Ao ser eleito presidente da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) na manhã desta segunda-feira, Carlos Nunes não pensou duas vezes em bancar a permanência do espanhol Moncho Monsalve na seleção masculina, mas hesitou em fazer o mesmo com Paulo Bassul na feminina. Citando “restrições ao treinador” na comissão técnica e defendendo a volta da ala Iziane, o novo presidente deu a entender que pode haver uma mudança de comando. Em Brasília, onde mora atualmente, Bassul se surpreendeu ao ler as declarações.
- Confesso que fui pego de surpresa, não por sair ou não da seleção, mas pelo conteúdo das entrevistas. Por enquanto ninguém falou nada comigo, estou aguardando uma declaração oficial. Lamento porque o próprio Carlinhos, após o Pré-Olímpico, veio me parabenizar pela vaga, dizendo que era um admirador do trabalho. Então eu me surpreendo pelo conteúdo dos argumentos agora, principalmente porque ele veio com essa intenção de profissionalizar o basquete – explicou Bassul, em entrevista por telefone ao GLOBOESPORTE.COM
Bassul explica que conhece Nunes há muito anos e o considera uma pessoa “bem intencionada, com planos audaciosos para o basquete brasileiro”.
- Temos que dar um tempo pra ele, deixar que ele organize sua equipe. O cargo não é do técnico, é do presidente. Qualquer decisão que ele venha a tomar é legítima. Só não desejo ser condenado em relação a um momento em que não havia outra saída - afirmou.
O técnico se refere ao episódio em que baniu Iziane da seleção, quando a ala se recusou a voltar à quadra na partida contra a Bielorrússia, pelo Pré-Olímpico mundial de 2008. Sem Iziane, o Brasil alcançou a vaga para Pequim, mas só conseguiu vencer uma vez na competição.
- Ali eu tinha que preservar a linha de trabalho, é a função do técnico fazer isso. E o que se espera dos dirigentes é retaguarda. Cabe ao dirigente avaliar se o técnico está certou ou não.
Espírito coletivo
Sobre um possível retorno de Iziane, Bassul afirma que isso só aconteceria com uma mudança de mentalidade da jogadora.
- É uma avaliação que tem de ser monitorada permanentemente. As pessoas são suscetíveis à mudança. Toda e qualquer jogadora de bom nível tem que jogar dentro do espírito coletivo que a seleção exige. Disso, eu não abro mão – garante.
A decisão de banir Iziane, elogiada na época do Pré-Olímpico, passou a ser criticada após o desempenho ruim nas Olimpíadas. Bassul alega que a geração atual sofre com a saída de jogadoras aposentadas e outras lesionadas, como a pivô Érika.
- Não se pode resumir o resultado ao episódio da Iziane. Essa questão está sendo conduzida de uma maneira pouco equilibrada. A geração excepcional com Paula e Hortência ficou em 11º e 10º nos dois primeiros Mundiais que disputou. No terceiro, foi campeã. É um processo de amadurecimento. Sem contar que a seleção hoje tem algumas excelentes jogadoras, mas ninguém com a diferença que Paula e Hortência faziam. Então passa a haver uma necessidade coletiva ainda maior - resume.
Fonte: Globoesporte.com
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