quinta-feira, 19 de agosto de 2004

Papo com o PC

PAULO CESAR VASCONCELLOS
pc@lancenet.com.br

A Janeth é uma brasileira.
E quanto talento!


Noves fora os jornalistas, os de férias, os aposentados, os enfermos e os vadios, o grande público não viu o que a Janeth fez na vitória da Seleção Brasileira feminina de basquete sobre a Grécia. Faltava um segundo para o fim do primeiro tempo e, da quadra brasileira, ela arremessou direto para a cesta adversária. Pura magia. Vi e revi o lance várias vezes. Fantástico!

A cada encontro com a jogada, a pergunta ganhava mais peso e a resposta sofria de subnutrição: por qual motivo Janeth não é badalada e incensada como ídolos de outros esportes? Indagação que tomou conta da minha cabeça ao longo da tarde de segunda-feira e do dia seguinte. Ando à procura da resposta e até agora só encontrei argumentos sobre o jeito de ser da Janeth e do basquete.

Começo pela atleta. Talento não lhe falta. É tão evidente que os americanos a levaram para disputar o campeonato mais exigente do mundo. Congelo a imagem na Janeth e constato que ela – o esporte também – trafega na contramão de alguns equivocados conceitos vigentes da metade dos anos 90 para cá. Os especialistas em marketing (profissão em alta no período eleitoral) sentenciariam que Janeth não tem carisma e presença. "E daí?", faço questão de perguntar. O talento é muito mais importante e isso a Janeth tem de sobra.

Mas ela não quer sair na capa de uma revista de celebridades, colar no poste os seus relacionamentos e tampouco freqüentar programas de lágrima fácil. A cesta contra a Grécia foi uma linha na carreira da melhor jogadora de basquete feminino do país – está entre as melhores do mundo – e nada vai acontecer. Aí entra o esporte. Por vários motivos – mesquinhez de quem nele gravita é o principal – o basquete ficou borrado. Trabalha muito mais contra do que a favor, infelizmente.

Aposto que a ala de corvos do esporte critica mais do que elogia a Janeth. Enxerga defeitos e tem urticária para falar das qualidades. Enquanto isso, ela cumpre o seu papel dentro da quadra. O fato de os marquetólogos, coadjuvados por alguns coveiros do cesto, não a considerarem vendável é problema deles. O mundo a conhece e diz obrigado para o seu talento.

Fonte:
Lance!

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