sexta-feira, 29 de julho de 2005

Janeth fala em jogar pelo menos até Pequim-2008 e pode virar técnica no futuro


Uma das últimas remanescentes da primeira temporada da WNBA (em 1997), a ala Janeth Arcain é uma das jogadoras estrangeiras mais condecoradas da história do basquete. Tetracampeã da liga pelo Houston Comets de 97 a 2000, campeã mundial pelo Brasil em 94, destaque da Seleção em quatro Olimpíadas ganhando a medalha de prata em Atlanta-96 e o bronze em Sydney-2000, eleita a jogadora de maior evolução na liga americana em 2001, ela disputou o Jogo das Estrelas naquele ano e entrou na seleção titular do campeonato mais forte do mundo. Em 2004, a paulista de 36 anos ficou fora do Houston para treinar com a Seleção para a Olimpíada de Atenas, na qual o Brasil terminou na quarta posição, enquanto o Comets ficou fora dos playoffs pela primeira vez na história. Janeth voltou aos EUA este ano, e o time texano segue firme rumo ao mata-mata ocupando a segunda posição na Conferência Oeste com 14 vitórias e nove derrotas. No sábado o Houston enfrenta o lanterna do Oeste San Antonio SilverStars, que ontem levou 73 a 58 (37 a 29 no intervalo) do Washington Mystics, enquanto o líder geral Connecticut Sun manteve a invencibilidade em casa batendo o New York Liberty por 73 a 70 (27 a 37 no intervalo). Confira a entrevista com Janeth que aparece como destaque no site oficial da WNBA.

Entre o Brasil e os Estados Unidos, você se considera uma das felizardas capazes de aproveitar o verão no ano inteiro?

No Brasil, o clima é obviamente tropical e normalmente não temos temperaturas muito frias. O tempo pode esfriar a ponto de termos de usar roupas de mangas compridas, mas geralmente o clima é quente o ano inteiro. Acho que definitivamente é melhor para mim porque não gosto de frio. Gosto de não ter que usar muitas roupas e casacos, gosto de praia. Mas não moro perto da praia. Moro em São Paulo, a 30 minutos do centro da cidade.

Quanto o basquete é popular no Brasil? A popularidade está crescendo?

O basquete é o terceiro esporte mais popular do Brasil, depois do futebol e do vôlei. Na praia e na quadra, o vôlei é popular entre homens e mulheres. Definitivamente sou uma fã de futebol e sei jogar com a bola nos pés. Acho que todo mundo sabe jogar futebol no Brasil. Mas é muito difícil para o basquete competir com o futebol porque é uma paixão muito grande e popular, há muitos grandes jogadores espalhados pelo mundo, mas estamos trabalhando para desenvolver o basquete lá.

Como você descreveria seu país e o povo para as pessoas que nunca estiveram no Brasil?

Para as pessoas que quiserem ir ao Brasil, o Rio de Janeiro é realmente a grande cidade. Temos ótimas praias e uma grande festa todo ano, o Carnaval em fevereiro. A festa dura uma semana inteira e recebe muitos turistas, há muita coisa para ver. Quando eu vou lá, sinto-me como uma turista às vezes. E São Paulo é como Nova York, todo mundo está ocupado e trabalhando.

Quanto é divertido ensinar basquete no seu acampamento na volta para casa (CFE Janeth Arcain)? Você se vê como técnica no futuro?

Bem, eu diria que é mais que um acampamento. Tenho uma fundação onde as crianças treinam e aprendem durante todo o ano. Quanto a ser técnica, pode ser algo que posso tentar no futuro. Não tenho certeza se tenho paciência para isso. Mas no momento é divertido ensinar e aprender com os garoto(a)s. Eles olham para você como uma grande estrela e fazem qualquer coisa que você pedir em quadra. Ensinamos crianças entre 7 e 14 anos e elas não precisam pagar nada no centro. Sinto que tenho muito a dar e quero devolver algo ao basquete porque o esporte me deu muita coisa: meus amigos, minhas experiências e minha vida. Então gosto de retribuir.

Quando você era mais jovem na sua temporada de estréia no Comets, qual foi o ajuste mais difícil que você teve de fazer para viver numa nova cidade como Houston?


