Entrevista - Janeth, na Gazeta Espostiva
Por Marta Teixeira
Aos 37 anos, a ala Janeth é uma das referências na seleção brasileira feminina de basquete. Dona de duas medalhas olímpicas, uma mundial, ela é o símbolo da transição entre a geração Paula e Hortência e as novas jogadoras do Brasil.
Com quase 20 anos de seleção brasileira, Janeth já definiu seu futuro para os próximos anos e ensaia a despedida da camisa amarela para bem próximo. Nesta semana, ela estréia naquele que planeja ser seu último Campeonato Mundial, em São Paulo, mas guarda para os Jogos Pan-americanos Rio-2007 o projeto de aposentadoria. “Vai ser emocionante parar jogando lá”, reconhece a atleta.
Em entrevista à Gazeta Esportiva.Net, Janeth fala sobre seus projetos, a luta para manter seu Centro de Treinamento e deixa entrever uma pequena chance de ser seduzida pelas Olimpíadas de 2008, em Pequim.
Gazeta Esportiva.Net - Você está satisfeita com a preparação?
Janeth - É difícil você falar. O ideal você só fica sabendo depois que terminar o Campeonato. Dependendo do resultado você vai falar: pôxa, ficou faltando, poderia ter sido outro. É muito relativo.
GE.Net - Qual sua recordação do último Mundial (China-2002)?
Janeth - Aquele Mundial foi uma coisa (diz com um meio-sorriso). Perdemos na última bola. Aí fomos para as Olimpíadas e no primeiro jogo matamos a pau. Tem coisas que são muito do lado psicológico.
GE.Net - Vocês não foram bem em 2002 e em Atenas voltaram sem medalha, apesar de terem permanecido entre as quatro melhores do mundo. Este Mundial serve para mostrar que a força continua?
Janeth - Acho que foram fatos de momento, até mesmo nas Olimpíadas. Tudo depende do dia. Depois tem que considerar se você vai enfrentar Espanha, Rússia, República Tcheca ou os Estados Unidos na semifinal. Vai depender muito de como a equipe toda vai estar naquele dia, assim também como o adversário. Tem que estar todo mundo ligado na mesma sintonia.
GE.Net - Mas qual resultado seria satisfatório para o Brasil?
Janeth - Temos que subir no pódio e disputar medalha. Com as jogadoras que a seleção tem, não há outro resultado.
GE.Net - O Mundial está voltando a São Paulo depois de 23 anos (em 1983, o torneio foi realizado no Brasil com jogos em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Porto Alegre). O que significa para você esta competição aqui?
Janeth - As motivações são muitas, porque o que me motivou a jogar basquete foi ver o Mundial de 1983. Depois veio o título com Paula e Hortência (Austrália, 1994) e quero estar bem neste, me dedicando e me doando como sempre e, com certeza, vai valer a pena. São cinco mundiais e deu para a gente fazer muita coisa.
GE.Net - E você ficou satisfeita com a divulgação do Mundial para atrair o público?
Janeth - Ninguém tá sabendo e você fica assim... O que você vai fazer? Isso é responsabilidade de quem tem realmente de fazer isso.
GE.Net - Você está disputando este Mundial em casa e depois tem o Pan...
Janeth - Minha intenção é, no ano que vem no Pan-americano, encerrar minha carreira na seleção brasileira e aí só jogar em clube.
GE.Net - Então, a expectativa para o Pan é grande?
Janeth - Claro, tem toda aquela ansiedade de estar participando. Mas ainda tenho que ver, porque é na mesma época da WNBA.
GE.Net - Com a decisão de parar no Pan você dá adeus à possibilidade de lutar por uma medalha de ouro olímpica, a única que falta em sua coleção (além do título mundial, Janeth foi medalhista de prata nos Jogos Olímpicos de Atlanta/96 e bronze em Sydney/2000)...
Janeth - Pois é, com essa coisa de Olimpíada fico muito em dúvida e ainda quero pensar um pouco depois. Já estou há 20 anos na seleção. Vou pensar depois do Pan porque ainda pretendo jogar mais dois anos na WNBA e quero fechar minha carreira como a estrangeira que mais jogou lá. No meu coração ainda tem 45% que diz sim (a outra olimpíada), mas vou estar com 39 anos. Não quero ir apenas para participar, para que digam, olha a Janeth lá na quinta olimpíada, quero ir para competir.
