terça-feira, 12 de setembro de 2006

Brasil sofre para vencer a Argentina

Time erra muito, mas começa com vitória a caminhada rumo ao bi mundial


Marcelo Russio

O Brasil estreou com vitória no Mundial Feminino de Basquete. O time do técnico Antônio Carlos Barbosa, ao contrário do que se previa, teve muita dificuldade para bater a Argentina, no Ginásio do Ibirapuera, por 71 a 69 (40 a 32) nesta terça-feira. O resultado só foi confirmado numa cesta incrível da armadora Helen, nos segundos finais da partida.

A próxima partida do Brasil acontece nesta quarta-feira, às 15h15m (de Brasília) contra a Coréia do Sul. A TV Globo transmite ao vivo. Já a Argentina pega a Espanha, às 13h, na preliminar.

Brasil erra demais nos arremessos de quadra

O primeiro quarto, mesmo dominado pelo Brasil, foi marcado pela inconstância das donas da casa em jogadas debaixo do garrafão, e por alguns erros defensivos. O técnico Antônio Carlos Barbosa preferiu manter a equipe titular o máximo possível em quadra, sem fazer alterações. Já a Argentina, com jogadoras de nível semi-profissional, foi bem nos arremessos livres, mas não teve bom aproveitamento nos arremessos de quadra. No fim do período, o Brasil venceu por 27 a 15.

No segundo quarto, o Brasil teve três alterações: entraram Kelly, Micaela e Adrianinha, saindo as experientes Alessandra, Janeth e Helen. Com a saída de Iziane para a entrada de Karen, o time brasileiro manteve em quadra apenas Êga, que havia pego nove rebotes no primeiro quarto. A nova formação cometeu muitos erros, principalmente Adrianinha, e a Argentina passou a dominar o jogo. A equipe brasileira não manteve o padrão do primeiro quarto, enquanto as argentinas, com mais confiança e já não respeitando tanto as brasileiras quanto no início, cresceram em quadra. Mesmo assim, o Brasil foi para o intervalo vencendo a partida por 40 a 32.

A volta do time titular no terceiro quarto deu mais consistência à defesa brasileira. Melhor nos rebotes, com Alessandra e Êga, o Brasil voltou a dominar a partida, dificultando a movimentação ofensiva da Argentina e se impondo no jogo debaixo da cesta. No entanto, parecendo ansioso, o time voltou a cometer erros de passe e precipitava-se na finalização. As brasileiras venceram o terceiro quarto por 14 a 12.

O último quarto começou com o Brasil pondo em quadra uma formação mais rápida, com Adrianinha, Helen e Micaela. Mesmo assim, os erros de finalização continuaram acontecendo, e a Argentina, sem pressão e jogando com tranqüilidade, empatou em 56 a 56. Visivelmente nervosa, a seleção brasileira precisou da experiência de Janeth, que converteu uma cesta de três, quebrando um jejum de quase cinco minutos sem pontuar.

Mas o placar ainda estava empatado em 69 a 69 quando, a 13 segundos do fim, Helen arrancou para o ataque. Julgando que faltava menos tempo que isso para o jogo acabar, a armadora tentou um arremesso desesperado de três pontos, que deu aro. Para sua sorte, a bola voltou caprichosamente na sua mão e, num só movimento, Helen fez a cesta. Desconcentrada, a seleção ainda cometeu um último erro: achou que o jogo já tinha acabado. Mas ainda faltavam quatro segundos e a Argentina, por pouco, não levou a partida para a prorrogação. No fim, alívio da torcida e das jogadoras, que comemoraram muito em quadra.

BRASIL 71 X 69 ARGENTINA
Ginásio: Ibirapuera, em São Paulo
Horário: 15h15m (de Brasília)
Árbitros: Philipe Leemann (SUI), Karolina Andersson (FIN) e Kok Yew Ho (MAS).

