terça-feira, 12 de março de 2013

Feliz no Maranhão, Iziane tem futuro incerto e não descarta Seleção (GazetaPress)

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Detentora da maior média de pontos da Liga de Basquete Feminino, com 20,88 por jogo, Iziane é o maior destaque do Maranhão Basquete e uma das principais estrelas do campeonato. Com início em janeiro, a liga brasileira de maior importância entrou na sua reta final neste mês de março, com a disputa dos playoffs e, classificada para as semifinais contra o Americana, a atleta tenta levar sua equipe rumo ao título, enquanto ainda tem um futuro indefinido para os próximos meses.
A ala foi a brasileira mais jovem a jogar pela WNBA (Liga Nacional de Basquete dos Estados Unidos), com 21 anos. Hoje, aos 30, ela, que nasceu em São Luís-MA, alterna entre o clube de sua cidade-natal com a competição do país em que o basquete está em outro patamar. O curto período das competições permite a disputa dos dois torneios e, segundo ela, esse é o único fator que pode ser comparado entre as duas ligas, já que por enquanto elas estão em níveis totalmente diferentes.
Em 2012, Iziane defendeu o Washington Mystics, clube que ela tem contrato para este ano, mas não sabe se continuará por causa de mudanças no comando técnico da equipe. No Brasil, apenas no segundo ano do Maranhão, o projeto do novo grupo é baseado na brasileira, que ficou mais confortável nesta temporada com a chegada de outras atletas de alto nível.
Com polêmicas envolvendo a Seleção Brasileira, entre a mais recente delas o corte da delegação pouco tempo antes dos Jogos Olímpicos de Londres, no último ano, Iziane não fechou as portas à Seleção, mas também afirma que, por enquanto, evita pensar no assunto. “Sobre a Seleção Brasileira, eu só posso falar quando acontecer”, declarou em entrevista à Gazeta Esportiva.net. A ala ainda falou sobre a carreira, tanto no Maranhão como na WNBA, do crescimento da LBF e do basquete no Brasil.
A LBF é um campeonato rápido e que ainda está em evolução. Quais são as maiores diferenças que você aponta entre esse campeonato brasileiro e a WNBA?
Iziane - É muito diferente. Eu acho que o formato de três ou quatro meses é a única coisa igual por enquanto, já que lá é um campeonato curto também. Mas são diferentes em várias coisas, incluindo a parte burocrática, a parte de atletas, nível da competição, etc. Realmente não tem nem o que comparar.
Essa duração permite que você jogue os dois. Você pretende voltar à WNBA?
Iziane - Pretendo, sim. Desde o ano passado eu estou na equipe do Washington Mystics, mas como houve uma mudança de técnico a minha volta ainda está um pouco indefinida, porque teria que ver as condições que eles oferecerão. Então a gente precisaria ver se essa é a melhor opção para mim. Quando eu assinei o contrato, foi com uma técnica que estava contando comigo dentro do planejamento dela. Tudo deve ser revisto. Meu contrato com eles era para ser de três anos. Com a mudança de técnico, isso também muda.
Mas caso você não continue no Washington Mystics existem propostas de outros times?
Iziane - Tem o interesse ainda do Seattle Storm e do Los Angeles Sparks, que tem a assistente técnica da época em que eu jogava no Atlanta Dream.
O Maranhão Basquete terminou bem a primeira fase da LBF (3º). Como você vê sua equipe hoje comparando com as outras da competição? Estão todas no mesmo nível?
Iziane - Eu acho que as cinco primeiras equipes têm um nível mais forte. Já o Ourinhos perdeu muito o seu elenco e acabou ficando com um nível inferior, já que a equipe se formou em cima da hora. Tirando isso, as outras equipes têm um nível muito bom. Em um jogo, qualquer uma pode ganhar. Não tem franco favorito. É na quadra que se resolve. O Sport acabou terminando como invicto porque tem um elenco muito bom, mas também não acho que é um time imbatível. Se jogar bem e jogar duro, é possível vencê-lo.
Como esse projeto do Maranhão é novo, no ano passado você tinha um papel mais importante e era o maior destaque. Para essa temporada, o clube contratou mais algumas atletas e se reforçou. Você se sente mais confortável e percebeu que o nível do time aumentou?
Iziane - Sim. Ficou muito mais fácil jogar agora porque eu tenho, realmente, quem me apoiar dentro da equipe. No ano passado, acabava me sobrecarregando porque, infelizmente, umas das nossas apostas não deram certo e a equipe era muito nova, mas neste ano o elenco é muito experiente, com jogadores de Seleção Brasileira, o que deixou muito mais fácil, já que a gente divide a responsabilidade no momento do jogo.
Enquanto o NBB está crescendo, a LBF perdeu dois times de 2012 para 2013. Como você vê essa diferença entre os campeonatos?