GE.Net - Ou seja, depois da seleção seu projeto como clube é estar vinculada à WNBA?
Janeth - A não ser que aconteça alguma coisa. São três meses apenas de competição (na WNBA), tem que ver o que acontece.
GE.Net - Você marcou o período de transição entre a geração Paula/Hortência e uma nova época. Agora que está pensando em sair, você se preocupa com o futuro da seleção?
Janeth - A gente sempre se preocupa. O que quero quer e espero é que apareçam mais jogadoras, que o Brasil possa continuar entre as melhores seleções do mundo e conquiste resultados. De repente, vamos ter uma seleção que não terá ídolos, mas que vai ter que jogar muito mais unida, com a responsabilidade muito mais dividida. Vamos ver que trabalhos de renovação vão acontecer. Torcer para que estas jogadoras que vierem possam manter o que já foi conquistado, para não acontecer o que aconteceu com o masculino que ficou tantos anos sem participar de Olimpíadas, nem ir para o Mundial, e não conseguir ficar pelo menos entre os oito. É complicado, mas a gente espera que a nova geração consiga manter por muito tempo a posição que o Brasil ocupa hoje.
GE.Net - Quando Paula e Hortência saíram, você já estava no grupo e tinha um certo peso. Vê alguém em situação parecida nesta nova geração?
Janeth - Eu não sei. É difícil falar. No meu caso aconteceu muito naturalmente porque já estava dividindo responsabilidade com Paula e Hortência. Hoje, você vê muita jogadora no mesmo nível. Não é diminuindo, desmerecendo nem nada. Mas aí fica difícil você falar quem poderia se sobressair. De repente, isso acontece depois que eu parar e é o que espero. Mas agora não saberia dizer quem pode ser.
GE.Net - Você é uma jogadora disputada no exterior, mas na última temporada simplesmente não conseguiu jogar no Brasil...
Janeth - Porque não tem clube e até mesmo apoio dos clubes. Você sabe que a questão salarial não é fundamental para mim. Não que eu não precise de dinheiro, mas o problema é falta de apoio mesmo. O investimento é precário e a opção é realmente jogar no exterior.
GE.Net - Com isso você foi para sua primeira temporada na Europa, após muito tempo com eles tentando contratá-la...
Janeth - Foi diferente. Até então eu nunca quis jogar na Europa. É um campeonato fortíssimo, muito disputado, que tem Euroliga, mas acho que as condições, o planejamento é tudo muito relacionado ao que existe aqui no Brasil. É diferente dos Estados Unidos onde tudo é muito profissional.
GE.Net - Como assim?
Janeth - Na Europa, eu viajava como daqui para Catanduva de ônibus, eu viajava o dia inteiro de ônibus. Lá (EUA) não. Viagem de três horas, você vai de avião. Era como eu já sabia. Assim, eu não ia porque eu pensava: para ir lá, fico jogando aqui, porque até então tinha clubes me chamando e eu estava na minha casa com a minha família. Como nunca coloquei o motivo financeiro em primeiro, sempre quis estar em um lugar onde me sentisse bem, pudesse desenvolver meu basquete e aprender.
GE.Net - Mas de alguma forma esta participação te surpreendeu?
Janeth - Era o que eu sabia e falavam. Não surpreendeu nem para mais, nem para menos. Só o frio que é muito frio mesmo e os ginásios são como os daqui, que não têm calefação. Nos Estados Unidos, todo ginásio é climatizado. Mas é outro mundo, com dinheiro, é claro, que você faz as coisas bem mais organizadas. São outros mundos e meu sonho sempre foi jogar a liga profissional nos Estados Unidos. Por isso, a Europa nunca me fascinou.
GE.Net - Bom, você chegou à WNBA e muito mais que apenas isso. São quatro títulos, reconhecimento do técnico, da Liga tanto que foi uma das poucas estrangeiras indicadas para a eleição das atletas mais importantes da história da competição em seu décimo aniversário...
Janeth - Foi muito legal. Fui a 12ª jogadora do mundo escolhida para jogar na Liga. Mas sei que perdi muitos votos porque fiquei um ano sem participar. Se estivesse ali, com certeza acho que teria conseguido. Mas também só teve uma estrangeira escolhida, as outras foram todas americanas e muitas fizeram muitas coisas pela WNBA. E tem outra coisa, já tinham escolhido quatro dos Comets, aí fica meio complicado (rindo). Mas como reconhecimento é excelente.
