terça-feira, 1 de junho de 2004

'Estrangeiras' optam por descanso antes de Atenas

Marta Teixeira

São Paulo (SP) - Para algumas foram três anos consecutivos de competições, emendando um torneio em outro. Em ano de preparação olímpica, no entanto, a maior parte das jogadoras da seleção brasileira feminina de basquete que atuam no exterior decidiram dar uma folga para corpo e mente antes do início da preparação.
Nenhuma das oito convocadas com experiência na WNBA - Janeth, Adrianinha, Helen, Iziane, Érika, Kelly, Alessandra e Cíntia Tuiú - vai participar da Liga esse ano. Érika, Kelly, Alessandra, Tuiú e Adrianinha já haviam desistido de competir nos Estados Unidos na temporada passada, ficando à disposição da seleção brasileira para os torneios classificatórios para a Grécia.

Esse ano, Janeth, Helen e Iziane também abriram mão da WNBA em benefício de uma melhor preparação para a luta por medalhas em Atenas. Assim como fez na temporada passada, a Confederação Brasileira de Basquete (CBB) está pagando uma ajuda de custo para as atletas que não foram jogar nos Estados Unidos. O valor da ajuda de custo não foi divulgado pela entidade.


No entanto, nem todas vão realmente descansar antes da apresentação. Janeth e Tuiú optaram por reforçar o Pão de Açúcar/Fio/Ourinhos na final do Campeonato Paulista e só se apresentam ao técnico Antonio Carlos Barbosa depois da decisão do Estadual. Érika não ficou para o Paulista, mas reforçou o outro finalista, Unimed/Americana, na seletiva para o Mundial de Clubes, encerrada no último domingo.

'Dou um passinho para trás agora, mas muitos para frente depois', destaca a pivô Kelly. Na última temporada ela defendeu o CUS Chieti no Campeonato Italiano e depois recebeu convites de várias equipes paulistas para disputar as fases decisivas da competição, mas preferiu se poupar. 'Quero estar fresquinha para a seleção'.

A armadora Adrianinha também não quis saber de quadra nos poucos dias entre o fim de sua participação do Campeonato Italiano e o começo do trabalho com a seleção. 'Foram três anos sem férias. Chega uma hora que precisa, o descanso é muito importante também. Não só o físico, mas mesmo o mental'.

Parada há três semanas, ela acha que o grupo poderá contar com um bom tempo de preparação antes do início de seus compromissos pré-Olímpicos. 'Não vamos treinar nem muito nem pouco. Bem diferente da Olimpíada passada quando tinha gente chegando a uma semana dos Jogos', lembra.

Em Sydney, o técnico Barbosa viu-se, mais uma vez, às voltas com um problema que vinha atrapalhando a seleção desde depois dos Jogos de Atlanta-96. Com a repercussão do trabalho das brasileiras no exterior e a crise econômica interna, as jogadoras espalharam-se pelo mundo sendo sempre complicado conciliar o calendário das atletas nos clubes e na seleção.

'Na minha primeira convocação, em 97, já não tinha a Janeth', lembra Kelly. 'A partir de Sydney ficou ainda mais difícil. Agora está todo mundo consciente para treinar, trazer a experiência do exterior e não acontecer como no Mundial. A gente sabe que mesmo esse espaço no exterior é resultado do bom trabalho em Sydney', acrescenta. Em 2000, o Brasil foi bronze nos Jogos australianos, mas dois anos depois terminou na sétima colocação no Mundial na China. Para a pivô, boa parte da responsabilidade por isso foi do pouco tempo de treino em grupo.

Veterana na seleção, a ala/armadora Helen está feliz por, finalmente, poder descansar um pouco antes de pegar no batente com a seleção. 'Essa é a primeira vez que chego sem fazer nada', comemora, brincando que já avisou ao preparador físico João Nunes que chega sem condicionamento, massa ou ritmo. Atleta do Dinamo Nowsibirsk, na Rússia, na última temporada, ela disputou sua última partida dia 27 de abril.

As jogadoras da seleção deram o primeiro passo para a preparação olímpica nesta terça-feira, submetendo-se a exames fisiológicos em São Paulo. Nove das 17 convocadas passaram pela avaliação. As atletas que ainda disputam a final do Paulista poderão apresentar-se apenas depois do dia 10, caso a série entre Ourinhos e Americana necessite da realização dos cinco confrontos.

Os treinos em quadra da seleção começam na próxima segunda-feira e para o preparador João Nunes fez a melhor escolha quem optou pelo descanso. 'Isso é necessário. Chega uma hora que o corpo não agüenta. É como qualquer máquina, se fica funcionando direto chega uma hora que começa a dar problema'.


Fonte: Gazeta Esportiva

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