terça-feira, 4 de março de 2014

Após 20 anos, campeãs mundiais de 94 celebram união de duas gerações

Janeth (à esq.), Helen, Alessandra e Roseli foram homenageadas no Jogo das Estrelas do NBB, em Fortaleza, em comemoração aos 20 anos do título mundial (Foto: Marcello Pires)


A histórica conquista do título mundial da seleção brasileira feminina de basquete completa 20 anos em julho. Hortência, Roseli, Alessandra, Helen e Janeth, cinco das 12 atletas que fizeram parte da equipe comandada pelo técnico Miguel Ângelo da Luz, celebraram um emocionante reencontro. Raro nesses quase 20 anos de história. Tanto que até hoje as 12 campeãs mundiais nunca conseguiram se reunir. A esperança era que isso finalmente pudesse acontecer na festa da Liga de Basquete Feminino, em março, mas Hortência já adiantou que sua fiel escudeira na seleção e maior rival nos clubes, a armadora "Magic" Paula, será a única que não poderá estar presente. Na época, o Brasil teve uma campanha brilhante, vencendo os Estados Unidos na semifinal e a China na grande decisão.

Certamente o que não faltarão são histórias que marcaram aquela conquista. Mais experientes entre as promessas da geração que se juntou à Paula e Hortência, Janeth foi a primeira a falar. Incentivada pela ex-pivô Alessandra, que jogou até a temporada passada, a tetracampeã da WNBA pelo Houston Comets lembrou de uma que valeu ao supervisor da época, Valdir Pagan, muitas gozações.   

- Não vou me lembrar de todos os casos, mas um dos mais engraçados aconteceu com (Valdir) Pagan. Ele foi ao congresso técnico do Mundial e nos disse que ficou estabelecido na reunião que jogadoras de cada seleção tinham que jogar com os tênis da mesma cor. Como cada uma tinha um tênis de uma cor e não dava tempo de conseguir resolver o problema, nós tivemos que pintar todos os pares de preto. E aí quando chegamos para a primeira partida, nossas adversárias estavam com um tênis de cada cor. Não era nada daquilo. Como o inglês dele não era dos melhores, deve ter entendido tudo errado (risos) - contou Janeth, arrancando gargalhadas das colegas.
Além de ser uma das mais extrovertidas daquele grupo, Alessandra também era a recordista na arte de se meter em situações embaraçosas. Numa delas, a pivô errou a temperatura da máquina de lavar roupas e acabou manchando o único agasalho verde e amarelo de jogo levado para a competição. A gafe, no entanto, não chega nem perto do orgulho que Alessandra sente ao falar da inédita conquista. 
- Para uma atleta que não tinha pai nem mão e nasceu na periferia, aquele Mundial significou tudo na minha vida. Ou eu jogava basquete ou jogava basquete. Não tinha outra saída. Tudo que conquistei até hoje eu devo a esse título mundial - revelou a pivô, de 2,00m e que jogou até depois dos 40 anos. 
Helen e Roseli talvez não tenham tido os mesmos minutos em quadra que as titulares Paula, Hortência, Janeth e Alessandra, mas ressaltam a importância de todas naquela conquista. A única bronca de dupla, que esqueceu o hotel que a seleção estava hospedada em Sydney e foi salva por um casal de brasileiros, é com o pouco reconhecimento que a seleção teve na chegada ao Brasil.
- É muito bom quando nos reencontramos. As pérolas daquela conquista sempre são lembradas. Acho que aquele título foi importante para coroar a geração da Paula e da Hortência, que não teriam outra chance de ganhar um Mundial. Elas eram as craques daquele time, mas sozinhas elas não teriam ganhado nada. Acho que nossa geração se encaixou perfeitamente no jogo delas. A única coisa ruim foi que infelizmente não tivemos o reconhecimento que merecíamos - lamentou Helen, apoiada pela ex-companheira Roseli.
- O mais engraçado é que antes do Mundial ninguém conhecia a gente. Mas voltamos no começo da Copa de 94, as pessoas só queriam saber da seleção brasileira de futebol. Para piorar, logo depois o Ayrton Senna morreu e nossa chegada não teve muita badalação. Acho que merecíamos um reconhecimento maior - completou a tia do armador Nezinho, do Brasília.
Maior expoente de sua geração, Hortência reconhece a importância "das novatas" na conquista mais importante de sua carreira. Aos 35 anos na época, a rainha do basquete feminino do país sabia que aquela era sua última chance de ganhar um Mundial. 
- Era meu último Mundial e acho que nossa equipe se acertou com a chegada das jogadoras mais novas. A entrada delas no grupo caiu como uma luva no nosso esquema, até porque eu e a Paula éramos muito marcadas - explicou Hortência, sem esquecer de mencionar o trabalho realizado pelo até então desconhecido Miguel Ângelo da Luz.
- Na verdade, o Miguel chegou sem ninguém saber quem ele era. A atitude mais inteligente dele foi não querer mudar muita coisa. Ele dava uma liberdade vigiada para as jogadoras, principalmente as mais experientes. Essa foi a grande sacada dele. Ele ouvia quando tinha que ouvir.
Fonte: Globoesporte.com

Um comentário:

Anônimo disse...

inesquecível....assisti desde as quartas contra a espanha....foi demais....o jogo das semi contra os EUA é o melhor de todos os tempos do basquete feminino....emocionante:::::::!!!!!!!!