GE.Net - Maior do que o que existe no Brasil?
Janeth - De repente, não o reconhecimento, mas o respeito pelo meu trabalho acaba sendo maior.
GE.net - Aqui você luta para conseguir quem te apóie a manter seu projeto social...
Janeth - Pois é, tudo acaba sendo uma bola de neve. Mas a gente sempre acredita que apareça alguém que ajude ou que tenha uma lei de incentivo que possa cooperar para que o atleta não precise chegar e tomar esta iniciativa. Mas o atleta também tem de ser exemplo, fazendo trabalho social e dando esperanças para muitos jovens.
GE.Net - Como se não bastasse esta situação, o basquete ainda atravessou uma crise complicada na última temporada...
Janeth - A coisa ficou aguda nestes últimos meses. Mas tenho o pensamento claro que, se as pessoas deixarem um pouco a vaidade de lado, podem melhorar a situação. Se você repartir de modo igual, as coisas melhoram. Fiquei muito triste porque algumas equipes masculinas terminaram, mas no feminino não é muito diferente. Já temos poucas equipes e acho que tem espaço para todos.
GE.Net - Em sua opinião, tudo o que aconteceu teve ligação direta com a criação da Nossa Liga?
Janeth - Uma hora ou outra, ia acabar acontecendo. O que vem mostra que tem aqueles que estão juntos, lutando para o bem do basquete e aqueles que estão lutando com o basquetebol. O atleta está nos dois lados: quer lutar para e com. A crise ocorreria independente se houvesse ou não a NLB. É uma coisa que vem vindo e é triste estar acontecendo perto de competições importantíssimas.
GE.Net - Na Nossa Liga você estava envolvida com a formação de uma associação de atletas. Como está este projeto e você acha que, se já existisse, a associação poderia ter feito algo?
Janeth - Demos uma parada porque teríamos que entender muito mais como funciona isso e se os clubes não estão muito juntos para uma liga ou com a Confederação, imagine os atletas. Eles também iriam ficar divididos. Precisamos saber muito mais como funciona a lei para fazer uma coisa mais sólida que, independente, do atleta estar ou não em um clube, ele faça parte.
Fonte: Gazeta Esportiva
Por Marta Teixeira
Aos 37 anos, a ala Janeth é uma das referências na seleção brasileira feminina de basquete. Dona de duas medalhas olímpicas, uma mundial, ela é o símbolo da transição entre a geração Paula e Hortência e as novas jogadoras do Brasil.
Com quase 20 anos de seleção brasileira, Janeth já definiu seu futuro para os próximos anos e ensaia a despedida da camisa amarela para bem próximo. Nesta semana, ela estréia naquele que planeja ser seu último Campeonato Mundial, em São Paulo, mas guarda para os Jogos Pan-americanos Rio-2007 o projeto de aposentadoria. “Vai ser emocionante parar jogando lá”, reconhece a atleta.
Em entrevista à Gazeta Esportiva.Net, Janeth fala sobre seus projetos, a luta para manter seu Centro de Treinamento e deixa entrever uma pequena chance de ser seduzida pelas Olimpíadas de 2008, em Pequim.
Gazeta Esportiva.Net - Você está satisfeita com a preparação?
Janeth - É difícil você falar. O ideal você só fica sabendo depois que terminar o Campeonato. Dependendo do resultado você vai falar: pôxa, ficou faltando, poderia ter sido outro. É muito relativo.
GE.Net - Qual sua recordação do último Mundial (China-2002)?
Janeth - Aquele Mundial foi uma coisa (diz com um meio-sorriso). Perdemos na última bola. Aí fomos para as Olimpíadas e no primeiro jogo matamos a pau. Tem coisas que são muito do lado psicológico.
GE.Net - Vocês não foram bem em 2002 e em Atenas voltaram sem medalha, apesar de terem permanecido entre as quatro melhores do mundo. Este Mundial serve para mostrar que a força continua?
Janeth - Acho que foram fatos de momento, até mesmo nas Olimpíadas. Tudo depende do dia. Depois tem que considerar se você vai enfrentar Espanha, Rússia, República Tcheca ou os Estados Unidos na semifinal. Vai depender muito de como a equipe toda vai estar naquele dia, assim também como o adversário. Tem que estar todo mundo ligado na mesma sintonia.
GE.Net - Mas qual resultado seria satisfatório para o Brasil?
