Ponto de vista de Bruno Lima
As categorias de base e os Campeonatos Brasileiros
Dose dupla
Em março do ano passado, ainda no velho blogger, o Diário do Basquete anunciou que a CBB não realizaria os Campeonatos Brasileiros Juvenil feminino e masculino sob a alegação que 11 seleções estariam viajando e ela, CBB, não tinha como planejar e realizar viagens e os campeonatos brasileiros. Alguns desconfiaram da notícia, no entanto, a confirmação veio dias após com matérias publicadas tanto no Jornal dos Sports (dia 20 de março), como na Folha de SP (dia 22 http://esporte.uol.com.br/basquete/ultimas/2003/03/22/ult60u6377.jhtm ).
Pois bem. Esse ano não tal decisão não aconteceu logo no início do ano. Ao contrário, mais precisamente no último dia 29, quando a CBB comunicou em nota oficial o cancelamento do 13º Campeonato Brasileiro Infanto Feminino – Divisão Especial e o 28º Campeonato Brasileiro Juvenil Feminino – Divisão Especial.
Importante frisar que alguns campeonatos de base foram realizados durante o transcorrer do ano, mas esses que seriam da tal divisão especial, não foram realizados porque as Federações do Mato Grosso do Sul e do Paraná desistiram de sediarem os Campeonatos supra citados, respectivamente. Caso ambas competições tivessem sido realizadas, estariam envolvidos nada menos do que 10 estados (São Paulo (Inf e Juv); Rio de Janeiro (Inf e Juv); Mato Grosso do Sul (Inf e Juv); Maranhão (Inf e Juv); Ceará (inf e Juv); Rio Grande do Sul (Inf); Roraima (Inf); Santa Catarina (Inf); Paraná (Juv); e Pernambuco (juv).
É sabido que os campeonatos brasileiros são de extrema importância para o desenvolvimento do esporte. Quem tiver a curiosidade de clicar no link da matéria da Folha vai perceber como é perfeita a retórica do presidente da CBB. Eu gostaria de saber aonde está tal centro de desenvolvimento de talentos. Ano passado escolheram 18 jogadores para treinarem em Ribeirão Preto. Alguém sabe dizer como está a evolução desses jovens? Se alguém está monitorando o desenvolvimento? Não existe. Infelizmente vivemos no mundo da fantasia, onde alguns fingem que fazem, e outros fingem que estão vendo alguma coisa. Não pode continuar assim!
Não é a toa que os resultados das seleções foram aqueles que demonstrei na coluna passada. Tudo é reflexo de um trabalho mal feito, desorganizado, sem nenhuma estrutura, e pessoas competentes na administração.
Essa semana assistindo ao programa Basketmania vi a declaração da Isis, 21 anos, 2,02m, cujo pai é basqueteiro. “Meu pai é do basquete. Eu fui para o vôlei porque estava muito na mídia. Agora estou no basquete”. Isso para um amante do basquete é comparável a uma apunhalada pelas costas. Há quanto tempo essa menina já poderia estar dando frutos se tivesse ficado no basquete, ao invés de ter ido tentar a sorte no vôlei?
Na maioria das vezes as pessoas não aceitam comparações e, nos dias atuais as comparações com o modelo do vôlei brasileiro e o basquete argentino vivem acontecendo. Frise-se o que há de bom tem mesmo que ser copiado. Nesta semana, está sendo realizado no Centro de Desenvolvimento de Vôlei, em Saquarema, Campeonatos Brasileiros de Seleções Juvenis da Divisão Especial (Feminino e Masculino). Aí depois não sabemos porque somos obrigados a bater palma para os estrategistas do vôlei. E o pior, ainda tem gente satisfeita com essa atual situação do basquete brasileiro.
