quinta-feira, 7 de agosto de 2003

Vitória mais que esperada não conveceu, ou sim?


Por João Claudio de Lima Jr
Enviado Especial ao Pan



Santo Domingo, 05 de Agosto de 2003.

Uma grande dúvida paira sobre a minha cabeça!!! O Brasil venceu a República Dominicana por 102 a 44. A enorme diferença de 58 pontos não passou desapercebida frente aos olhos de ninguém, claro, mas será que a vitória não foi mais um fruto do óbvio que da ação do Brasil, já que as dominicanas desmotivadas pela má campanha e a falta de público para o feminino, além de não ter a mais mínima chance de chegar a disputa das medalhas, podem ter resolvido afrouxar de vez! Essa equipe tinha apertado contra as Cubanas, será que não oferecia maiores perigos, não de vitória, claro, mas de tentar complicar, porque afinal de contas o Brasil não foi nenhuma máquina defensiva, mesmo com o ataque funcionando... Bem, a interrogação fica no ar!!!

Eu estava muito confiante, sentia-se isso nos dois primeiros textos, principalmente depois da arrasadora vitória sobre as argentinas. Via-se cubanas, entortando a cabeça num primeiro tempo e ganhando no segundo, apesar das diferenças no placar aos finais, elas estavam jogando na raça, batendo para cima, jogando nas individualidades dentro das possibilidades da equipe, sem muito padrão, no estilo vida ou morte. Não via em Cuba um adversário tão perigoso. Estados Unidos então... Não passava de uma meninada, querendo mostrar alguma coisa. Acreditava que nenhum dos nomes dessa seleção nem sonhariam em entrar numa WNBA. Enganei-me grandiosamente. As cubanas se firmaram como favoritas, posto que defendiam com o Brasil, as americanas surpreenderam e com uma equipe de juvenis ganharam das seleções principais de argentina e Canadá. Sinto medo, porque inclusive o Canadá, que apesar de só ter ganho da República Dominicana, até agora, tem uma equipe muito organizada e obediente taticamente.

Já sei que a Argentina não está bem, para falar a verdade nem sei se está com seu grupo completo, mas não oferece grandes perigos, qualquer medo seria balela, elas só foram capazes de fazer 43 pontos na gente. O ataque meia bomba da República Dominicana, que gira todo em torno de Teresa Durán, ainda permitimos fazer 44, se bem que acho que nem nossa defesa juvenil podería permitir uma coisa dessas. As jogadoras estão mais que displicentes. Estão deslocadas. Não têm fervor. Sei que estou sendo repetitivo, mas não é uma seleção brasileira que eu esperava ver. Mesmo que tivesse ganhado por 100 pontos de diferença. As jogadoras entraram mudas e sairam caladas de quadra. Não expressam grandes ações e isso me preocupa. O caso não é raça, é alegria, vontade de estar ali, feliz com o fato, de fazer parte da equipe, mesmo em razões particulares, pela falta de outras jogadoras, porém não são todas meninas que têm a oportunidade de jogar um PAN, que além do mais só acontece se 4 em 4. Deveríam respeitar-se mais a si mesmas e entrarem gritantes, com vontade de vencer e de convencer.


Não há muito o que dizer do jogo de hoje, porque por mais que não queiramos ser pessimistas, as dominicanas são péssimas. Jogam muito mal mesmo, não sei se elas têm jogadas, porque a única que funciona é por a bola na mão da número 7. As outras ainda precisam trabalhar os fundamentos básicos de passe, defesa, quicar a bola etc... Achei que a equipe poderia ter explodido, mesmo sem marcar 100 pontos, mas se explodíssemos, com certeza seríam mais de 120, pois temos ataque para isso.

Barbosa poderia ter treinado mais as jogadas, ou até criado outras para enriquecer o esquema brasileiro que anda pouco variado, mas acho que dar ritmo ao banco foi importante também, espero que não foi só para calar a boca das meninas, fazendo-as alegres por jogar, ou se vai servir para inspirar-lhe alguma confiança para usá-las de forma consistente no jogo de amanhã contra Cuba.

Conversa vai, conversa vem, Deveremos enfrentar mesmo as americanas nas semi-finais, mesmo vencendo Cuba. Poderemos dar nossa revanche, mas só para avisar, elas detonaram as argentinas e canadenses, esse grupo está ganhando forças e acho que deve crescer ainda mais, por isso é preciso que abramos os olhos e acertemos nosso passo nesse afunilamento.

Comentarios individuais:


Alê: Jogou pouquinho e só no primeiro quarto, nem me lembro se foi todo. Não dá muito para uma avaliação, mas se sobrepõe as adversárias pela altura, mas deixa a desejar em sua movimentação, porém em jogos mais decisivos sua experiência será importantíssima para o grupo, mas não veremos ainda nesse PAN a Alê que estamos acostumados a ver, pois o mais provável é que físicamente não está 100%.
Nota:7.0

Cintía Tuiu: Entrou um pouco mais inspirada hoje, ainda que lhe falte agressividade para os rebotes, Cintia atacou melhor e defendeu melhor que nos últimos jogos, se bem que essa melhora era quase que obrigatória para um time como a República Dominicana, que muito mal sabe defender em Zona.