Janeth - Temos que subir no pódio e disputar medalha. Com as jogadoras que a seleção tem, não há outro resultado.
GE.Net - O Mundial está voltando a São Paulo depois de 23 anos (em 1983, o torneio foi realizado no Brasil com jogos em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Porto Alegre). O que significa para você esta competição aqui?
Janeth - As motivações são muitas, porque o que me motivou a jogar basquete foi ver o Mundial de 1983. Depois veio o título com Paula e Hortência (Austrália, 1994) e quero estar bem neste, me dedicando e me doando como sempre e, com certeza, vai valer a pena. São cinco mundiais e deu para a gente fazer muita coisa.
GE.Net - E você ficou satisfeita com a divulgação do Mundial para atrair o público?
Janeth - Ninguém tá sabendo e você fica assim... O que você vai fazer? Isso é responsabilidade de quem tem realmente de fazer isso.
GE.Net - Você está disputando este Mundial em casa e depois tem o Pan...
Janeth - Minha intenção é, no ano que vem no Pan-americano, encerrar minha carreira na seleção brasileira e aí só jogar em clube.
GE.Net - Então, a expectativa para o Pan é grande?
Janeth - Claro, tem toda aquela ansiedade de estar participando. Mas ainda tenho que ver, porque é na mesma época da WNBA.
GE.Net - Com a decisão de parar no Pan você dá adeus à possibilidade de lutar por uma medalha de ouro olímpica, a única que falta em sua coleção (além do título mundial, Janeth foi medalhista de prata nos Jogos Olímpicos de Atlanta/96 e bronze em Sydney/2000)...
Janeth - Pois é, com essa coisa de Olimpíada fico muito em dúvida e ainda quero pensar um pouco depois. Já estou há 20 anos na seleção. Vou pensar depois do Pan porque ainda pretendo jogar mais dois anos na WNBA e quero fechar minha carreira como a estrangeira que mais jogou lá. No meu coração ainda tem 45% que diz sim (a outra olimpíada), mas vou estar com 39 anos. Não quero ir apenas para participar, para que digam, olha a Janeth lá na quinta olimpíada, quero ir para competir.
GE.Net - Ou seja, depois da seleção seu projeto como clube é estar vinculada à WNBA?
Janeth - A não ser que aconteça alguma coisa. São três meses apenas de competição (na WNBA), tem que ver o que acontece.
GE.Net - Você marcou o período de transição entre a geração Paula/Hortência e uma nova época. Agora que está pensando em sair, você se preocupa com o futuro da seleção?
Janeth - A gente sempre se preocupa. O que quero quer e espero é que apareçam mais jogadoras, que o Brasil possa continuar entre as melhores seleções do mundo e conquiste resultados. De repente, vamos ter uma seleção que não terá ídolos, mas que vai ter que jogar muito mais unida, com a responsabilidade muito mais dividida. Vamos ver que trabalhos de renovação vão acontecer. Torcer para que estas jogadoras que vierem possam manter o que já foi conquistado, para não acontecer o que aconteceu com o masculino que ficou tantos anos sem participar de Olimpíadas, nem ir para o Mundial, e não conseguir ficar pelo menos entre os oito. É complicado, mas a gente espera que a nova geração consiga manter por muito tempo a posição que o Brasil ocupa hoje.
GE.Net - Quando Paula e Hortência saíram, você já estava no grupo e tinha um certo peso. Vê alguém em situação parecida nesta nova geração?
Janeth - Eu não sei. É difícil falar. No meu caso aconteceu muito naturalmente porque já estava dividindo responsabilidade com Paula e Hortência. Hoje, você vê muita jogadora no mesmo nível. Não é diminuindo, desmerecendo nem nada. Mas aí fica difícil você falar quem poderia se sobressair. De repente, isso acontece depois que eu parar e é o que espero. Mas agora não saberia dizer quem pode ser.
GE.Net - Você é uma jogadora disputada no exterior, mas na última temporada simplesmente não conseguiu jogar no Brasil...
Janeth - Porque não tem clube e até mesmo apoio dos clubes. Você sabe que a questão salarial não é fundamental para mim. Não que eu não precise de dinheiro, mas o problema é falta de apoio mesmo. O investimento é precário e a opção é realmente jogar no exterior.
GE.Net - Com isso você foi para sua primeira temporada na Europa, após muito tempo com eles tentando contratá-la...