O que me causa mais estranheza é o fato de ter acontecido somente no feminino que tem patrocínio da Eletrobrás. Aí vai aparecer alguém dizendo que o patrocínio é somente para as seleções. Essa justificativa seria para alguém que não tem arquivo e desavisado porque eu achei no arquivo do Databasket uma matéria referente à assinatura do contrato de patrocínio da Eletrobrás e está taxativo: “Além da área esportiva, o patrocínio possibilitará a realização de quatro projetos na área social: os Centros de Basquete Integrados; o Campeonato Colegial Eletrobrás; o Desenvolvimento de Talentos, para jovens entre 9 e 16 anos; e os Campeonatos Brasileiros de Seleções (cadete e juvenil) “. (http://www.databasket.com/ler_materia.asp?codigo_materia=2490).
Como a falta de transparência impera na CBB, não posso afirmar que tais projetos não foram realizados, no entanto, tenho certeza que se tivessem saído do papel, seriam divulgados. Para não cometer injustiças, esse ano foi realizado uma Copa Juvenil em São Paulo.
Enfim, é muito triste que isso tenha acontecido. Assim como aconteceu com diversos expoentes do basquete, poderia surgir destes campeonatos alguma menina para brilhar na seleção nacional.
Para terminar, uma declaração do meu velho bom pai. “Tive a honra de participar do último campeonato brasileiro juvenil, 1973 em Fortaleza, com a participação de todos os estados ao mesmo tempo. Naquela época o Brasileiro Juvenil era a grande festa do basquetebol e naquela competição estavam, Marcel, Gilson por São Paulo e havia um garotão de 14 anos já jogando num bom nível no time de Brasília. Era o OSCAR. Nós, do Rio tínhamos uma boa equipe, sem nada excepcional, e fizemos a final com São Paulo ficando com o Vice por 1 ponto. Ginásio Paulo Sarazate lotado. Imprensa dando toda cobertura. Kanela técnico do Ceará. Várias equipes boas. Minas, Maranhão (a grande surpresa) e muitos bons jogadores. Realmente estavam em fortaleza a nata dos 18 anos do nosso esporte. Depois foram acabando com a grande festa. Dividiram a competição em Regiões, depois em divisões, depois em sei lá o que. E AGORA CANCELAM - 31 anos depois do inicio da destruição de uma tradição. Heleno. Em tempo eu era o técnico do RIO".
Bruno Lima
Colaborador Diário do Basquete
brunodiario@globo.com
As categorias de base e os Campeonatos Brasileiros
Dose dupla
Em março do ano passado, ainda no velho blogger, o Diário do Basquete anunciou que a CBB não realizaria os Campeonatos Brasileiros Juvenil feminino e masculino sob a alegação que 11 seleções estariam viajando e ela, CBB, não tinha como planejar e realizar viagens e os campeonatos brasileiros. Alguns desconfiaram da notícia, no entanto, a confirmação veio dias após com matérias publicadas tanto no Jornal dos Sports (dia 20 de março), como na Folha de SP (dia 22 http://esporte.uol.com.br/basquete/ultimas/2003/03/22/ult60u6377.jhtm ).
Pois bem. Esse ano não tal decisão não aconteceu logo no início do ano. Ao contrário, mais precisamente no último dia 29, quando a CBB comunicou em nota oficial o cancelamento do 13º Campeonato Brasileiro Infanto Feminino – Divisão Especial e o 28º Campeonato Brasileiro Juvenil Feminino – Divisão Especial.
Importante frisar que alguns campeonatos de base foram realizados durante o transcorrer do ano, mas esses que seriam da tal divisão especial, não foram realizados porque as Federações do Mato Grosso do Sul e do Paraná desistiram de sediarem os Campeonatos supra citados, respectivamente. Caso ambas competições tivessem sido realizadas, estariam envolvidos nada menos do que 10 estados (São Paulo (Inf e Juv); Rio de Janeiro (Inf e Juv); Mato Grosso do Sul (Inf e Juv); Maranhão (Inf e Juv); Ceará (inf e Juv); Rio Grande do Sul (Inf); Roraima (Inf); Santa Catarina (Inf); Paraná (Juv); e Pernambuco (juv).