A língua. Definitivamente a maior dificuldade foi aprender o inglês. Não tive aulas, ou fitas, nada disso. Apenas pegava algumas coisas que minhas companheiras falavam, ouvia o que os técnicos diziam, ou assistia à televisão tentando descobrir o que estavam dizendo. Eu pedia às pessoas para falarem devagar e repetir muito as coisas no início. Meu vocabulário ainda não é muito bom, mas estou aprendendo mais palavras com o passar do tempo.

Bem, estamos tendo uma bela conversa em inglês, certo?


Sim, correto (risos).

Não estou falando muito rápido, certo?


Não, de jeito nenhum. Agora não tenho muitos problemas para entender, mas no primeiro ano foi difícil. Não tive problemas com a comida ou nada disso. Como qualquer coisa que colocam na minha frente.

Então junto com Sheryl Swoopes e Tina Thompson, você é uma das jogadoras mais experientes do time e da liga, como é jogar ao lado de garotas de 22 anos? Você se sente responsável por elas?


Não me sinto responsável por elas como se fossem meninas, mas elas vão crescer e aprender muito com as jogadoras mais experientes só pelo convívio. Quando você tem um time com uma boa mistura de jogadoras jovens com as experientes, funciona bem para todo mundo. Elas nos passam muita energia, por outro lado temos muito a mostrar e ensinar a elas. Como agora, por exemplo, temos um bom grupo de veteranas e jovens que estão procurando ser suas próprias estrelas. Essa mistura está ajudando a equipe.

Como foi enfrentar suas companheiras na Olimpíada do ano passado? Você acha que o resto do mundo está se aproximando dos Estados Unidos?

Acho que sim. A grande diferença é que a WNBA atrai as melhores jogadoras do mundo para os EUA. Muitas ligas fora daqui não têm a mesma força porque não têm muito dinheiro ou patrocinadores. Mas nos Estados Unidos muitos jovens se desenvolvem jogando nos colégios e universidades, isso faz uma grande diferença também. Mas eu realmente gosto de jogar em Olimpíadas ou Mundiais contra minhas amigas e companheiras de time da WNBA. Todo mundo defende cores e uniformes diferentes, mas no final das contas ainda somos boas amigas.

De todos os lugares que você visitou graças ao basquete, qual foi o seu favorito?

Uau, tem muitos lugares. Conheci muitas cidades impressionantes na Europa, nos EUA e na Ásia. Não tenho um lugar favorito, mas os Estados Unidos são um país que eu passei a conhecer melhor. Eu quero muito visitar San Francisco. Quando parar de jogar, terei muito tempo para fazer as coisas que sempre quis e ver os lugares que sempre quis ver.

Parece que você tem muito pouco tempo para descansar. Você não fica cansada?

Não tenho muito tempo para descansar porque costumo jogar no Brasil quando não tem WNBA. Ainda acho que tenho alguns anos pela frente, três anos pelo menos (até a Olimpíada de Pequim-2008), pois realmente gosto de jogar basquete. Ainda que faltem dois ou cinco anos, tenho de dar tudo de mim em quadra. Quando eu tiver jogado mais alguns anos saberei quando for a hora de dizer que chega. Não quero parar e tentar voltar. Quero estar certa de deixar tudo em quadra antes de ir embora.

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Nesta sexta-feira à noite, o campeão Seattle Storm (12V-10D) joga em casa contra o lanterna geral Charlotte Sting (3V-19D), que vem de sete derrotas consecutivas. O jogo na Key Arena terá uma homenagem para entrega do anel do título para a ala Sheri Sam, titular do Storm em 32 jogos no ano passado como quarta cestinha do time com 9,1 pontos e 4,1 rebotes de média. A ala maranhense Iziane Castro Marques, sucessora de Sam, tem médias de 8,6 pontos e 2,8 rebotes, mas a grande perda do Seattle foi de experiência com as saídas da ala para o Charlotte, da ala-armadora Tully Bevilaqua para o Indiana Fever e da pivô tcheca Kamila Vodichkova para o Phoenix Mercury. Só Sam ainda não recebeu seu anel.