As muito más linguas da torcida brasileira diziam que com exceção da #7 o resto fazia parte de um time de softball(baseball para mulheres) em alusão ao esporte nacional do país cede dos jogos. Por esta razão e por outras não dá para enaltecer tanto o trabalho da pivô brasileira. Nota:8.5

Micaela: Entrou para defender a tal jogadora, Durán, e não lembrou nem de longe a grande defensora comandada pela Maria H. Cardoso. Contratacou rápido, mas continua com uns erros que, de verdade, são típicos de uma adolescente. Espero que ela consiga se concentrar mais e mostrar seu potencial na hora em que nós mais precisarmos dela. Nota:6.8

Silvinha:Deu show, desde o primeiro segundo de jogo, mostrou raça e sentiu que era só bater para dentro com a leveza típica, porque as dominicanas não iriam conseguir pará-la. Além do mais não foram só bolas de 2, foram de três, em infiltrações e tantas reticências que resultaram em seus 24 pontos. Se ficasse mais tempo em quadra, mais pontos teria feito e arrasaria com o placar, defendeu muito bem também. Parece mesmo que Silvinha afastou o fantasma que andava atormentando-a e está arrebentando. Espero que a melhor jogadora destes dois últimos jogos siga assim e possa até melhorar. Nota:9.7

Adrianinha: Acho que jogou todo o primeiro tempo, ou ¼ e meio. Adriana não teve que se preocupar muito com as dominicanas, pois já que a jogadora a qual defendia não estava absolutamente em quadra psicológicamente. Na ofensiva errou muitos lances de três e acho que não está muito satisfeita com isso. Espero que possa melhorar mais no ataque e que pense nos conselhos que andou recebendo de Paula e volte a fazer partidas espetaculares, mesmo assim é a melhor jogadora do Brasil na competição. Nota:8.0

Kelly: Entrou bem na defesa. Roubou bola e pegou muitos rebotes, mas falhou na ofensiva, apesar de ter cavado boas faltas. Não a sinto como que movimentando-se bem e atirando de longe, pode ser mais efetiva embaixo da tabela, mesmo que o seu tiro de média distancia tenha melhorado muito. Corrigindo esses problemas voltaria a ser uma grande jogadora em quadra. Nota:8.2


Mamá: Entrou e voltou a jogar bem, não cometendo os mesmos erros anteriores, Mamá pegou alguns rebotes e se movimentou muito bem ofensivamente. Rápida e fatal Mamá pode ser uma jogadora muito perigosa contra as outras seleções, mas precisa entrar concentrada e errando pouco como hoje, a pesar do pouco tempo em que atuou. Nota:9.0

Líliam: Neste jogo destravou. Parece que essa menina não gosta de destaque, pois só se soltou no volume do jogo brasileiro. Digo isso, porque Líliam não joga em momentos críticos e hoje, solta, arrebentou, mesmo que os números não digam isso. Foi regular defensivamente e partiu para cima, além de meter as duas bolas de três que arremessou e a única de dois que tentou. Quer dizer, ela precisa fazer isso quando realmente precisamos que ela faça, ou seja sempre.risos. Nota:8.7

Víviam: A explosiva jogadora não estava muito preocupada com o ataque. Víviam que entrou para marcar a Durán, foi a melhor jgadora a fazê-lo junto com a Jacq Godoy. Forte e estrondosa ela não deu muitas bobeiras nesse jogo e atingiu o objetivo, ao que se propôs aparentemente, dentro de quadra. Nota:8.0

Jacq Godoy: Entrou bem, mas acabou desandando. Errou muitos passes e isso mancha muito a sua atuação, principalmente porque são passes fáceis. Não posso acreditar como uma armadora como ela possa cometer tantas bobeiras num jogo tão fácil. Ofensivamente não trabalhou bem e errou os lances-livres, porém defensivamente a jogadora jogou bem e até bloqueou. Precisa estar mais ciente, para que Barbosa possa confiar mais nela. Nota:7.0

Renata: A ala entrou bem e com um aproveitamento grandioso. Gostaria de ver essa ala de 1.85 partindo mais pro ataque, mas parece que o negócio dela é arremessar da cabeça do garrafão, por isso acaba nos privando da sua velocidade, que pude observar em um contra-ataque. Renata é também muito consistente defensivamente. Podería ser uma opção de razoável a boa em jogos próximos. Basta saber se ela vai responder bem como hoje em jogos mais duros. Nota:8.6

Ega: A ala-pivô de 1.90 de altura entrou muito bem. Ega que andou encantando os muchachos argentinos e a mulecada brasileira com seu corpo escultural e o seu largo sorriso sempre à mostra, no jogo de hoje mostrou que deveria ser testada em encontros mais fortes. Em instantes fez 6 pontos e é a jogadora com características alegres e de vibração que o Brasil precisa. Nota:8.5

Esse jogo foi moleza, mas vai dar para ter uma noção melhor da nossa equipe depois da derrota no jogo contra Cuba. Espero que as jogadoras possam entrar em harmonia com o seu lado experiente e deixe um pouco o lado mirim como comentaram aquí no Blog, porque Cuba, mesmo sem ter grandes destaques individuais tem um grupo homegêneo e no caso de vitória contra as americanas na possível semi-final o Brasil disputaria o ouro contra as compatritas da falecida cantora de Salsa Célia Cruz, da música Guantanamera (para os amantes da Salsa Cubana), porém espero que ao fim soe o samba brasileiro para que iniciemos nossa festa!

Por hoje é só, mas amanhã o ginásio estará fervendo com o jogo contra as cubanas e pela final do masculino.



Avante Brasil!!!!!!!


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