sexta-feira, 26 de novembro de 2004

Delegacia de Rio das Ostras investiga estelionato no basquete

Claudio Nogueira

O basquete do Estado do Rio virou caso de polícia. A 128 DP (Rio das Ostras) investiga denúncia de estelionato contra Kátia Meschese e seu marido Sandoval Castro, responsáveis pelos times masculino e feminino de basquete do Iate Clube da cidade. Os acusados não teriam pago as pousadas e restaurantes locais, nem os salários de mais de 30 atletas e membros de comissões técnicas.

Na última sexta-feira, Kátia e Sandoval foram detidos na 128 DP. O proprietário da Pousada da Bia acusou o casal de ter apresentando um cheque falso quando atletas se hospedaram no local. Depois de prestarem depoimento, Kátia e Sandoval foram liberados, porque não havia mais flagrante.

Como resultado da crise, o Rio das Ostras teve de se retirar do Estadual masculino e do Nacional feminino. No feminino, a Confederação Brasileira de Basquete (CBB) anunciou ontem a desistência do Rio das Ostras, o único representante do Estado do Rio no Nacional. O time fizera oito jogos no Nacional, com uma vitória. A estrela era a pivô Marta Sobral, ex-jogadora de seleção brasileira. O técnico era Alexandre Cato.

Estadual masculino prossegue hoje à noite

No masculino, a desistência se deu no fim de semana. Do elenco, faziam parte Gonzalez, Pedra e Paulo André, ex-Vasco. Já sem reservas, apenas com os cinco titulares, o time venceu, na Gávea, o Vila da Penha. Surgiu a hipótese de o Flamengo absorver o time para jogar o Nacional e a Liga Sul-Americana (em que tem vaga como vice-campeão nacional), mas a idéia não foi adiante.

Para Miguel Palmier, técnico da equipe masculina, que fez oito jogos, houve um golpe.

— Foi um caso de estelionato claro. Ela (Kátia) contava em receber muito dinheiro da Prefeitura e de empresários da cidade. Mas nem Prefeitura nem empresários bancaram o investimento. As despesas seriam de uns R$ 180 mil — calculou Palmier.

Inicialmente Kátia tentara criar o time em Rio das Ostras, onde mora há dois anos. Depois, foi para Casimiro de Abreu, que chegou a filiar na Federação de Basquete do Estado do Rio de Janeiro (Fberj). Entretanto, como Casimiro não tem um ginásio pronto, Kátia, o marido e o uruguaio Jorge Alberto voltaram para Rio das Ostras. Eles filiaram o Iate Clube na federação, que só se dedica ao iatismo.

— De início (agosto para setembro), ficamos na Pousada Pérola Negra, com quatro pessoas em cada apartamento. Ela (Kátia) dizia que logo estaríamos mais bem acomodados. Éramos 32 pessoas. Depois, mudamos de locais. Eu havia feito um empréstimo de R$ 13 mil, para hospedagem e alimentação de atletas, e o Alexandre (técnico do feminino) gastou R$ 10 mil e mais um cheque-garantia na pousada — acrescentou Palmier.

Segundo ele, a cada semana Kátia e os outros repetiam que o dinheiro dos salários e do pagamento das contas logo seria depositado. De tempos em tempos, eles tinham de trocar de restaurante. Kátia se vangloriava de ter patrocínios de Eletrobrás, Petrobras e Nestlé e do apoio da ONG Oscip (Organização de Sociedade Civil de Interesse Público).

Uma das vítimas, Marta, ex-pivô da seleção brasileira, voltou ontem a São Paulo, depois de 20 dias em Rio das Ostras:

— A pessoa que montou o time enrolou todo mundo: a CBB, o Guilherme Kroll (dirigente da Fberj), o pessoal de lá... As meninas estavam há um mês sem receber. Quando soube que não haveria dinheiro, eu fui uma das que tentaram obter patrocínio local.

O comodoro do Iate Clube de Rio das Ostras, Hélio Valeriano, se disse enganado:

— Só assinei a filiação do clube à Fberj, mas ela apareceu com documentos falsos nomeando diretores.


Fonte: O Globo

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