Dos bombons ao sonho de ser profissional
Menina que vendia bala na rua se prepara para sua primeira viagem de avião pelo Botafogo
Menina que vendia bala na rua se prepara para sua primeira viagem de avião pelo Botafogo
No esporte, a ginasta Jade Barbosa, as jogadoras Juliana e Larissa e a lutadora Natália Falavigna são alguns nomes de destaque neste Dia Internacional da Mulher. Daqui a oito ou 12 anos, em outro ano olímpico, pode ser a vez de Luciana dos Santos. A menina que vendia bombons na rua e em 2006 descobriu o basquete (assista ao vídeo ao lado) hoje sonha com o futuro profissional no esporte.
Aos 13 anos, continua treinando no Botafogo, agora no time infantil. Luciana, que sempre teve vontade de ser médica da aeronáutica, mesmo sem saber por quê, vive a ansiedade de sua primeira viagem de avião. Em julho, o time alvinegro vai a Novo Hamburgo (RS) disputar o Sul-Americano de Clubes.
O desafio de entrar num avião é apenas mais um na vida de Luciana. Transformar-se numa atleta profissional será outro.
- Não sei até que ponto uma jogadora que foi menina de rua até os 11 anos pode ter comprometido o desenvolvimento do organismo - avalia o técnico Orlando Assunção, que por outro lado vê características de sobra para que Luciana cresça na carreira. - Se você sonha alto e tem estrutura, só não chega longe se não quiser. Ela tem essa estrutura agora e possui força física, inteligência e rapidez. Você acha que ela, por tudo o que passou, iria tremer diante de uma russa ou uma americana?
Dificuldade de deixar as ruas
Antes de jogar basquete, Luciana chegou a morar na rua com a mãe e quatro irmãos, porque o mais velho estava se aproximando do mundo do crime. Dormiam na praia de Copacana ou, em caso de chuva, embaixo de um viaduto em Botafogo. A mudança de vida foi radical, mas difícil. A menina não conseguia entender por que, de uma hora para outra, havia ganhado o direito de estudar e abandonar a rua e os bombons.
Foi preciso que o psicólogo do Botafogo entrasse em cena para fazê-la se acostumar a uma nova realidade - para a qual ela ainda tem medo de voltar.
- Não quero mais vender bombom, pedir dinheiro e morar na rua. Às vezes fico no meu canto e choro por estar feliz - diz Luciana.
Ajuda de conselheiro
Ela mora na favela Nova Holanda com a mãe, que está sem emprego, e o irmão engraxate. Vivem basicamente com a ajuda de R$ 1,2 mil mensais dada por um conselheiro do Botafogo que viu a reportagem com Luciana em 2006 e que serão pagos até que ela complete 21 anos. Três outros irmãos moram de segunda a sexta-feira numa escola, em uma ação social da prefeitura, e duas irmãs já saíram de casa.
Luciana curte a fase em que faz amizades diferentes, com "meninas arrumadinhas". Após os dois anos de vida nova, segundo o técnico Orlando Assunção, ela fala com mais desenvoltura, ganhou auto-estima e tem educação melhor - não esquece de pôr ao menos chinelos se vai ao shopping, por exemplo.
Ao falar no futuro, ela pensa primeiro na família e, em particular, na mãe.
- Quero que a minha mãe consiga trabalho e tenha uma casa própria, para eu morar com meus irmãos. Teria que ser uma casa grande, né? - diz, rindo. - E espero ser uma jogadora profissional.
Aos 13 anos, continua treinando no Botafogo, agora no time infantil. Luciana, que sempre teve vontade de ser médica da aeronáutica, mesmo sem saber por quê, vive a ansiedade de sua primeira viagem de avião. Em julho, o time alvinegro vai a Novo Hamburgo (RS) disputar o Sul-Americano de Clubes.
O desafio de entrar num avião é apenas mais um na vida de Luciana. Transformar-se numa atleta profissional será outro.
- Não sei até que ponto uma jogadora que foi menina de rua até os 11 anos pode ter comprometido o desenvolvimento do organismo - avalia o técnico Orlando Assunção, que por outro lado vê características de sobra para que Luciana cresça na carreira. - Se você sonha alto e tem estrutura, só não chega longe se não quiser. Ela tem essa estrutura agora e possui força física, inteligência e rapidez. Você acha que ela, por tudo o que passou, iria tremer diante de uma russa ou uma americana?
Dificuldade de deixar as ruas
Antes de jogar basquete, Luciana chegou a morar na rua com a mãe e quatro irmãos, porque o mais velho estava se aproximando do mundo do crime. Dormiam na praia de Copacana ou, em caso de chuva, embaixo de um viaduto em Botafogo. A mudança de vida foi radical, mas difícil. A menina não conseguia entender por que, de uma hora para outra, havia ganhado o direito de estudar e abandonar a rua e os bombons.
Foi preciso que o psicólogo do Botafogo entrasse em cena para fazê-la se acostumar a uma nova realidade - para a qual ela ainda tem medo de voltar.
- Não quero mais vender bombom, pedir dinheiro e morar na rua. Às vezes fico no meu canto e choro por estar feliz - diz Luciana.
Ajuda de conselheiro
Ela mora na favela Nova Holanda com a mãe, que está sem emprego, e o irmão engraxate. Vivem basicamente com a ajuda de R$ 1,2 mil mensais dada por um conselheiro do Botafogo que viu a reportagem com Luciana em 2006 e que serão pagos até que ela complete 21 anos. Três outros irmãos moram de segunda a sexta-feira numa escola, em uma ação social da prefeitura, e duas irmãs já saíram de casa.
Luciana curte a fase em que faz amizades diferentes, com "meninas arrumadinhas". Após os dois anos de vida nova, segundo o técnico Orlando Assunção, ela fala com mais desenvoltura, ganhou auto-estima e tem educação melhor - não esquece de pôr ao menos chinelos se vai ao shopping, por exemplo.
Ao falar no futuro, ela pensa primeiro na família e, em particular, na mãe.
- Quero que a minha mãe consiga trabalho e tenha uma casa própria, para eu morar com meus irmãos. Teria que ser uma casa grande, né? - diz, rindo. - E espero ser uma jogadora profissional.
Fonte: GloboEsporte.Com
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