BRASIL
Helen (10 pontos), Iziane (12), Janeth (14), Êga (5) e Alessandra (13). Depois: Adrianinha (10), Karen (0), Micaela (1), Sílvia (2), Cíntia (2) e Kelly (2).
Técnico: Antônio Carlos Barbosa.

ARGENTINA
Lineira (0), Ríos (17), Paoletta (13), Sanchez (4) e Vega (0). Depois: Nicolini (0), Soberón (12), Pavón (15), Chesta (5), Gatti (0), Fernandez (3) e Landra (0).
Técnico: Eduardo Pinto.


Alessandra: "Aprendemos uma lição"

Pivô diz que Brasil não subestimou a Argentina e elogia as rivais



SÃO PAULO - Ao contrário do que se poderia esperar, a pivô Alessandra afirmou, após a vitória por 71 a 69 sobre a Argentina, na estréia da seleção brasileira feminina de basquete no Campeonato Mundial, que a dificuldade encontrada era esperada por todas as jogadoras. Para a veterana, não existe mais ninguém bobo no basquete.

- Mundial é Mundial. Não é igual ao Campeonato Sul-Americano. Aqui as equipes se superam mesmo, e dificultam a vida de qualquer um. Eu já havia dito que poderíamos vencer por dois ou por 30 pontos de diferença. Espero que o peso de estrear em casa tenha passado, e que esta partida tenha sido um acidente. Aprendemos uma grande lição.

Alessandra aproveitou para elogiar a Argentina. Para ela, as adversárias provaram que têm qualidade para sonhar com um bom desempenho.

- A Argentina fez uma grande partida e provou que pode jogar de igual para igual com qualquer adversário neste Mundial. Me lembro que, em uma Copa América, com Paula e Hortência em quadra, sofremos muito para vencer a mesma Argentina. Elas vêm evoluindo, e mostraram isso contra nós.

Helen admite que houve intranqüilidade

Armadora diz que ataque brasileiro deixou muito a desejar na estréia


SÃO PAULO - A armadora Helen era uma das mais aliviadas com a vitória do Brasil sobre a Argentina por 71 a 69, na estréia das duas seleções no Mundial Feminino de Basquete, nesta terça-feira. A jogadora disse que a equipe precisa ter mais calma contra a Coréia, na quarta-feira.

- Precisamos ter mais tranqüilidade em quadra. A expectativa de fazer um grande resultado foi muito grande, e acho que ela atrapalhou um pouco a equipe. Agora é relaxar e pensar em um jogo de cada vez.

A jogadora admitiu que o Brasil errou demais em lances em que ela e suas companheiras não costumam falhar.

- Bobeamos demais, erramos muitas bolas fáceis, embaixo da cesta. Temos que pôr a cabeça no lugar para que isso não volte a acontecer. Claro que não esperávamos perder tantas cestas fáceis, mas o que fazer se a nossa bola não cai? A Argentina fez o jogo dela, sem nada a perder. Contra a Coréia faremos um jogo mais solto.

Helen revelou que o banco de reservas gritou para que ela arremessasse a bola quando ainda faltavam sete segundos para o fim do jogo.

- Ouvi do banco que o tempo estava acabando e arremessei. Quando vi que deu rebote e que o tempo não tinha acabado, tentei de novo, e felizmente a bola caiu. Quando o jogo acabou perguntei a elas a razão de terem gritado faltando ainda tanto tempo, e ninguém soube responder. O importante é que eu nunca perdi para a Argentina na vida, e não seria no fim da minha carreira, no Mundial do Brasil, que isso aconteceria...

Barbosa diz que jogo foi uma catástrofe

Técnico afirma que Brasil não voltará a jogar mal como contra a Argentina


Barbosa diz que estréia foi um alerta para o Brasil SÃO PAULO - O técnico Antônio Carlos Barbosa disse, após a vitória do Brasil sobre a Argentina por 71 a 69, nesta terça-feira, que a atuação da sua equipe foi "uma catástrofe". Aparentemente calmo, o treinador afirmou que o Brasil não fará uma partida tão inconstante novamente neste Mundial.

