segunda-feira, 16 de outubro de 2006

Hortência reencontra primeira professora
Incentivadora da Rainha foi Marlene, ex-jogadora da seleção brasileira


Fábio Balassiano , Esporte Espetacular

NITERÓI, RJ ? O ano era 1973, e a pergunta "Você não vem treinar?" mudou a história do basquete brasileiro. As personagens se reencontraram depois de trinta e três anos, em Niterói, onde na quarta-feira Marlene, bi-campeã Pan-Americana em 67 e 71, recebeu a visita de Hortência, como homenagem pelo Dia do Mestre, que se comemora neste domingo. Foi a ex-atleta da seleção, à época treinadora das equipes de base do São Caetano, a primeira a lapidar o talento da eterna Rainha do basquete brasileiro no ginásio Lauro Gomes, em São Caetano.

- Fico muito emocionada com a homenagem da Hortência nesta data, mas desde aquela época, mesmo muito franzina e sem força física, ela já era um diamante. Meu único trabalho foi lapidá-la ? afirma Marlene, pivô que também conquistou o bronze no Mundial de 1967, realizado em São Paulo.

Daquele dia em que começou a treinar com Marlene, Hortência chegou à seleção brasileira em apenas dois anos, não saiu mais e conquistou o título mundial em 1994, a medalha de prata em 1996 e foi indicada para o Salão da Fama da modalidade. A ex-jogadora destaca o papel dos professores em sua trajetória.

- Mais que o aspecto técnico que a Marlene me ensinou, foi no lado do caráter, do espírito coletivo e do amor pelo esporte em que mais aprendi. Depois de ser treinada por ela pude ver que os aspectos comportamentais da Marlene me influenciaram muito como pessoa ? diz Hortência, lembrando que aos 14 anos não possuía condição financeira para comprar um tênis apropriado para utilizar nas quadras e, apesar da diferença de altura (Marlene mede 1,80m), a professora lhe presenteou com o primeiro modelo.

Rainha destaca papel dos professores no país
Campeã do mundo ressalta trabalho de Marlene na formação de seu caráter


Fábio Balassiano

No dia em que reencontrou a primeira professora de basquete de sua vida, a ex-jogadora da seleção Marlene, Hortência dedicou elogios a todos os seus professores, que comemoram o Dia do Mestre neste domingo.


- Só tenho a agradecer a todos aqueles que me incentivaram e me ajudaram a me tornar a pessoa que sou hoje. O papel de um educador é fundamental na sociedade, e é uma pena que ele seja tão pouco valorizado no Brasil. O que a Marlene fez comigo é indescritível e mudou a minha vida ? afirma a rainha do basquete brasileiro, lembrando que as duas maiores emoções da sua vida esportiva foram o recebimento da medalha de ouro no Pan-Americano de 1991 das mãos de Fidel Castro e o primeiro encontro com a imponente Marlene, em São Caetano.

Professora de Educação física aposentada, Marlene, atualmente com 68 anos, ressalta a sua maior alegria ao longo de todos os anos como educadora.

- Minha maior satisfação é saber que grande parte dos alunos com quem tenho contato até hoje se tornaram cidadãos com dignidade e honra. Isso ultrapassa a barreira esportiva que a função exigiria e me deixa muito emocionada ? diz Marlene com lágrimas nos olhos.

Hortência defende troca de técnico na seleção
Rainha cobra mais "atrevimento" e afirma que tiraria Barbosa do cargo


Fábio Balassiano


Campeã mundial em 1994 e medalha de prata nas Olimpíadas de Atlanta, Hortência defende a renovação no comando técnico da seleção feminina de basquete. A Rainha afirmou que, caso fosse consultada pela Confederação Brasileira, tiraria o treinador Antonio Carlos Barbosa do cargo.

- O tempo é de renovação, em todos os sentidos, e por isso eu tiraria o Barbosa. Como o Gerasime Bozikis (o Grego, presidente da CBB) confia muito nele, ele poderia ocupar um cargo de diretor técnico ou diretor de seleções da entidade ? analisa a campeã Pan-Americana de 1991, em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, defendendo também a contratação de um treinador exclusivo para a seleção.

Como a Confederação perdeu a chance de massificar o basquete com a realização do Mundial Feminino em São Paulo, Hortência acredita que todos os envolvidos com a modalidade precisam de um pouco mais de atrevimento. Alheias às mudanças técnicas, as jogadoras brigam para receber as diárias pelo período em que serviram à seleção.

- O basquete brasileiro está igual a namoro morno: ninguém se atreve a melhorar, a mudar a situação. O Grego é um dirigente extremamente centralizador, decide tudo sozinho e por isso ninguém pode cooperar. Já passou da hora de o nosso esporte dar uma virada, contornar a situação ? diz a ex-atleta, lembrando que o sucesso do campeonato de basquete de rua no país não tem apoio algum da Confederação.

Assim como Paula, sua ex-companheira de seleção, Hortência já está conformada por nunca ter sido chamada pelos dirigentes brasileiros para ajudar na reestruturação da modalidade. Eleita para o Hall da Fama, ela cita os americanos como exemplo.

