Novo técnico diz que seleção feminina precisa de jogo mais coletivo e não promete pódio no Mundial

Cláudio Ferreira Jr

O novo técnico da seleção brasileira feminina de basquete, Carlos Colinas, já começa a trabalhar para a disputa do Mundial, que será realizado no mês de setembro, na República Tcheca. Em entrevista exclusiva para o ESPN.com.br, o treinador espanhol afirmou que a equipe brasileira precisa de ajustes em seu jogo para alcançar o mesmo nível das melhores seleções do mundo, mas demonstrou confiança que ajudará na reformulação do basquete no País.

Perguntado qual o objetivo do Brasil no Mundial, Carlos Colinas preferiu não precisar qual será o resultado da seleção em termos de classificação. "Não há um número. A meta é alcançar um nivel de qualidade da equipe igual às melhores seleções do mundo. Se atingirmos esse nível, podemos chegar entre os 5 ou 6 primeiros", explicou.

Apresentado como novo técnico da seleção brasileira na semana passada, o espanhol já conversou com sete jogadoras do País que atuam na Europa - Iziane, Érika, Franciele, Adrianinha, Alessandra, Kelly e Zaine - para explicar quais mudanças pretende implementar na equipe e ainda acompanhou duas partidas do Campeoanto Paulista (Catanduva 79 x 68 Santo André e Americana 85 x 51 Jundiaí).

"A conversa com as jogadoras brasileiras na Europa foi muito tranquila. Expliquei o projeto e todas se mostraram comprometidas e empenhadas em ajudar a seleção em seu trabalho de reformulação."

Carlos Colinas também garantiu a presença de Iziane (do Wisla, da Polônia, e do Atlanta Dream, da WNBA), apesar do incidente da atleta com o ex-técnico Paulo Bassul. A jogadora foi afastada da seleção por causa de um desentendimento com o treinador no Pré-Olímpico de Madri, em 2008, voltou a ser convocada para a Copa América do ano passado após a intervenção de Hortência, a diretora da seleção feminina, mas recusou o chamado.

"Está certo que Erika e Iziane estarão na lista de convocados para o Mundial, mas elas têm contrato com o Atlanta Dream (da WNBA) e dependem da classificação ou não da equipe para os playoffs da WNBA. Caso seja eliminada na primeira fase, espero que as duas possam se apresentar entre os dias 15 e 20 de agosto", disse Colina.

A preparação do Brasil para o Mundial começa em julho, com amistosos contra as eslovacas, nos dia 28 e 29. A selação ainda participa do Gran Prix, com Hungria, Rússia e Eslováquia e participam do Sul-Americano em agosto antes do Mundial. As brasileiras que atuam na WNBA se juntariam ao grupo apenas depois do torneio continental. No entanto, se o Atlanta Dream chegar às finais da WNBA, a participação de Érika e Iziante estaria ameçada, pois as partidas das finais da liga norte-americana de basquete feminino estão marcadas para acontecer entre 10 a 20 de setembro, apenas três dias antes do início do Mundial.
Na República Tcheca, o Brasil terá missão de apagar o fraco desempenho nas últimas competições internacionais. Campeãs mundias em 1994, as brasileiras ficaram em quarto lugar no Mundial de 2006, no Brasil, mas tiveram a segunda pior campanha nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.

Carlos Colina minimizou os últimos resultados e culpou os desfalques pelas campanhas. "Nos últimos anos, o Brasil não pôde contar com suas melhores jogadoras. Sempre há alguém com lesão ou algum problema interno. O aspecto psicológico é muito importante.  Em uma competição de alto nível, como o Mundial e a Olimpíada, os jogos são vencidos por uma margem pequena de diferença, e as jogadoras têm que ser muito duras e muito consistentes."

Com contrato apenas até o fim do ano à frente da seleção, Carlos Colina também afirmou que o Brasil tem de saber jogar mais coletivamente se quiser atingir o mesmo nível das melhores seleções do mundo. "As jogadoras brasileiras são alegras, gostam de atuar ofensivamente, mas é possível que este jogo necessite de ajustes. Precisamos de um jogo mais sólido e mais coletivo. Por agora, temos que implementar um sentimento maior de equipe, mas não tem que mudar o jogo do Brasil radicalmenete", garantiu.

Para o técnico espanhol, o pouco tempo de contrato com a seleção não será empecilho para a reformulação do basquete feminino no País e ajuda da comissão técnica será fundamental, que conta com a ex-jogadora Janeth, também técnica da seleção Sub-15 .

"Para mim, é um prazer ter a Janeth como companheira. Acredito que a comissão técnica que a CBB pôs à disposição é de primeiro nível."

O Brasil está no Grupo C do Mundial da República Tcheca, ao lado de Mali, Espanha e Coreia do Sul. A estreia será no dia 23 de setembro, contra a seleção de Mali.

Fonte: ESPN Brasil

Comentário: Como bem notou o Paulinho na caixa de comentários, é a primeira vez que Zaine é incluída na “lista de estrangeiras”. Até então o sétimo nome considerado era Helen, que estava na Europa quando Colinas iniciou seus diálogos.