- Eu, como toda a equipe, esperava vencer por 20 pontos, como sempre aconteceu. Mas a Argentina entrou em quadra sem nada a perder, e de repente, o jogo delas encaixou. Além disso, nós perdemos muitas bolas fáceis, e isso fez parecer que tínhamos ficado com vergonha do jogo, o que acabou atrapalhando muito.

Para Barbosa, o fato do Mundial acontecer no Brasil trouxe uma pressão adicional à equipe, que sentiu o peso do favoritismo.

- Jogar um Mundial no Ibirapuera é algo que pesa, ainda mais para jogadoras que, ou nunca jogaram aqui, ou há muito tempo não atuavam neste ginásio. Além disso, as outras seleções nos olham como os quartos colocados no Ranking da Fiba, que não é muito divulgado aqui. Quem perde para o Brasil, diz que perdeu para a quarta força do mundo. Nós temos que nos habituar a isso e saber jogar com esta responsabilidade.

Analisando a partida de estrpeia, Barbosa fez questão de destacar o caráter pontual da atuação brasileira.

- Em todos os meus anos como treinador, aprendi que quando acontece algo muito fora do padrão, esse fato é uma aberração. O jogo contra a Argentina foi um desastre absurdo. Nós acertamos 38,3% dos nossos arremessos de dois pontos, quando o normal é cerca de 60%. Nos lances livres, acertamos 53%, enquanto a Argentina acertou 90%. Tivemos melhor aproveitamento em tiros de três pontos do que nos de dois. Por aí é possível ver que algo de anormal aconteceu. estou certo que voltaremos à normalidade de agora em diante.

Rússia passa pela Nigéria no Mundial

Russas têm atuação irregular, mas se impõem no fim e ganham na estréia



Nesta quarta, a Rússia enfrenta a China às 15h15m. Já a Nigéria encara os Estados Unidos às 19h45m.

As russas tiveram uma atuação irregular na sua partida de estréia. Na primeira metade do jogo, permitiram que as nigerianas se mantivessem no jogo. A Rússia tinha uma vantagem de apenas 37 a 29 no intervalo.

Mas, a partir daí, a experiência do time europeu prevaleceu e a Rússia evitou a zebra.

Francesas surpreendem a República Tcheca

Em jogo muito disputado, Gomis brilha e bate as atuais campeãs européias


BARUERI, SP - No embalo de uma pequena e animada torcida, a França surpreendeu a República Tcheca na estréia do Mundial feminino. Com uma defesa forte do início ao fim, as francesas venceram por 62 a 58 na tarde desta terça-feira, no ginásio José Corrêa, em Barueri. Com o resultado, elas pulam na frente no grupo D, que ainda tem Nigéria e Rússia.

Antes do tapinha inicial, a França já estava em vantagem. Um grupo de cerca de 20 parentes das jogadoras gritou do início ao fim e vibrou muito com a vitória. Com 19 pontos e um jogo agressivo no garrafão, Gomis foi a melhor francesa em quadra.

Logo no início da partida, a equipe mostrou que não estava disposta a facilitar a vida das atuais campeãs européias. Sandra Le Dréan fez os seis primeiros pontos do Mundial, com duas bolas de três no minuto inicial.

Quando as tchecas conseguiram equilibrar a partida, veio o golpe de azar. Sozinha, na lateral da quadra, a pivô Michaela Pavlickova torceu o tornozelo e saiu de quadra carregada pela comissão técnica. Ela passou o restante do jogo no banco, recebendo aplicações de gelo.

O desfalque pesou e a diferença de qualidade entre as equipes sumiu. O placar seguiu equilibrado até o fim. Com dois lances livres nos últimos segundos, Le Dréan garantiu a vitória por 62 a 58. A armadora Hana Machova comandou a República Tcheca, com 16 pontos e boa distribuição de jogo.

O brasileiro Sérgio Pacheco foi um dos três ábitros da partida. Ele teve muito trabalho com o técnico francês, Alain Jardel, que reclamava a cada posse de bola.



Fonte: Globo Esporte




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