Quem me vê em uma quadra hoje não acredita, mas, na infância, fui um armador talentoso e cheguei a ser bicampeão brasiliense de mini-basquete pelo Motonáutica. Não me lembro exatamente quando, mas a paixão pelo esporte começou muito cedo. Meu pai, que jogou – e dizem que bem – no Mackenzie e no Fluminense, me incentivou e eu passei a acompanhar tudo o que aparecia de basquete. Tudo, em meados da década de setenta, era muito pouco mas o que a TV mostrava e o jornal contava eu queria ver. Me lembro perfeitamente do Mundial das Filipinas, dos jogos do Sírio e, especialmente, de Paula e Hortência. Acima da média desde sempre, contavam com a cooperação de jogadoras valentes e determinadas, mas que, na maioria das vezes, careciam de altura, agilidade e, às vezes, talento. Elas brilhavam, mas o Brasil não chegava a lugar nenhum.
Esse preâmbulo enorme é só para que entendam que sempre gostei de basquete, mas jamais, nem nos meus sonhos mais caprichados, imaginei um dia ver um título Mundial da Seleção Feminina. Participar, então... Em abril de 1994 fui avisado que seria o assessor de imprensa da CBB no Campeonato Mundial da Austrália e acompanhei a seleção desde a temporada de Jogos Desafio no Nordeste. Nesse período, conheci um pouco sobre cada um dos integrantes da delegação e percebi que o time tinha algo a mais. Paula, Hortência e Janeth eram estrelas consagradas, mas ali contavam com a escolta de jovens valentes, talentosas e, finalmente, altas e ágeis. A comissão técnica se completava. Sinceramente, não pensava em título, mas acreditava que poderíamos fazer uma graça.
Já na Austrália, alguns momentos ficaram muito marcados na minha memória: um amistoso contra as donas da casa em que fomos atropelados, mas ninguém se abateu (as australianas estavam em forma – em todos os sentidos – mas o fuso horário e a arbitragem colaboraram). Mestre Waldir Pagan e Zé Pedro (massagista) pintando os tênis de preto na escada do hotel porque a organização exigira que todos fossem da mesma cor. E uma reunião na véspera da estreia, em que a Paula disse uma frase que acho que foi decisiva “não quero voltar pra casa achando que podíamos ter feito mais”.
Acompanhar treinos, refeições, encontros, passeios e jogos, ao lado deles, já era um privilégio. Chegar à final e ganhar foi o maior presente que já recebi. Meu sentimento em relação a todos o que participaram daquela conquista é de absoluta gratidão. Me deram a chance de viver um momento único e inesquecível.
Sérgio Barros é jornalista e foi assessor de imprensa da delegação do Brasil no Mundial da Austrália.
3 comentários:
Berti, além de Michele Timms e Sandy Brondelo, quem eram as feras do time australiano? Não entendo como perderam dos Estados Unidos duas vezes tão apertado (1 e 5 pontos) e me perdem da China aff!!!
(...) eu era simplismente um estudante de 16 anos, tentando passar no vestibular..., e na manhã de um sábado o Brasil enfrentaria a poderosa seleção Americana,...ao retornar da escola fiquei sabendo que a nossa seleção venceram as americanas.Também lembro das pequenas notas no jornal Nacional sobre a vitoria das meninas. Então, fã da Band-que na época transmitia tudo do badquete Feminino, acordei às 4h, para acompanhar o jogo que ficou na minha memória...fomos os melhores e novamente a globo só passou imagens e nada mais, dando total cobertura a copa do mundo de futebol, que ainda ia acontecer...valeu meninas!!!
Oi, Cleverson!
Olha só a Haixia estava em uma forma espetacular naquele torneio e dominava com folga qualquer garrafão. Entre as outras chinesas, não havia nenhuma outra estrela, mas a escola asiática sempre dominou bem os arremessos de longa distância. Então, elas se seguravam (muito) bem.
A Austrália estava em um período de transição, e essas duas aí se destacavam mesmo.
Ab.
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