domingo, 29 de agosto de 2004

Basquete feminino pensa agora no Mundial de 2006

Apesar de ter que voltar para casa sem medalhas - o que aconteceu nos dois últimos Jogos - as brasileiras enalteceram o fato de terem ficado entre as quatro melhores equipes de Atenas. Agora, a meta é garantir o Mundial de 2006, que será realizado no Brasil.

Para o técnico Antônio Carlos Barbosa, o planejamento deve ser iniciado desde já. "Em casa temos que fazer com que essas jogadoras joguem bastante. A nossa responsabilidade será grande. A renovação acontecerá normalmente. Algumas meninas que foram campeãs mundiais sub-21 poderão ser aproveitadas", disse.

Barbosa acredita, ainda, que o Brasil está no mesmo nível dos adversários. "Não somos melhores do que ninguém. Podemos ganhar ou perder. Preocupante seria não virmos para os Jogos Olímpicos. São poucas as equipes no mundo que conseguem se manter na elite há dez anos. Temos que continuar o trabalho. Não é nenhum pesadelo ficar em quarto. Acho que não houve nenhuma hecatombe", analisou.

Já o presidente da Confederação Brasileira de Basquete, Gerasime Bozikis, destacou o trabalho que vem sendo feito no esporte. "Hoje temos cinco jogadores na NBA, todos na faixa dos 20 anos, e estamos com uma nova Seleção Brasileira no masculino. Esse trabalho leva de oito a dez anos e esse buraco está suprido. No feminino, estamos há dez anos entre as quatro melhores do mundo. Já fizemos contato com vários países visando à preparação das seleções adultas para os Campeonatos Mundiais de 2006. No próximo ano, antes da Copa América (Pré-Mundial), iremos disputar amistosos contra as principais forças do basquete", declarou.

"Trabalho será mantido", diz presidente da CBB


Antonio Prada
Direto de Atenas

O presidente da Confederação Brasileira de Basquete, Gerasime Bozikis, o Grego, rebateu as declarações revoltadas de algumas jogadoras que criticaram a estrutura do basquete feminino brasileiro e afirmou que o trabalho que está sendo realizado será mantido. "As meninas têm que botar a bola na cesta e essa discussão existe dentro da confederação e elas podem participar, internamente", reclamou, querendo encerrar o assunto.
Hoje, após a derrota do Brasil para a Rússia que custou a medalha de bronze, a pivô Alessandra criticou muito a pobreza do basquete feminino dentro do Brasil, com faltas de times, patrocínios e trabalho de base". Saiba mais

Mesmo assim, Grego disse concordar que existe o problema e que ele está sendo tratado. "Não basta tirar uma Alessandra e colocar uma Érika. É preciso trazer novas meninas e dar experiências para elas". "O trabalho de base vem tentando fazer o possível, mas faltam verbas, técnicos e equipes". Por fim, Grego desabafou: "eu carrego dois pesos: um foi o fato de a seleção masculina não ter participado dos Jogos; outro, é o feminino não ter conseguido a medalha".

Mudanças na seleção


O presidente da CBB disse que não estão previstas outras mudanças na seleção, além das já anunciadas. O atual técnico, Antonio Carlos Barbosa, passará a coordenar o trabalho. Em seu lugar, assumirá Paulinho, que atualmente é o assistente responsável por todo o trabalho de defesa.

"As mudanças serão apenas de nomes. O trabalho da comissão é muito harmônico e todos têm liberdade de opinar. O Paulinho já tem total responsabilidade pela defesa", comenta Barbosa.

O técnico e o presidente lembram que o trabalho agora é pensar no Mundial de 2006, que será realizado no Rio de Janeiro e em São Paulo. "O planejamento já começa agora. Existe o time sub-21 que tem conquistado bons resultados. Mas ainda não podemos falar sobre as jogadoras atuais. Temos que esperar para ver como elas vão estar daqui a dois anos", explica Barbosa.

Grego disse que para o Mundial, o Brasil vai se preparar com amistosos. "Já estive em contato com a Espanha e com a Grécia para realizarmos amistosos no Brasil, em 2005".

Alessandra reclama de falta de base no Brasil



Antonio Prada
Direto de Atenas

A pivô Alessandra, da Seleção Brasileira de basquete, era hoje uma das jogadoras mais decepcionadas com a perda da medalha de bronze para a Rússia.

Chorando, a jogadora reclamou a falta de uma escola de base brasileira e de times fortes no basquete feminino nacional.

"O momento é de reflexão do basquete brasileiro. Alguma coisa está acontecendo. O problema não é só acabar sem uma medalha olímpica. Onde estão as categorias inferiores do basquete do Brasil? Por que a seleção masculina não está aqui?", reclamou.

Alessandra insistiu que o País carece de uma escola de formação para crianças a partir dos dez anos e de bons técnicos. "Quando um time depende de três ou quatro jogadoras, não tem jeito".

A pivô não escondeu ainda a frustração pessoal com a derrota. "Tenho que pensar na minha vida pessoal. Eu não queria vir para a seleção, tive problemas de saúde, mas meu técnico na Itália e minhas colegas me mostraram o outro lado da moeda, a importância de estar numa Olimpíada, principalmente, porque a Itália faz tempo que não vem", lembra, deixando em aberto como ficará seu futuro na seleção.

"Eu não vim para ser cestinha, mas para ganhar medalha. Se eu tivesse feito seis pontos, mas ganho a medalha era o que importaria", finalizou.

Janeth abre mão de jogar na WNBA este ano


Antonio Prada
Direto de Atenas

A mais experiente jogadora da Seleção Brasileira de basquete, a ala Janeth, abriu mão de disputar este ano a WNBA (liga profissional do basquete feminino nos Estados Unidos) pelo time do Houston Comets. Ela justificou a decisão dizendo que a competição já está na metade, faltando oito jogos, e a equipe está na sexta colocação. "Já tinha recebido o contrato, mas eu estou cansada e não quero arriscar neste momento", explicou.

Janeth disse que já recebeu propostas de algumas equipes brasileiras como Ourinhos, Americana, ambas paulistas, e Tupinambás, de Minas. Mas a jogadora afirmou que deverá permanecer em São Paulo.

Sobre a perda da medalha de bronze para a Rússia, Janeth disse que está chateada pelo objetivo não ter sido alcançado, mas não se considera frustrada. "Não estou decepcionada, principalmente porque sei que me dediquei ao máximo dentro de quadra". Para ela, houve uma grande evolução de todas as equipes de Sydney para cá. "Mudou muito, todo mundo se aperfeiçoou e ainda assim estamos no mesmo nível". Janeth explicou que hoje a Rússia soube se aproveitar da falha brasileira no rebote.

A jogadora lembra que desde que está na seleção, há 17 anos, o Brasil figura entre as melhores do mundo. "Nunca deixamos de participar de uma olimpíada e, apesar das dificuldades do basquete brasileiro, sem clubes, sem patrocínios e sem base, ainda estamos entre as quatro melhores".

Aos 35 anos, Janeth disse que ainda quer jogar muito pela seleção, principalmente, para o mundial de 2006 que será realizado no Rio de Janeiro e em São Paulo, "mas vai depender do meu físico. Eu quero sempre me dedicar 100%, então não sei até quando poderei contribuir com a equipe".

Ela lembra que já para a Atenas, toda a preparação feita com o grupo foi para que não dependesse apenas de uma jogadora. "Não é em todo jogo que se está bem. Espero que se continue todo este trabalho de equipe".

Fonte: Terra









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