É sabido que os campeonatos brasileiros são de extrema importância para o desenvolvimento do esporte. Quem tiver a curiosidade de clicar no link da matéria da Folha vai perceber como é perfeita a retórica do presidente da CBB. Eu gostaria de saber aonde está tal centro de desenvolvimento de talentos. Ano passado escolheram 18 jogadores para treinarem em Ribeirão Preto. Alguém sabe dizer como está a evolução desses jovens? Se alguém está monitorando o desenvolvimento? Não existe. Infelizmente vivemos no mundo da fantasia, onde alguns fingem que fazem, e outros fingem que estão vendo alguma coisa. Não pode continuar assim!
Não é a toa que os resultados das seleções foram aqueles que demonstrei na coluna passada. Tudo é reflexo de um trabalho mal feito, desorganizado, sem nenhuma estrutura, e pessoas competentes na administração.
Essa semana assistindo ao programa Basketmania vi a declaração da Isis, 21 anos, 2,02m, cujo pai é basqueteiro. “Meu pai é do basquete. Eu fui para o vôlei porque estava muito na mídia. Agora estou no basquete”. Isso para um amante do basquete é comparável a uma apunhalada pelas costas. Há quanto tempo essa menina já poderia estar dando frutos se tivesse ficado no basquete, ao invés de ter ido tentar a sorte no vôlei?
Na maioria das vezes as pessoas não aceitam comparações e, nos dias atuais as comparações com o modelo do vôlei brasileiro e o basquete argentino vivem acontecendo. Frise-se o que há de bom tem mesmo que ser copiado. Nesta semana, está sendo realizado no Centro de Desenvolvimento de Vôlei, em Saquarema, Campeonatos Brasileiros de Seleções Juvenis da Divisão Especial (Feminino e Masculino). Aí depois não sabemos porque somos obrigados a bater palma para os estrategistas do vôlei. E o pior, ainda tem gente satisfeita com essa atual situação do basquete brasileiro.
O que me causa mais estranheza é o fato de ter acontecido somente no feminino que tem patrocínio da Eletrobrás. Aí vai aparecer alguém dizendo que o patrocínio é somente para as seleções. Essa justificativa seria para alguém que não tem arquivo e desavisado porque eu achei no arquivo do Databasket uma matéria referente à assinatura do contrato de patrocínio da Eletrobrás e está taxativo: “Além da área esportiva, o patrocínio possibilitará a realização de quatro projetos na área social: os Centros de Basquete Integrados; o Campeonato Colegial Eletrobrás; o Desenvolvimento de Talentos, para jovens entre 9 e 16 anos; e os Campeonatos Brasileiros de Seleções (cadete e juvenil) “. (http://www.databasket.com/ler_materia.asp?codigo_materia=2490).
Como a falta de transparência impera na CBB, não posso afirmar que tais projetos não foram realizados, no entanto, tenho certeza que se tivessem saído do papel, seriam divulgados. Para não cometer injustiças, esse ano foi realizado uma Copa Juvenil em São Paulo.
Enfim, é muito triste que isso tenha acontecido. Assim como aconteceu com diversos expoentes do basquete, poderia surgir destes campeonatos alguma menina para brilhar na seleção nacional.
Para terminar, uma declaração do meu velho bom pai. “Tive a honra de participar do último campeonato brasileiro juvenil, 1973 em Fortaleza, com a participação de todos os estados ao mesmo tempo. Naquela época o Brasileiro Juvenil era a grande festa do basquetebol e naquela competição estavam, Marcel, Gilson por São Paulo e havia um garotão de 14 anos já jogando num bom nível no time de Brasília. Era o OSCAR. Nós, do Rio tínhamos uma boa equipe, sem nada excepcional, e fizemos a final com São Paulo ficando com o Vice por 1 ponto. Ginásio Paulo Sarazate lotado. Imprensa dando toda cobertura. Kanela técnico do Ceará. Várias equipes boas. Minas, Maranhão (a grande surpresa) e muitos bons jogadores. Realmente estavam em fortaleza a nata dos 18 anos do nosso esporte. Depois foram acabando com a grande festa. Dividiram a competição em Regiões, depois em divisões, depois em sei lá o que. E AGORA CANCELAM - 31 anos depois do inicio da destruição de uma tradição. Heleno. Em tempo eu era o técnico do RIO".
Bruno Lima
Colaborador Diário do Basquete
brunodiario@globo.com
Fonte: Databasket
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