“Será uma noite incrível. Mal posso esperar para ver minha amiga Sheri receber o anel. Foi meio triste perdê-la para outro time, mas será ótimo tê-la conosco hoje relembrando o carinho que recebeu em Seattle”, disse a ala-pivô australiana Lauren Jackson, que aproveitou a folga na tabela para se recuperar de uma lesão no tornozelo.

“É excitante. Amei jogar com Sheri, ela foi minha melhor companheira de time, ainda penso nela às vezes quando pequenas coisas acontecem. Será ótimo vê-la de volta à Key Arena. Muitas jogadoras diferentes estão se superando e sendo líderes neste ano, mas a presença veterana dela nos ajudou tremendamente porque ela tinha uma tonelada de espírito de liderança dentro de quadra e agora temos muitas jovens”, afirmou a pivô Janell Burse.

“Estou muito animada por ela e por nós que vamos voltar a vê-la. Sinto falta de Sheri, mas negócios são negócios. Tomara que ela possa entrar em quadra feliz para sua cerimônia e aproveite porque ela merece. Gostamos muito da nossa cerimônia, então ela deve gostar da sua. Acho que será uma alegria para ela e estou feliz por poder dar-lhe um abraço porque ganhamos esse título juntas”, declarou a ala-armadora Betty Lennox, melhor jogadora das finais de 2004 que também jogou junto com Sam no Miami Sol.

“Esta equipe não teria chegado tão longe sem Sheri Sam e a experiência das três jogadoras que partiram”, reconheceu a técnica Anne Donovan.

“Tenho esperado ansiosamente por isso. Estou animada para finalmente ver meu anel fazendo bling-bling, todas as minhas ex-companheiras têm os seus e ficam se gabando. Será bom estar novamente diante dos torcedores do Seattle uma vez mais. Acho que o time do Storm perdeu muito, perdeu várias coisinhas que não aparecem na ficha de estatísticas, como liderança dentro e fora da quadra. Quando você tem boas jogadoras como Lauren, Sue Bird, Betty, é fácil marcar muitos pontos e vencer os jogos, mas é difícil substituir as pequenas coisas, acho que é disso que o Seattle sente falta, principalmente na defesa. É duro vê-las jogar de uma maneira irregular, porque sei o quanto trabalhamos duro para chegar ao título no ano passado. Se eu não fosse do Charlotte, pertenceria ao Storm. Antes de assinar com o Sting achei que seria um time competitivo por todos os negócios feitos na pré-temporada, mas as coisas não saíram como planejamos, então temos que continuar trabalhando e jogando duro para sair dessa última posição. Vamos nos divertir em quadra e torcer por uma melhora na próxima temporada. É ótimo voltar à cidade para visitar meus restaurantes favoritos, sair com amigos e atualizar o papo com LJ”, disse Sheri Sam.

Na capital americana, a ala-armadora Alana Beard conseguiu recordes pessoais de 27 pontos e sete roubos de bola na vitória do Washington Mystics (12V-11D) sobre o San Antonio SilverStars (6V-18D) por 73 a 58. A pivô Chasity Melvin ajudou com 12 pontos contra 15 da armadora Shannon Johnson para o Alvinegro texano, que perdeu pela sexta vez nas últimas sete partidas e terá uma parada dura amanhã em Houston. Já o líder geral Connecticut Sun (18V-5D) superou uma desvantagem de 10 pontos no intervalo e virou o placar na segunda etapa contra o New York Liberty (11V-11D) para 73 a 70 graças a 21 pontos da ala Nykesha Sales mais 16 da ala-armadora Katie Douglas, contra 19 pontos da pivô belga Ann Wauters mais 13 da armadora Becky Hammon para o time nova-iorquino. A invencibilidade do Sun na Mohegan Arena este ano chegou a 10 partidas. Completam a rodada nesta sexta-feira os jogos Indiana Fever (13V-8D) x Washington Mystics, Minnesota Lynx (11V-11D) x Phoenix Mercury (9V-12D) e Sacramento Monarchs (15V-7D) x Los Angeles Sparks (11V-10D). Amanhã o Connecticut Sun recebe o Detroit Shock (8V-12D).


Fonte: BasketBrasil

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