Por Carol Fontes - Direto de Xalapa, México
Maior revelação do basquete carioca nos últimos anos, Clarissa descobriu um talento incomum para arremessar. Quando deu os primeiros passos no esporte, no Centro Esportivo Miécimo da Silva, em Campo Grande (RJ), a pivô trilhou um caminho adverso à maioria das jogadoras de sua modalidade. Começou no vôlei e no atletismo, praticando lançamento de disco e arremesso de peso, passagem que serviu para desenvolver a habilidade do arremesso. O início no basquete foi por acaso, quase para não contrariar um treinador, que a convidou para experimentar a atividade. Clarissa aceitou o desafio e, dez anos depois, tornou-se uma das principais atletas de sua geração. Atual campeã sul-americana e medalhista de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, em 2011, a jogadora será uma das peças-chave da seleção brasileira em busca do tetra na Copa América, em Xalapa, no México. O torneio, de 21 a 28 de setembro, irá distribuir três vagas para o Mundial da Turquia, em 2014, e terá a transmissão do SporTV.
- As quadras de basquete, vôlei, atletismo e futebol do centro esportivo eram muito próximas. Comecei no esporte os 13 anos e, quando ia completar 15, um técnico de basquete me chamou. Fiquei com vergonha de dizer não e falei: "Ah, um dia, vou fazer". Acabei indo e passei a defender o time que montaram lá. Disputamos o Estadual e entrei para a seleção carioca. O Guilherme Vos, que era técnico do Rio e do Flamengo na época, montou uma equipe no Grajaú, me convidou e eu fui. Depois, joguei com ele no Fluminense e na Mangueira, e acabei desistindo do vôlei e do atletismo. Fui convocada algumas vezes para a seleção brasileira de base, mas era sempre cortada. Em 2009, fui chamada para a seleção adulta, mas acabei sendo cortada. A primeira vez que fiquei entre as 12 foi no Pré-Olímpico de 2011. Fomos campeãs e nunca mais saí do time - contou Clarissa.
A perseverança, o espírito de grupo e o talento foram decisivos para a atleta se firmar no basquete, além do apoio da família, em especial, de sua mãe, Carmen. O sorriso largo no rosto e o jeito simpático dos tempos de juvenil ainda acompanham a carioca, que tornou-se uma das protagonistas da seleção brasileira adulta.
Destaque do Americana (SP) e especialista nos rebotes, a pivô conquistou o prêmio de melhor jogadora da Liga de Basquete Feminino em 2013, superando grandes nomes do basquete nacional, como Adrianinha e Erika, que deixou o Sport Recife e voltou para o Atlanta Dream na WNBA. O salto na carreira veio após a experiência de dois anos em Portugal, onde defendeu o Vagos e retornou para casa com uma medalha de ouro e outra de prata no Campeonato Português.
Representante do Brasil em Londres, Clarissa sonha disputar os Jogos do Rio, em 2016, mas prefere não pular etapas. Sem fazer planos a longo prazo, ela vive o presente. Os objetivos mudam a cada novo desafio. E o próximo já foi traçado.
- Quero fazer ótimos jogos na Copa América, ser campeã e garantir a vaga para o Mundial. É um degrau de cada vez, cada jogo é um jogo. O principal adversário é Porto Rico, adversário da nossa estreia, depois passa a ser Porto Rico e por aí vai. Nos preparamos bem em São Carlos, com muitos treinos e amistosos que contribuíram para fortalecer o grupo. O time é alto astral, alegre e feliz. Vontade de trabalhar não falta. Agora, é hora de colocar tudo em prática - finalizou.
Atual campeã da Copa América, a seleção brasileira está no Grupo B e faz sua estreia diante de Porto Rico no próximo sábado, às 19h30m (de Brasília). Na sequência, a equipe canarinho enfrenta a República Dominicana, no domingo, a Argentina, no dia 24, e encerra a primeira fase contra o México (25). No Grupo A, estão Canadá, Chile, Cuba, Jamaica e Venezuela. Classificam-se para a semifinal os dois primeiros colocados de cada chave. Os vencedores decidem o título, enquanto os perdedores disputam a medalha de bronze e a última vaga para o Mundial da Turquia.
Fonte: SPORTV
2 comentários:
Na minha opinião, a jogadora mais tecnica do basquete feminino na atualidade...injustiçada, as vezes, mas ainda mostrará seu verdadeiro valor...
É engraçado como são as coisas, por mais que a Clarissa fosse cestinha, reboteira ou a mais eficiente do Campeonato Nacional desde os 18 anos. Ela sempre foi menosprezada nas seleções de base e ignorada na seleção adulta. O mais bacana é que ela usou isso a seu valor e se tornou a atleta que mais evoluiu nos últimos anos no basquete feminino do Brasil, sendo eleita a MVP das duas últimas LBF. Devido aos treinadores preconceituosos, paneleiros ou burros mesmo que passaram pelas seleções brasileiras, ela ainda não teve a projeção internacional que merece, mas é sem dúvida uma atleta que pode jogar de igual para igual com qualquer outra atleta no mundo e já deveria estar brilhando na WNBA, pois é a melhor jogadora de basquete do Brasil e temos três jogadoras na liga americana sob contrado ou draftada. Tenho certeza que ela continuará se superando e ainda terá tudo que merece.
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