 anos na última terça-feira. 

Se a chinesa Haixia Zheng foi eleita a melhor jogadora do Mundial, a camisa 4 da seleção brasileira foi sem sombra de dúvidas uma das maiores estrelas do campeonato. Cestinha do torneio com 221 pontos, uma média de 27,6 por partida, Hortência foi a atleta que mais chutou lances livres (converteu 59 de 69 tentativas) e a segunda que ficou mais tempo dentro de quadra (36,4 minutos por jogo).

Fonte: Globo Esporte

5 comentários:

Anônimo disse...

como sempre coerente em seus comentários a rainha

Ainnem Agon disse...

"No fundo, é o que tem...". MESTRA DAS SUTILIDADE!

Anônimo disse...

Dona Hortência vc bem disse que é tão importante investir na base e fazer essas jovens jogarem, então onde está a Liga de Desenvolvimento que vc prometeu para este ano?

Anônimo disse...

Só fala qdo esteve lá. tbm não fez nada

Fernan Santos disse...

Todos falam que falta base. Todos sabem que é por aí que se conserta toda a falta de atletas.Blá,blá, blá. Para termos atletas para viajar o mundo antes elas tem de sair das escolinhas de prefeituras, clubes, projetos sociais e escolas, o problema é que nenhum professor de escola ou escolinhas ou técnico de alguma equipe de base é devidamente reconhecido. Ele descobre obviamnete alguém de alguma entidade com mais dinheiro vê, leva embora e este professor ou técnico é esquecido e tem que conviver apenas com o prazer de ter descoberto ou ter dado a chance de ser descoberta esta atleta. Mas esses são apenas alguns "loucos por basquete". Tá e aí o que se ganha com isso? Qual o reconhecimento destes que são a solução do problema do basquete principalmente feminino, A BASE ? Como dar mais interesse em se descobrir novos talentos? Complicado e tão simples não é?