segunda-feira, 10 de abril de 2006

Grego nega crise e diz que problema é financeiro

Marta Teixeira

São Paulo (SP) - Campeonato Nacional Masculino paralisado e nem sombra de acordo entre a Confederação Brasileira de Basquete (CBB) e as equipes dissidentes da competição. Apesar disso, o presidente da CBB, Gerasime Grego Bozikis, garante que não há crise na modalidade. Para ele, todo o problema existente nos bastidores do esporte tem uma só causa: dinheiro.
'Quando a CBB tinha contrato que permitia pagar todas as contas na competição não havia problema nenhum', destaca. Até 2001, a Confederação era patrocinada pela Caixa Econômica Federal e recebia uma verba de aproximadamente R$ 2 milhões/ano. Com a saída da estatal, a entidade passou dois anos mantendo-se apenas com os recursos da Lei Piva para realizar tanto seus campeonatos quanto a programação das seleções brasileiras.

Apenas em 2003 chegou um alívio para o problema. A Eletrobrás passou a patrocinar a seleção feminina e, posteriormente, incluiu também o time masculino no pacote. As competições nacionais, contudo, continuaram tendo seus recursos financeiros limitados à verba das loterias. 'Quando passamos de R$ 2,5 milhões para R$ 600 mil paramos de bancar uma série de coisas que dávamos na competição', explica o dirigente.

Nos cortes entraram as passagens de avião e os clubes viram suas despesas sofrerem um aumento drástico na competição. Além disso, a CBB passou a dar apenas R$ 10 mil de verba para cada time. Com problemas anteriores de caixa provocados pela dificuldade em conseguir patrocínios próprios, muitas equipes precisaram fazer longas viagens de ônibus.

A situação gerou grande insatisfação e foi o ponto de partida do descontentamento dos clubes, que pediam uma revisão no esquema de distribuição dos recursos, além de mudanças na forma de gestão da entidade, considerada por eles muito centralizadora. O impasse levou à criação da Nossa Liga de Basquetebol (NLB), que promove um campeonato nacional independente com seus sócios.

No início, a entidade, que reúne a participação dos ex-jogadores e ídolos da modalidade Oscar, Hortência e Paula, atraiu quase todos os clubes do Nacional. Mas depois, vários optaram pela competição da CBB, que começou com 18 equipes.

Os times que se sentiram prejudicados pelo regulamento do torneio entraram na Justiça e obtiveram uma liminar determinando sua inclusão. O impasse quanto a suas participações permaneceu até a última semana. Uma nova liminar determinou a paralisação do torneio, quando teria início seu playoff.

'Misturaram política com a parte técnica', defende-se Grego. 'Não havia motivo de rebelião', acrescenta, reafirmando que o descontentamento é puramente financeiro. 'Se alguém vier dizendo que é o salvador do basquete brasileiro e puder (resolver os problemas), até eu diria para ele ficar. Mas foram para o lado do vamos salvar o mundo', critica.

Para ele, a solução final do impasse é só uma: que os reclamantes tirem a ação que movem na Justiça. Mas o advogado dos interessados, Heraldo Panhoca, já deixou claro que esta possibilidade não existe. Por seu lado, o advogado da Confederação, André Martins, planejava entrar com uma nova contestação nesta segunda-feira. E a questão jurídica parece que ainda vai ter muitos outros capítulos.

Mesmo o recomeço da competição, que ganhou novo formato, ainda que polêmico, para tentar contornar a situação, ainda é incerto. Isso porque, segundo declarou Panhoca à Gazeta.Net, a concordância dos clubes em participar do torneio dependeria: a) De a nova tabela não exigir longos deslocamentos em curto espaço de tempo para os jogos; b) De incluir os novos clubes 'na forma do regulamento que existia'.


Fonte: Gazeta Esportiva

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