quarta-feira, 11 de novembro de 2009

ENTREVISTA – Norberto José da Silva, o Borracha

  Aos 52 anos, o jundiaiense Norberto José da Silva é dono de uma das carreiras mais sólidas dentro do basquete feminino nacional. Já na década de 80, o técnico – conhecido pelo apelido Borracha – ganhou o cenário da elite da modalidade ao credenciar-se como assistente de uma das principais equipes do Brasil, a de Sorocaba (SP), onde trabalhou com o técnico Antônio Carlos Vendramini e treinou alguns dos maiores nomes do basquete nacional. Ao lado de Vendramini, Borracha foi assistente da seleção adulta, na Copa América de 1989. Uma posição que o técnico voltou a experimentar ao lado de Miguel Ângelo (Sul-Americano 2003) e de Antônio Carlos Barbosa (Mundial 2006). A trajetória em Sorocaba foi interrompida quando o assistente assumiu como treinador principal do time de Araçatuba. Com essa equipe, acabou conquistando o Sul-Americano de Clubes, em 1992, deixando para trás justamente a poderosa equipe de Sorocaba. O sucesso da dupla, no entanto, foi reeditado em grande estilo nas equipes de Hortência (Americana, Fluminense e Paraná). A partir de então, Borracha tem trabalhado com a seleção juvenil e comandado o time de São Caetano. Recém-chegado da conquista do Sul-Americano Sub-17 e às vésperas da estréia no Campeonato Nacional, o técnico falou ao blog por e-mail.

Borracha, sua trajetória como técnico ficou bastante marcada pela passagem como assistente do Vendramini. Eu queria que você comentasse essa parceria e qual teria sido seu o maior aprendizado nesse período? E qual a principal diferença na concepção de basquete de vocês?

O Vendramini é um bom estrategista e um ótimo administrador. Durante nossa parceria, aprendi muito sobre respeito, lealdade e principalmente amizade. Não há muitas diferenças entre nós. Talvez eu pense menos para falar as coisas.

008b No seu trabalho em clubes, sempre me chama a atenção o fato de você ser dos poucos técnicos que tem oferecido espaço para a nova geração nos clubes. Foi assim em São Caetano, com a Fabianna, Fernanda, Cláudia Leite e Sílvia, por exemplo. E nas últimas temporadas, o time esteve exclusivamente voltado para atletas sub-21. Primeiro, gostaria de saber se essa opção tem motivação mais econômica ou se ela faz parte de sua filosofia de trabalho. E que você comentasse por que atletas mais jovens têm tão pouco espaço hoje nas outras equipes.

Eu gosto de trabalhar com jovens atletas e me sinto realizado quando elas se destacam, mesmo que seja em outras equipes. Nas últimas temporadas, nós seguimos o regulamento dos Jogos Abertos (atletas até 21 anos), mas eu gostaria que fosse dada continuidade ao projeto utilizando algumas das jogadoras que estourassem a idade, pois elas ainda precisam de mais experiência.

Hoje em dia, temos poucas equipes e o resultado a curto prazo é o mais importante. Poucos se arriscam. Acreditam que uma exposição negativa pode denegrir a imagem do patrocinador e assim as mais jovens ficam num segundo plano.

Para essa temporada, o time terá atletas "maiores" (Jaqueline, Roberta e Eliane). Qual foi o motivo dessa decisão e até que ponto ela pode ameaçar o projeto original? E o que você pretende com esse time no Nacional?                                                                                                          

Na verdade, não mudamos o projeto. A Roberta tem 22 anos e a Jaqueline, 23. Demos um salto de qualidade. Em relação à Eliane, é uma  jogadora  que   necessitávamos.

Uma das questões básicas no trabalho com jovens atletas aqui no Brasil é o êxodo precoce. Você tem lapidado uma atleta que tentou esse caminho - a Nádia. E me recordo de a Graziane ter te elogiado bastante em entrevista a mim. Até que ponto uma transferência para o exterior no início da carreira pode afetar a carreira de uma atleta?

Sou contra essa saída das atletas. Elas teriam que se destacar nos nossos campeonatos internos, assumir responsabilidades, ganhar maturidade e treinar muito. Mas o dinheiro fala mais alto.

Atletas dessa geração como as que você tem trabalhado em013b São Caetano ainda tem dificuldades para se afirmar, talvez muito em função das dificuldades para encontrar mercado de trabalho no Brasil. Rapidamente posso citar Priscila Borges, Laís, Ariani, Clarissa e Danila, como exemplos. Até que ponto isso compromete a evolução delas? E na sua opinião, o que poderia ser feito para que essa trajetória fosse menos acidentada?

Como já falei, a continuidade do trabalho é o que vai determinar a evolução. Na temporada passada, com a saída da Priscila, da Laís e da Roberta, fomos obrigados a começar com um novo grupo. E as dificuldades apareceram, pois quem era coadjuvante passou a ser artista principal. Isso tem um preço.

Se seguimos um regulamento, muitas vezes nos prejudicamos, mas é o mercado e precisamos nos adaptar. Temos é que agradecer ao trabalho realizado em São Caetano.

Você acaba de retornar do Sul-Americano Sub-17 com a medalha de ouro, conquistada de forma invicta. Chamou a atenção o equilíbrio na disputa da competição. O trabalho de formação nos outros países sul-americanos têm melhorado ou o nosso piorou?