- Falta, acima de tudo, um projeto de iniciação esportiva desde a base, para que atletas como Norminha e Éder Jofre sejam reconhecidos pelas novas gerações. Pelo convite para a cerimônia de inclusão do Charles Barkley no Salão da Fama, recebi uma placa comemorativa, mais uma homenagem e agradecimentos pelos meus feitos no basquete. No Brasil, isso jamais aconteceu comigo, que dirá com ídolos de outras décadas ? declara a Rainha.

Alessandra dá prazo até terça-feira para a CBB
Jogadora pretende entrar com representação na Fiba se não houver acordo


Fábio Balassiano

A pivô Alessandra deu um ultimato à Confederação Brasileira de Basquete para resolver o impasse a respeito do seguro do Campeonato Mundial. Na terça-feira, ela vai a uma reunião da CBB em São Paulo para tentar resolver a situação de forma amigável com o presidente da instituição, Gerasime Bozikis, o Grego. Se não houver acordo, a jogadora pretende adotar uma posição mais radical: entrar com uma representação na Fiba contra a Confederação.

- Acredito numa solução amigável. Caso isso não aconteça, vou atrás dos meus direitos até última instância, na Fiba - explicou Alessandra, em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM.


Segundo a pivô, Grego teria ficado de ligar para ela nesta sexta, mas não fez contato até o fim da tarde. Diante disso, a última tentativa de contornar a crise fica para a reunião de terça-feira.

Alessandra sofreu uma grave lesão no ombro esquerdo na semifinal do torneio, contra a Austrália, e não jogou a disputa do bronze contra os Estados Unidos. A atleta cobra da CBB a promessa de que haveria um seguro contra lesões no Mundial. Por causa da contusão, ela afirma ter perdido a chance de assinar contrato com clubes da Europa. Cobra, inclusive, que a CBB faça o ressarcimento do valor da proposta recebida.

O GLOBOESPORTE.COM tentou falar com o presidente Grego nesta sexta-feira, mas não conseguiu contato.

Janeth aposta em solução pacífica com a CBB
A exemplo de Alessandra, ala também ainda não recebeu diárias do Mundial


Rodrigo Alves

Após terem mantido a seleção brasileira entre as quatro melhores do planeta, as jogadoras agora correm por outro motivo: o recebimento dos salários. A exemplo da pivô Alessandra, que ainda não viu a cor das diárias pelos 60 dias a serviço da CBB no Mundial de basquete, a ala Janeth também confirmou que o valor não bateu em sua conta bancária. Ainda assim, a líder do grupo espera uma solução pacífica até o início da próxima semana.

- O meu não saiu, mas espero que a Confederação faça o pagamento o mais rápido possível. Por causa do feriado, acho que o problema vai se resolver até a semana que vem - afirmou Janeth, em conversa com o GLOBOESPORTE.COM.

Alessandra cobrou, em entrevista ao jornal "Lance!", que as jogadoras se unam para exigir o pagamento. Ela ficou irritada com o tratamento que recebeu do presidente da instituição, Gerasime Bozikis, o Grego, no Rio de Janeiro.

- Fiquei duas horas esperando na CBB e ele não apareceu. Agora, meu advogado vai juntar minhas provas e entrar na Justiça - disse Alessandra ao "Lance!".

Por enquanto, Janeth prefere não partir para uma opção radical.

- Primeiro, temos que conversar com a Confederação e depois, sim, pensar em fazer algum movimento. É uma ajuda de custo, não são valores tão expressivos, mas precisamos resolver esse mal-entendido - afirmou.

A CBB tinha prometido para o dia 7 deste mês o pagamento das diárias de R$ 260, o que renderia cerca de R$ 15 mil para cada uma das atletas que ficaram 60 dias com a seleção. Janeth se apresentou depois e perdeu o primeiro mês de treinos.

O GLOBOESPORTE.COM tentou encontrar o presidente Grego, mas a assessoria de imprensa da CBB não atendeu as ligações, provavelmente devido ao feriado.

Janeth aguarda definição sobre o Nacional
Ala quer ficar no Brasil até o ano que vem e pode jogar por São Caetano


Rodrigo Alves

Após comandar a seleção brasileira no Mundial de basquete, a ala Janeth espera a definição sobre o Nacional feminino para decidir seu futuro nas quadras. A intenção da jogadora é ficar no Brasil até o início da pré-temporada da liga americana, a WNBA, em maio de 2007. O provável destino de Janeth é a equipe do São Caetano, no ABC paulista.

- Minha idéia é ficar no Brasil, mas vamos esperar a definição do Campeonato Nacional. Quando estiver tudo certo, começo a negociar - explica Janeth ao GLOBOESPORTE.COM.

As 13 equipes que participaram da reunião na CBB para definir o formato do Nacional têm até segunda-feira para confirmar a inscrição. O torneio vai de 18 de novembro a 24 de março. Após o Nacional, Janeth pretende voltar ao Houston Comets, nos Estados Unidos, onde já conquistou quatro títulos.

- Tenho passe livre e a credibilidade que conquistei no time deve facilitar o acordo - afirma a jogadora.

Quanto à seleção brasileira, ela mantém a convicção de jogar até o Pan-Americano do Rio, no ano que vem, e se aposentar em seguida.

- A decisão está mais do que mantida - sentencia Janeth, descartando a possibilidade de esticar a carreira até as Olimpíadas de Pequim, em 2008.







Fonte: GLOBOESPORTE.COM

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