Janeth - Foi diferente. Até então eu nunca quis jogar na Europa. É um campeonato fortíssimo, muito disputado, que tem Euroliga, mas acho que as condições, o planejamento é tudo muito relacionado ao que existe aqui no Brasil. É diferente dos Estados Unidos onde tudo é muito profissional.
GE.Net - Como assim?
Janeth - Na Europa, eu viajava como daqui para Catanduva de ônibus, eu viajava o dia inteiro de ônibus. Lá (EUA) não. Viagem de três horas, você vai de avião. Era como eu já sabia. Assim, eu não ia porque eu pensava: para ir lá, fico jogando aqui, porque até então tinha clubes me chamando e eu estava na minha casa com a minha família. Como nunca coloquei o motivo financeiro em primeiro, sempre quis estar em um lugar onde me sentisse bem, pudesse desenvolver meu basquete e aprender.
GE.Net - Mas de alguma forma esta participação te surpreendeu?
Janeth - Era o que eu sabia e falavam. Não surpreendeu nem para mais, nem para menos. Só o frio que é muito frio mesmo e os ginásios são como os daqui, que não têm calefação. Nos Estados Unidos, todo ginásio é climatizado. Mas é outro mundo, com dinheiro, é claro, que você faz as coisas bem mais organizadas. São outros mundos e meu sonho sempre foi jogar a liga profissional nos Estados Unidos. Por isso, a Europa nunca me fascinou.
GE.Net - Bom, você chegou à WNBA e muito mais que apenas isso. São quatro títulos, reconhecimento do técnico, da Liga tanto que foi uma das poucas estrangeiras indicadas para a eleição das atletas mais importantes da história da competição em seu décimo aniversário...
Janeth - Foi muito legal. Fui a 12ª jogadora do mundo escolhida para jogar na Liga. Mas sei que perdi muitos votos porque fiquei um ano sem participar. Se estivesse ali, com certeza acho que teria conseguido. Mas também só teve uma estrangeira escolhida, as outras foram todas americanas e muitas fizeram muitas coisas pela WNBA. E tem outra coisa, já tinham escolhido quatro dos Comets, aí fica meio complicado (rindo). Mas como reconhecimento é excelente.
GE.Net - Maior do que o que existe no Brasil?
Janeth - De repente, não o reconhecimento, mas o respeito pelo meu trabalho acaba sendo maior.
GE.net - Aqui você luta para conseguir quem te apóie a manter seu projeto social...
Janeth - Pois é, tudo acaba sendo uma bola de neve. Mas a gente sempre acredita que apareça alguém que ajude ou que tenha uma lei de incentivo que possa cooperar para que o atleta não precise chegar e tomar esta iniciativa. Mas o atleta também tem de ser exemplo, fazendo trabalho social e dando esperanças para muitos jovens.
GE.Net - Como se não bastasse esta situação, o basquete ainda atravessou uma crise complicada na última temporada...
Janeth - A coisa ficou aguda nestes últimos meses. Mas tenho o pensamento claro que, se as pessoas deixarem um pouco a vaidade de lado, podem melhorar a situação. Se você repartir de modo igual, as coisas melhoram. Fiquei muito triste porque algumas equipes masculinas terminaram, mas no feminino não é muito diferente. Já temos poucas equipes e acho que tem espaço para todos.
GE.Net - Em sua opinião, tudo o que aconteceu teve ligação direta com a criação da Nossa Liga?
Janeth - Uma hora ou outra, ia acabar acontecendo. O que vem mostra que tem aqueles que estão juntos, lutando para o bem do basquete e aqueles que estão lutando com o basquetebol. O atleta está nos dois lados: quer lutar para e com. A crise ocorreria independente se houvesse ou não a NLB. É uma coisa que vem vindo e é triste estar acontecendo perto de competições importantíssimas.
GE.Net - Na Nossa Liga você estava envolvida com a formação de uma associação de atletas. Como está este projeto e você acha que, se já existisse, a associação poderia ter feito algo?
Janeth - Demos uma parada porque teríamos que entender muito mais como funciona isso e se os clubes não estão muito juntos para uma liga ou com a Confederação, imagine os atletas. Eles também iriam ficar divididos. Precisamos saber muito mais como funciona a lei para fazer uma coisa mais sólida que, independente, do atleta estar ou não em um clube, ele faça parte.
Fonte: Gazeta Esportiva
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