Acho que as duas coisas aconteceram juntas. Os outros países se organizaram. O Chile, por exemplo, apostou numa geração, treinou  durante dois anos e disputou o campeonato nacional interno com esta equipe. Foi vice-campeão.

A nossa equipe era inexperiente. Não tivemos muito intercâmbio. É uma geração que teve poucas oportunidades. Mas muito determinada e valente.

Quais seriam as maiores virtudes dessa seleção sub-17 treinada por você? E qual seria o principal fator a ser corrigido para a Copa América Sub-18 no próximo ano?

Essa seleção é formada por uma geração que sabe o que quer, dedicada e ‘afim’ de chegar. Nossa comissão técnica é fantástica e as meninas acreditaram na nossa proposta de trabalho.

Precisamos de intercâmbio internacional e maior número de encontros, para melhorarmos a qualidade de treinamento.

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A pivô Damiris foi o grande destaque nessa campanha. Eu queria que você falasse desse desempenho dela e do que você espera dessa geração com o retorno da Tássia?

A Damiris, além de ser uma  jogadora diferenciada, é uma pessoa fantástica: positiva ,solidária e amiga. Sou suspeito para falar, pois em apenas duas semanas de treinos, ela alcançou marcas incríveis.

Quanto à inclusão da Tássia, acho que daremos um salto de qualidade.

Como já disse, é uma geração comprometida com o trabalho. Essas meninas são ambiciosas e com certeza nos darão grandes alegrias.

Nas categorias de base, outro assunto bastante discutido é a queda na estatura das atletas. Como você explica esse fenômeno e até que ponto ele compromete o trabalho?

122b Esta geração realmente é carente de altura. Mas na geração de 1991, temos quatro ou cinco meninas com mais de 1,90m. Talvez possamos fazer uma mescla, quem sabe?

Acho que a migração para outros esportes, principalmente para o voleibol, fez com que muitas meninas deixassem de praticar o basquete.

Precisamos resgatar nossa modalidade e ganhar credibilidade. Acredito que a CBB e a Hortência estão no caminho certo.

10) Bate-Bola, para encerrar:

- Uma música: Travessia

- Um filme: Um sonho de liberdade

- Um livro: Nunca desista dos seus sonhos (Augusto Cury)

- Um técnico: João Francisco Bráz

- A melhor jogadora que eu vi jogar: a dupla Hortência e Paula

- A melhor jogadora que eu treinei: a dupla Paula e Hortência

- Uma jogadora estrangeira: Vicky Bullet

- Um jogo inesquecível: Brasil 48 X 46 Argentina, pelo Sul-Americano Sub-17

- Um jogo que eu queria esquecer, mas não consigo: nenhum

- Um time: a seleção brasileira sub 17

- Uma quadra: o Bolão, em Jundiaí

- Uma conquista na seleção: Sul Americano Sub 17

- Uma conquista em clubes: Sul-Americano de Clubes, por Araçatuba

- Uma mania: Minha Família

- Um sonho: Medalha Olímpica

11 comentários:

Anônimo disse...

Fala a verdade Borracha, vc não consegue esquecer as derrotas pra jundiaí nos jogos abertos!!!! rsrs

Cleverson disse...

Parabéns pela reportagem, amigo! E gostei de você ter questionado sobre a carência de atletas mais altas nas seleções de base atuais. Abraço :)

Anônimo disse...

Ann Donovan, com tecnica da seleção brasileira feminina, ja!!

Anônimo disse...

o borracha é uma graça....

Anônimo disse...

essa priscila borges é ruim, não dá.

Lucas Canossa disse...

Priscila Borges ruim? ahh...vc nao deve ter visto ela jogar então! ela é uma ótima jogadora! seus arremessos são ótimos!

Unknown disse...

Parabéns Borracha, voce merece.
Admiro seu trabalho.

Anônimo disse...

Parabéns Borracha! Enquanto muitos ficam falando você vai lá e faz...
Deixa esses recalcados de Jundiaí comemorarem e se contentarem com pouca coisa e continua fazendo bem a tua parte que muita coisa boa virá pra ti ainda...
Grande abraço

Paulinho disse...

O Borracha vai conduzir essa geração que vai disputar o Mundial Juvenil em 2011.

Gostei da mentalidade que ele demonstra nessa entrevista.

Acho que podemos esperar bons frutos do trabalho dele com esse grupo.

Desde que a Hortência cumpra sua promessa de não permitir que nossas seleções de base cheguem aos Mundiais sem intercâmbio internacional.

É muito bacana também o trabalho que ele faz em São Caetano, com jogadoras jovens que ainda precisam ser lapidadas, como Nádia e Djane.

Esse trabalho de formação que ocorre em São Caetano poderia servir como referência e ter o apoio da CBB para ser ampliado, pois muitas atletas precisam dessa transição entre a categoria de base e a adulta e não tem essa oportunidade.

O Borracha parece ser a pessoa ideal para formar um grupo de desenvolvimento com atletas sub-21 ou 23.

Ele citou até o exemplo do Chile que fez um trabalho semelhante e conseguiu resultados positivos.

Porque isso não ocorre no Brasil?


Vamos lá Hortência!

Anônimo disse...

Por quê recalcados, se o pessoal de Jundiaí só ganham, enquanto o pessoal de são caetano só perde.

Unknown disse...

Meu Professor de Ed. Física rsrsrsrs