'Sport montou a equipe, é um grande candidato ao título', diz Hortência

Atual diretora de seleções femininas da Confederação Brasileira de Basquete, Hortência Marcari esteve na Ilha do Retiro na quarta-feira (20) para anunciar a presença do Sport na Liga de Basquete Feminino 2012/2013, além de apresentar os novos reforços: Adrianinha e Alessandra. A eterna rainha do basquete acredita que o Leão tem time para lutar pelo título da competição.

“O Sport não montou uma equipe, montou ‘a’ equipe. Vocês estão trazendo jogadoras de nível olímpico. A equipe do Sport é muito forte, mas não vou dizer que será campeã porque é difícil afirmar, mas é um grande candidato”, declarou a dirigente.

Hortência conversou por aproximadamente 20 minutos com os jornalistas. A ex-jogadora falou sobre o projeto do basquete rubro-negro “Cestinhas do Futuro”, destacou a força do basquete pernambucano, comentou sobre as Olimpíadas de Londres, entre outros assuntos. Confira os principais trechos da entrevista.

RETRIBUIÇÃO AO BASQUETE

Estou muito feliz de participar deste momento muito importante, sou uma apaixonada pelo basquete. Há muito tempo, em 1996, quando eu parei de jogar, eu disse que fiquei devendo para o basquete. Ele me deu muito mais do que eu dei a ele. Agora estou voltando a atuar dentro da minha modalidade e estou tentando empatar, dar de volta tudo aquilo que recebi.

BASQUETE EM RECIFE

Já joguei muito em Recife, pela Seleção Brasileira e Seleção Paulista. Tinham muitas competições aqui, como Campeonatos Brasileiros. Temos uma relação de emoção com cidade. O basquete sempre foi muito praticado em São Paulo, e precisa sair deste “eixo” São Paulo-Rio-Sul. Muitas vezes conversávamos e sempre batia na trave. ‘Recife vai entrar’ e nada, não dava certo. Sempre torcíamos muito para que a cidade entrasse. Agora eu pude entender o motivo da cidade nunca entrar “de cara”, pois não tinha projeto. Hoje tem um projeto, não só apenas um time de basquete, mas sim um projeto de escolhinhas, de categorias de base, de formação. A equipe adulta será um meio de comunicação para que outras crianças venham para o basquete. Precisamos disso, de novos atletas.

O basquetebol precisa ser jogado no Brasil inteiro, ele não pode ser disputado apenas em São Paulo. A maioria das jogadoras é de lá. Quando uma jogadora boa de qualquer outro lugar aparece, os times paulistas vêm e levam. Não interessa para nós que os destaques vão para São Paulo. Queremos equipes, federações fortes em todo o Brasil. Com a estrutura que o Sport tem, trazendo jogadoras olímpicas, e as escolhinhas, categorias de base, estimulam as meninas. Precisamos de estrutura como a do Sport. Precisamos fazer base, escolhinhas e ter o adulto como espelho. Acho importante este trabalho. Para quem é amante do basquete, ter uma equipe em sua cidade é uma alegria. Este é um pontapé inicial para descobrir e segurar talentos. Pernambuco sempre teve grandes jogadoras nas seleções brasileiras.

TIME RUBRO-NEGRO PARA A LBF 2012/2013

O Sport não montou uma equipe, montou ‘a’ equipe. Vocês estão trazendo jogadoras de nível olímpico. O Sport está ajudando a repatriar jogadoras que estavam muito tempo lá fora, olha só que coisa importante eu estou falando. No auge do basquete, nós jogadoras não podíamos sair nas ruas. Quando andávamos nas ruas, o povo sabia quem eram as jogadoras da seleção brasileira. Essa volta das jogadoras é fundamental para o resgate do basquete brasileiro, para voltar a ser a segunda paixão nacional, como era na nossa época. Essas atletas estão vindo para cá para formar uma base forte para o Sport, para o Estado. O Sport não é um qualquer, é um clube forte, é um clube respeitado nacionalmente. E o basquete precisa de uma parceria com clubes como este aqui, que tem tradição, tradição no futebol, um clube sólido, que vai agregar valores à nossa modalidade. Isso é fundamental. Vai fortalecer a nossa competição, a Liga. E um país que quer ser forte internacionalmente precisa ter competições fortes internas.

PROJETO CESTINHAS DO FUTURO

Hoje me apresentaram um projeto e achei muito bom, é isso que eu penso. Nós temos que construir o esporte, resgatar o esporte. O projeto é excelente, é o que esperamos de um clube, que não monte apenas um time adulto, e sim fortalecer sua base, através das escolhinhas. Meu início no basquete foi em um projeto parecido. Precisamos ter estrutura para revelar novos talentos. Quem sabe, lá no futuro, não tenhamos uma grande equipe daqui com jogadoras apenas formadas na base. Espero voltar ao Recife quando a competição começar, quero assistir um jogo de perto, torcendo muito para o clube ajudar a reconstruir a modalidade e desejar boa sorte, sucesso. Aproveitando a presença do presidente (Gustavo Dubeux), peço que ele continue apoiando a nossa modalidade.

Nota: O “Cestinhas do Futuro” é um projeto para meninas de oito a 12 anos, organizado pelo técnico leonino Roberto Dornelas. Seu primeiro evento ocorreu no último final de semana, com o 1º Festival João Damásio de Mini Basquete Feminino. O internauta do Site Oficial já conhece o projeto, em texto publicado no dia 13 de junho.

TORCIDA

Não tenho dúvidas que teremos ginásios lotados aqui. Primeiro porque brasileiro não gosta de perder, gosta de emoção. A equipe do Sport é muito forte, mas não vou dizer que será campeã porque é difícil afirmar, mas é um grande candidato. Serão jogos emocionantes, o público vai querer voltar para assistir outras partidas.

DESTAQUES ATUAIS DO BASQUETE BRASILEIRO

O basquete mudou muito. Não dá para comparar com o meu tempo. Não sei se conseguiria jogar 40 minutos com essa velocidade que é praticada hoje em dia. Agora, nós temos uma das cinco melhores jogadoras do mundo, a Érika. A Damíris é a melhor jogadora do mundo sub-19. O povo ainda não conhece. Com grandes competições, o público vai começar a conhecer melhor, com a volta das grandes atletas voltando ao Brasil.

LONDRES 2012

Se você falar no âmbito geral, acho difícil conquistarmos agora os resultados (em Londres) que esperamos para o Rio 2016. Mas o basquete vive um momento legal. O masculino voltou (aos Jogos Olímpicos) após muitos anos fora. Estamos em um momento interessante do esporte no Brasil, o planejamento é o ideal para uma seleção olímpica. Esperamos que o resultado venha dentro de quadra.

CASO NENÊ HILÁRIO

Vivemos outro momento no basquete, o mundo globalizou. Cada um segue seu caminho, suas prioridades. Não posso exigir que suas prioridades sejam iguais as minhas. Naquele momento, a prioridade do Nenê era o filho dele. Não podemos dizer que ele está errado. Cada um tem as prioridades de sua vida. Não tem ‘certo e errado’. O certo é que ele é um grande jogador e o time brasileiro fica muito mais forte com sua presença.

Nota: o pivô Nenê,do Washington Wizards, pediu dispensa de algumas competições disputadas pela seleção brasileira. Porém o atleta foi convocado para as Olimpíadas de Londres. A atitude do técnico do Brasil Rubén Magnano gerou muitas discussões entre os amantes do basquete.

Fonte: Sport Clube Recife

Vídeo Globoesporte: http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-esporte-pe/t/edicoes/v/sport-vai-participar-da-liga-feminina-de-basquete/2005247/