terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Entrevista–Antônio Carlos Vendramini (CBB)

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Com um currículo extenso voltado ao esporte nacional, Antônio Carlos Vendramini, de 63 anos, é um dos técnicos mais vitoriosos do basquete feminino no Brasil. Entre seus principais títulos estão o de bicampeão do Mundial de Clubes, tetracampeão do Sul-Americano, campeão do Pan-Americano, 11 vezes campeão brasileiro (incluindo o de 1998 com o Fluminense e o de 2000 com o Paraná Basquete) e 12 vezes campeão estadual.
Além de todos esses títulos, o treinador também garantiu a medalha de ouro no Campeonato Sul-Americano com a Seleção Brasileira Adulta Feminina (Chile – 1989). Depois de fazer história e conquistar todos esses resultados, Vendramini voltou a comandar o time paulista de Americana e, com uma campanha invicta – fechou a série sobre o São José por três a zero –, conseguiu o bicampeonato paulista feminino. Nessa entrevista, o técnico fala de sua carreira, as próximas missões e como transformar um time forte em uma equipe de sucesso.
Como foi voltar a Americana e conquistar o Campeonato com uma campanha tão positiva?
Eu já conhecia algumas meninas, isso foi o primeiro positivo pra gente. Nessa minha volta, todas elas foram muito receptivas e rapidamente a gente se adaptou. Eu procurei fazer um trabalho ao meu modo, que foi conquistar o grupo e fazê-las entender a importância do torneio. Elas aceitaram bem e isso nos levou ao título. Não foi fácil, foram três jogos difíceis, mas conseguimos passar invictos. Isso deu um ânimo especial e agora posso dizer que os treinamentos estão rendemos mais.
Em 1998, você comandou o Fluminense (RJ), que tem o recorde de 15 vitórias consecutivas. Em 2001, foram 14 pelo Paraná Basquete. O que significam essas marcas para a sua carreira?
Eu tenho uma filosofia própria de quadra e acho que a minha maior virtude é ter o grupo na mão. O relacionamento fora da quadra também é muito importante para fortalecer uma equipe. Sempre busco manter a união do time. Sempre fiz isso e vem dando certo ao longo das diferentes experiências que tive no basquete.
Você começou no basquete como jogador. Conte como foi essa transição?
Essa história é muito curiosa. Eu fiz uma passagem rápida como jogador, mas foi muito simbólica. Eu parei com 29 anos, porque o técnico de onde eu atuava teve que sair de licença por uma questão pessoal. Então fui convocado para liderar a equipe. Por algum motivo muito pertinente eu nunca mais voltei a jogar. Foi a chance dada para ser técnico, que fluiu e nunca mais acabou.
Quais são as características de suas equipes?
Eu percebo rapidamente o que tem que ser modificado e não demoro para tomar algumas atitudes. Isso ajuda muito na formação do grupo. Os críticos dizem que tenho uma boa visão e que sou exigente na hora do treinamento. Mas costumo ter atitudes tranqüilas e priorizo treino pesado dos fundamentos. Se a parte técnica está muito treinada, a tática fui naturalmente. Toda pratica depende da técnica, não tenho dúvidas disso.
Em sua opinião, quais serão as dificuldades que Americana poderá encontrar nessa temporada da LBF?
Eu acho que algumas equipes já demonstraram um baita potencial. Elas tiveram muitos investimentos como a chegada de algumas estrangeiras, então não tenho dúvida nenhuma que teremos compromissos muito acirrados. Mas quero que a nossa coletividade e valores individuais prevaleçam nesse momento. Trabalhar muito, esse é o segredo.
Que experiências você traz ao longo da sua carreira e que pretende agregar ao basquete de Americana?
Eu tenho um objetivo primordial nesse momento que é conseguir junto com o meu grupo ganhar a Liga. E dentro de tudo que passei, sei que tenho coisas maravilhosas a serem aplicadas. As experiências das melhores e piores coisas serão utilizadas de alguma forma para que esse objetivo seja concretizado.
Um momento marcante da sua carreira?
Tive um Mundial de Clubes, em 1989, onde joguei para mais de 15 mil pessoas com o time Constecca/Sedox. A partida foi no Parque São Jorge, no ginásio do Corinthians. Tivemos o apoio da torcida e o jogo foi contra o BCN. Era Magic Paula contra Hortência. Com certeza, esse dia eu não esqueço.
Quais os pontos positivos dessa excursão que o time de Americana vai fazer na Espanha?
Para as meninas mais jovens esse é o momento de aproveitar e de conhecer o basquetebol internacional, que por sinal é muito diferente do nosso. Taticamente isso vai ser um grande benefício dentro do nosso time. Mas todas elas vão ganhar muito com esses jogos. As meninas que são da seleção brasileira vão somar muito também, porque cada momento existe uma parte especial de aprendizado. Posso garantir que vai ajudá-las em todos aspectos.
Como é o Vendramini fora das quadras?
Meu lazer é basquete. Não dá pra fugir muito. Meus filhos amam esse esporte e me acompanham em tudo, então eu sou 24 horas a bola laranja. A minha esposa, não assiste aos jogos porque fica nervosa, mas é super companheira e preocupada. A família toda faz parte desse processo e me apoiam sempre.
Como foi comandar a Seleção Brasileira?
Fui convidado em 1989 para a Seleção e o objetivo era conquistar o título sul-americano e a vaga para a Copa América. Ganhamos o título e a medalha de ouro foi uma conquista única na minha carreira. No ano seguinte conseguimos a vaga na Copa América para o Campeonato Mundial. Foi uma passagem curta, mas que me rendeu uma bagagem preciosa como técnico.
Como você vê o perfil atual do basquete feminino brasileiro, e suas projeções para o futuro?
Eu tenho um pensamento muito otimista sobre isso. Estou vendo com bons olhos essa renovação e o técnico Luiz Augusto Zanon está brilhante no seu trabalho. Estão surgindo talentos que fazem a diferença. As atletas estão tomando um rumo de como é representar o pais. Até 2016, onde nosso foco será maior, as mais jovens estarão com mais experiência e faremos um papel muito bonito nos Jogos Olímpicos..
Depois de tantas conquistas, você ainda tem algum sonho para realizar?
Acho que devemos sempre alcançar o ponto máximo dentro da nossa carreira. O ponto máximo para mim seria ajudar de alguma forma a Seleção Brasileira por um espaço de tempo mais longo. O meu objetivo é sempre o mesmo, trabalhar muito para que amanhã ou depois eu possa trazer os meus títulos. O primeiro agora é ganhar a Liga e vou estar sempre em busca de vitórias.

Um comentário:

Anônimo disse...

O Vendra é o melhor tecnico de basquete feminino no Brasil. O treino dele é super bom e na quadra dá tranquilidade às atletas. Pena a passagem dele ter sido curta na seleção, não se sabem bem por que.