Iziane - A gente sabe dessa diferença. No mundo inteiro, o masculino é muito economicamente viável, então acho que esse é o principal fator. Precisamos incentivar as meninas a jogarem basquete. Os meninos já jogam porque gostam e porque é um esporte legal. Por isso, tem uma galera jogando. Então, realmente tem que ter um incentivo maior para a gente poder ter atletas no Brasil inteiro e ter mais equipes. Acho que esse investimento é o que falta e isso tem que começar na base, precisa criar um vínculo com a criançada, de gostar do esporte para que elas queiram se tornar jogadoras.
Duas das três equipes que terminaram a primeira fase como melhores colocadas são nordestinas (Sport e Maranhão). Você enxerga uma mudança na dinâmica da competição, que antes tinha como polo do esporte o interior de São Paulo?
Iziane - Com certeza. Logicamente, a gente tem que agradecer às equipes de São Paulo que sempre mantiveram o nível do basquete brasileiro, mas o Brasil é muito maior do que isso e os investimentos precisam ocorrer no país inteiro. Tem que ser feito investimento Brasil afora, para procurar novos talentos, buscar novos ídolos. Essas duas equipes do Nordeste foram ótimas, porque criaram novas opções. Todo mundo está vendo que é possível e vai despertando o interesse. Mas está faltando esse primeiro investimento. Às vezes, uma equipe fecha, mas nasce outra e assim vai. O Brasil está na era do esporte, com Copa do Mundo, Olimpíadas, então a gente tem que aproveitar tudo isso em prol do esporte.
Você dizia que sofria preconceito por ser nordestina. Isso ainda acontece?
Iziane - Acho que o preconceito sempre existe, em qualquer lugar. Antes, por eu ser a única, existia um pouco de preconceito porque só tinha eu. Quando você mostra que tem outras e que essas outras também podem jogar, isso muda um pouco.
Como é o apoio e a influência da torcida do Maranhão jogando em São Luís?
Iziane - Influencia muito. Para mim foi uma surpresa muito grande, principalmente no ano passado, quando na primeira partida a gente conseguiu lotar o ginásio e ainda 2 mil pessoas ficaram do lado de fora. É bom saber que o nosso povo nos apoiou no projeto e continua nos apoiando. Toda vez que eu entro em quadra, logicamente eu sou profissional e vou sempre dar o meu melhor, mas tem aquele amor maior por estar jogando pelo seu Estado e pelo seu povo, com eles jogando junto com você.
Você pretende permanecer na equipe?
Iziane - A gente fecha o contrato anualmente, mas a minha intenção é ficar. A equipe também tem a intenção de me manter e a minha ideia, como jogadora, é jogar pelo meu povo e pelo meu Estado.
E sobre a Damiris, que vem se destacando e chamando a atenção? O que você tem para falar dela? Dá para perceber que ela tem um potencial diferenciado mesmo?
Iziane - Com certeza. Acho que ela é uma menina muito talentosa e dedicada. A Damiris tem tudo para puxar essa nova geração. Ela se destaca, realmente dá para perceber isso. O nível dela é superior e ela conta com as características físicas necessárias para ser uma grande jogadora. Acredito que tem tudo para se tornar uma das principais estrelas do Brasil.
Ainda tem como meta defender a Seleção Brasileira?
Iziane - Sobre a Seleção Brasileira, eu só posso falar quando acontecer. O dia em que me convocarem, vou poder falar. Até lá, sigo levando minha carreira e a Seleção, por enquanto, não faz parte da minha programação. Ainda não em aposentei. Se me convocarem, tenho o dever de servir, até mesmo por regra. Até lá, a gente vê as possibilidades e pensa a respeito.
Você já havia comentado que achou um pouco exagerada a decisão da Confederação e que se arrependia, mas guarda algum tipo de ressentimento pelo corte dos jogos Olímpicos?
Iziane - Não guardo ressentimento nenhum. Acho que o que passou, passou.
Você chegou a falar com a Hortência (diretora de basquete feminino da CBB) depois das Olimpíadas?
Iziane - Não, não cheguei a falar com ninguém. Nem com ela nem com a CBB, até mesmo porque não teve mais jogos, não teve convocação, não teve nada.
Em junho, será realizado o Sul-americano de basquete. Você estaria disposta a defender a Seleção?
Iziane - Se eu estiver disponível, sim, porque eu pretendo jogar a WNBA.
No ano passado, você optou por ficar no Brasil para poder disputar as Olimpíadas. Você se arrepende da decisão?
Iziane - Acho que a gente tem que tomar nossas decisões e ir com elas. Eu tomei uma decisão que eu achei boa e que foi em prol do meu país. Infelizmente, aconteceu o que aconteceu e eu, logicamente, ao tomar aquela decisão, perdi outras oportunidades, mas a vida é assim. A gente acaba tomando decisões e eliminado outras. Faz parte.

Fonte: Superesportes

Um comentário:

Rafael disse...

Seatle não terá Sue Bird, Ann Wauters e nem Lauren Jackson para a próxima temporada. Delisha Milton Jones saiu de Los Angeles, com isso a Alana Bird, que estava jogando de guard deve voltar para sua posição original (forward), abrindo vaga para Iziane na equipe titular. Vamos torcer para que Izzy vá para uma dessas equipes, pois o Washington deverá continuar fraco por várias temporadas e lá ela teve pouco espaço.