terça-feira, 14 de setembro de 2004

Mais uma exilada: a pivô Flávia

Ontem já havia adiantado que a lista de brasileiras na Itália poderia crescer.

Hoje vem a confirmação: a pivô Flávia, de 22 anos, é mais uma atleta brasileira no país do macarrão.

Flávia vai defender o Mercede Alghero, da Sardenha, que estréia na série A-1 nessa temporada.

Uma coisa que, aproveitando o caso de Flávia, me intriga é o critério com o qual esses contratos internacionais são realizados.

Como torcedor, me incomoda ver Silvinha Luz, prata olímpica, disputando a Segunda Divisão Espanhola. Principalmente por que sabemos que a ala está em forma.

Do mesmo jeito que incomodou ver Micaela saindo do país, como campeã nacional e melhor jogadora do torneio, para defender uma equipe italiana (Reggio) que não tinha outro objetivo no torneio, que não livrar-se do rebaixamento. A equipe acabou rebaixada, mas, felizmente, Micaela teve seu talento reconhecido e hoje é atleta do Como, atual campeão italiano.

Sobre Flávia, é no mínimo curioso. A atleta foi formada no BCN, passou ao Vasco. Na crise do time, foi a Espanha. Ainda muito jovem e sem reconhecimento internacional, foi contratada pelo Breogán (mesmo clube que recebera um ano antes a maranhense Iziane), da Primeira Divisão e fez uma boa campanha, jogando ao lado da italiana Catarina Pollini. A pivô voltou ao Brasil, jogou por Americana. Foi convocada pela seleção brasileira, ganhou a prata no Mundial Sub-21 e foi a cestinha da campanha. O inesperado da história vem aí: sabem qual o destino de Flávia logo após? A Segunda Divisão Espanhola, onde defendeu o Ourense. Um contrato totalmente injustificável. Ainda mais se considerarmos que Graziane, sua reserva no mesmo torneio, garantiu-se na série A-1 da Itália. No final da história, Flávia teve problemas com o clube e voltou ao Brasil, onde defendia o São Caetano; clube que deixou para ir a Itália.

Enfim, essas são as voltas que o mundo dá.

No entanto, tudo muda, quando vejo em jornais italianos, que o orçamento do time de Flávia para a temporada é de 600 mil euros. Sendo que a proporção real/euro está na casa de quatro. Ou seja: 2.400.000 reais; sendo 1.000.000 apenas para o pagamento de atletas e comissão técnica.

Realmente, sabendo disso, minhas filhas, joguem até em Bangladesh!

Por que no Rivas, mesmo que na segunda divisão, Silvinha estará garantindo com dignidade seu salário. Coisa que aqui não vinha acontecendo.

No Reggio, que fugia do rebaixamento na Itália, Micaela, segundo consta, recebeu todo o apoio quando se contundiu. Teve sua operação num grande centro. E eu me pergunto, o que aconteceria se ela tivesse se contundido no Brasil e estivesse defendeno um desses times de aluguel, que duram 4-5 meses e depois se explodem?

E, Flávia, menina criada na periferia paulistana, merece coisa melhor que a constante incerteza das quadras nacionais.

É isso.

Boa sorte a todas.

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