sexta-feira, 27 de agosto de 2004

Após ter entregue jogo na 1ª fase, time tenta quebrar invencibilidade de rivais

Agora para valer, Brasil revê Austrália para exorcizar dez anos de fracassos
DO ENVIADO A ATENAS

O Brasil reencontra hoje seu pior algoz desde que ascendeu à elite do basquete, com o título do Mundial feminino de 1994. A Austrália, rival de hoje na semifinal do torneio olímpico, tem sido a pedra no caminho da seleção.
Nenhum time enfrentou mais o Brasil nos últimos dez anos em Mundiais e Olimpíadas. Pior: as australianas foram quem mais vezes ganharam das brasileiras no período. Mais até que os EUA.
Foram seis duelos com o país da Oceania, com só uma vitória. Houve três confrontos com as americanas, com duas derrotas.
No Mundial da Alemanha-98, o Brasil perdeu duas vezes para seu carrasco. Na última delas, na luta pelo bronze, ficou fora do pódio.
Dois anos depois, o Brasil bisou o mau retrospecto diante das australianas. O time do técnico Antonio Carlos Barbosa caiu duas vezes: na fase de classificação e na semifinal. Teve que se contentar com o terceiro lugar, após bater a Coréia do Sul na prorrogação.
Nem quando derrotou o time da terra do canguru, o Brasil se deu bem. No Mundial da China, em 2002, a equipe obteve uma vitória apertada por 75 a 74. Depois, porém, caiu diante de Coréia do Sul e China e ficou fora de uma semifinal de Mundial ou Olimpíada pela primeira vez desde 1992.
"A campanha na China foi uma aberração. Montamos o time às pressas e não tivemos tempo de treino", afirma Barbosa.
Em Atenas, a derrota para a Austrália foi estratégica. Para evitar os EUA na semifinal, o Brasil teria que vencer por 15 pontos de diferença ou perder o duelo.
A equipe optou pela segunda alternativa, e Barbosa escalou as reservas para atuarem a maior parte do segundo tempo. "Aquele jogo não serve de parâmetro. Fomos muito mal. Agora temos que jogar intensamente se quisermos vencer", disse a ala-armadora Iziane.
Para chegar a essa fase, a Austrália fez uma campanha perfeita. Após seis jogos, é o único invicto, ao lado dos EUA, que pegam hoje a Rússia, na outra semifinal. Apesar da boa vitória sobre o Brasil na primeira fase, a Austrália não usará o discurso da Espanha, cujo técnico subestimou as brasileiras.
"É um time muito forte, com grandes jogadoras como Alessandra e Janeth. Queremos jogar a decisão, mas estamos focadas na semifinal", disse a ala Lauren Jackson, destaque da Austrália.
(ADALBERTO LEISTER FILHO)



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Mata-matas refletem domínio de uma década
DO ENVIADO A ATENAS

É quase fatal. Nos últimos dez anos, sempre que chegam às semifinais do Mundial feminino de basquete ou da Olimpíada, quatro países continuam na disputa: Brasil, Austrália, EUA e Rússia.
Apesar da ascensão de outros times europeus, como Espanha e República Tcheca, e do temor despertado pela "escola asiática", representada por China, Coréia do Sul e Japão, os quatro grandes voltam a se encontrar no mata-mata que antecede a final.
Tal fato havia ocorrido pela última vez no Mundial da Alemanha, em 1998, quando a seleção brasileira, que defendia o título, ficou com a quarta colocação.
Mas o controle do pódio pelos quatro grandes é praticamente absoluto desde 94. A única "intrusa" foi a China, que decidiu o título daquele ano com o Brasil.
A Austrália, adversária de hoje da seleção brasileira, foi quem mais evoluiu no período. A equipe saiu de um quarto lugar em 1994 para três medalhas de bronze (Mundiais da Alemanha-98 e China-02 e Jogos de Atlanta-96) e um vice-campeonato olímpico, há quatro anos, jogando em casa.
Os EUA, por sua vez, imperam. Há dez anos não perdem em Mundiais ou Olimpíadas. Seu último revés foi a derrota para o Brasil (110 a 107), no Mundial de 1994. O time do técnico Van Chancellor é bicampeão mundial e olímpico. "Elas estão um pouco acima das outras seleções, mas não são imbatíveis. Os jogos entre Brasil, Rússia e Austrália sempre serão disputados", diz o técnico Antonio Carlos Barbosa. (ALF)

Fonte: Folha de São Paulo

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