Rainha vai cuidar de todo o projeto, desde as categorias de base até a decisão sobre a permanência de Paulo Bassul, técnico da seleção adulta
Rodrigo Alves
O basquete feminino brasileiro está sob novo reinado. Campeã mundial e medalhista olímpica, Hortência foi à posse do novo presidente da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), Carlos Nunes, e assumiu nesta terça-feira seu maior desafio desde que abandonou as quadras. Aos 49 anos, Rainha será responsável pela palavra final em tudo que se refere ao feminino – do projeto para as categorias de base à permanência ou não do técnico Paulo Bassul na seleção adulta.
- Estou muito feliz. A mudança é sempre boa, gera novas expectativas. Fiquei muito tempo afastada, mas sempre torci muito. O brasileiro gosta de basquete. Só falta dar para ele a oportunidade de voltar a se emocionar com o esporte – afirmou Hortência durante a cerimônia de posse no auditório da CBB, ao lado do ex-presidente Gerasime Bozikis, o Grego.
A ex-jogadora ainda não tem um cargo definido, mas ganhou carta branca de Carlos Nunes.
- A Hortência terá toda a autonomia no Departamento de Basquete Feminino, que não existe hoje mas será criado. Tivemos cinco reuniões durante a campanha, e ela participou de três – explicou o novo presidente, descartando um convite para Oscar no masculino, mas ressaltando que quer o Mão Santa presente, dando opiniões.
Antes de desenvolver o projeto de longo prazo, Hortência tem um assunto mais urgente a resolver: a situação do técnico Paulo Bassul, que não foi confirmado no cargo por Carlos Nunes – o presidente alegou “restrições” ao treinador dentro da própria seleção.
- Seria precipitado falar sobre isso agora, mas o nome do técnico é o que menos importa. Precisamos de um projeto para o basquete feminino. A decisão não vai ser só minha – afirmou a Rainha.
Jogadora decisiva nos tempos em que jogava, Hortência defende o retorno da ala Iziane, banida por Bassul após se recusar a voltar para a quadra numa partida do Pré-Olímpico em 2008.
- Esteja o Paulinho como técnico ou não, a volta da Iziane é fundamental. Temos de conduzir a comissão técnica de forma harmoniosa. Se eu estivesse ali no Pré-Olímpico, não teria deixado os dois darem entrevistas. Precisamos conversar com a Iziane, ela não teve o respaldo necessário no início da carreira – explicou.
Sobre a criação de uma versão feminina do Novo Basquete Brasil, Hortência diz não ter pressa. O presidente da Liga Nacional de Basquete, Kouros Monadjemi, já afirmou que a entrada das meninas só deve acontecer daqui a três anos.
- Vamos conversar. Se for para esperar três anos, se os argumentos forem bons, vamos esperar. O que importa é criar alicerces fortes. O apressado come cru, e eu não quero que isso aconteça – concluiu.
Hortência pede sorte ao basquete e faz ironia ao citar Rubens Barrichello
Rainha rouba a cena em cerimônia da CBB: ‘A estrela dele fica na bunda’
Na posse do novo presidente da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), Carlos Nunes, quem roubou a cena foi Hortência. Diante dos líderes das federações estaduais, a Rainha assumiu o comando do basquete feminino no país e deu várias provas do prestígio que a levou ao posto. No pequeno e lotado auditório da sede da entidade, no Centro do Rio de Janeiro, a ex-jogadora posou para fotos, comentou os quadros históricos nas paredes e foi chamada para a mesa durante a cerimônia. Como de hábito, não economizou nas palavras e fez até uma comparação com a Fórmula 1.
- Desejo muita sorte ao novo presidente, o basquete está precisando. Sorte é trabalho, mas é preciso ter estrela. O Rubinho Barrichello, por exemplo, tem estrela, apesar de muitos dizerem que não. Ele é milionário, ganha muito dinheiro. O problema é que a estrela dele fica na bunda e se apaga quando ele senta no cockpit – afirmou, arrancando gargalhadas dos presidentes de federações.
O prestígio de Hortência se mede pelo momento em que ela foi chamada para a mesa. Quando Carlos Nunes assinou o termo de posse e iniciou seu primeiro discurso como presidente da CBB, foi interrompido pelo chefe da federação do Acre, Atevaldo Santana, que chamou a ex-jogadora para a mesa.
- Não precisava, gente – afirmou Hortência, sorrindo, enquanto se sentava ao lado do ex-presidente Gerasime Bozikis, alvo de suas críticas nos últimos anos.
Encantada com os quadros nas paredes do auditório, que retravavam conquistas do basquete brasileiro, a Rainha se viu em alguns deles, como as fotos do Pan-Americano de Havana, em 1991, e do título mundial na Austrália, em 1994.
- Espero ver muito mais fotos naquela parede – afirmou, mais uma vez aplaudida pelos dirigentes.
Fonte: Globoesporte.com
Um comentário:
"Esteja o Paulinho como técnico ou não, a volta da Iziane é fundamental. Temos de conduzir a comissão técnica de forma harmoniosa. Se eu estivesse ali no Pré-Olímpico, não teria deixado os dois darem entrevistas. Precisamos conversar com a Iziane, ela não teve o respaldo necessário no início da carreira "
Hortência disse tudo, estou esperançoso com ela à frete do feminino.
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