ENTREVISTA O bate-papo é com uma das maiores pivôs brasileiras! KELLY
O bate-papo é com uma das maiores pivôs brasileiras! KELLY1) Kelly, pra começar onde e quando você nasceu? E como teve contato com  o basquete pela primeira vez?  
Sou natural de São Paulo, capital, em 10 de novembro de 1979.   Minha mãe diz que foi chamada uma junta médica para me ver, porque nasci com  68 cm e 5,5 kg.  

O medico Dr. Eduardo Gomes, da Clínica Anna Aslan, sempre investiu em  atletas.  Então ele me deu um tratamento para emagrecer e me apresentou ao mundo do  basquete.   2) Gostaria que você falasse um pouco da sua trajetória nas categorias  menores até chegar a seleção juvenil: os clubes, os técnicos, os títulos,  etc.
Em 1993, comecei no Leite Moca, com a  técnica Nilcéia Ravanelli, fomos 3º lugar no mirim. Em 1994, fui para a Ponte Preta, com o técnico Paulo Bassul.   O nível técnico das meninas era muito melhor que o meu, jogava pouco, mas fui campeã Infantil.  Em 95 e 96, já jogando mais, fui campeã infanto.   Em 96, pela seleção juvenil, joguei sul-americano e mundial. Em  97, fui eleita a  melhor juvenil, estreei na seleção adulta (Copa América, no Ibirapuera), e fui campeã paulista adulta pela  Microcamp/Campinas. Em   98, já no BCN/Osasco, fui Campeã Juvenil e Adulto e disputei o Mundial da Alemanha com a seleção.  3) Como você foi parar na Microcamp/Campinas?  
Na verdade eu já estava lá no meu canto jogando e a Microcamp que chegou e  levou um super time para jogar a divisão A1do Paulista.  Foi muito bom porque fui ganhando mais experiência. Havia jogadoras mais velhas do que eu para bancar o adulto, mas  eu, com muita vontade e persistência, consegui um espaço e depois fui só crescendo.       4) Seu torneio de maior destaque pelo juvenil foi o Mundial de 1997, em  Natal. Gostaria que você falasse um pouco da experiência de disputar o  torneio, das suas colegas de quadra e do resultado - o quarto lugar.
 A equipe já estava bem entrosada, pois já havíamos disputado sul-americano,  pan-americano e alguns amistosos.  O quarto lugar é ate hoje a melhor colocação do Brasil em Mundiais Juvenil.  Não ficamos em 3 lugar por pouco.
A equipe já estava bem entrosada, pois já havíamos disputado sul-americano,  pan-americano e alguns amistosos.  O quarto lugar é ate hoje a melhor colocação do Brasil em Mundiais Juvenil.  Não ficamos em 3 lugar por pouco.       5) Como você avalia a sua evolução e a de suas companheiras que em 1997  disputaram esse Mundial, em Natal; em relação às jogadoras dos outros países  que também disputaram o torneio e que agora você reencontra nas seleções  adultas?  
 A minha evolução é clara, pois naquela época eu era muito pesada e lenta. Meu  jogo se resumia em pegar rebotes, hoje jogo de 4 e 5 estou muito mais rápida  e com o chute de meia distância certeiro.
A minha evolução é clara, pois naquela época eu era muito pesada e lenta. Meu  jogo se resumia em pegar rebotes, hoje jogo de 4 e 5 estou muito mais rápida  e com o chute de meia distância certeiro.

Destaco a australiana Lauren Jackson, que hoje é o ponto mais forte da seleção  australiana, ela realmente desequilibra.6) Seu primeiro torneio na seleção adulta foi a Copa América de 1997?  Fale um pouco desse campeonato e da sua estréia no adulto.
 Na minha primeira seleção, confesso que me sentia em casa pois já trabalhava  com a Paula a Branca, e o técnico Barbosa no clube (MICROCAMP).   O campeonato foi equilibradíssimo: as cubanas em plena forma, os Estados  Unidos como sempre com um elenco brilhante.   Mas o nosso conjunto e criatividade prevaleceram e fomos campeãs.
 Na minha primeira seleção, confesso que me sentia em casa pois já trabalhava  com a Paula a Branca, e o técnico Barbosa no clube (MICROCAMP).   O campeonato foi equilibradíssimo: as cubanas em plena forma, os Estados  Unidos como sempre com um elenco brilhante.   Mas o nosso conjunto e criatividade prevaleceram e fomos campeãs.7) Em 1998, você disputou o Mundial da Alemanha. Fale um pouco deste  torneio e das suas principais lembranças dele.
 Estados Unidos estavam com o time completo, mas cheguei a acreditar que a  Rússia poderia ganhar a final pois vinha com jogadoras como a Elena Baranova em  excelente fase, mas não aconteceu.
Estados Unidos estavam com o time completo, mas cheguei a acreditar que a  Rússia poderia ganhar a final pois vinha com jogadoras como a Elena Baranova em  excelente fase, mas não aconteceu.  
Acredito que tivemos pouco tempo de preparação e disputamos a medalha de  bronze com a Austrália, um time que vinha numa crescente.8) Nos clubes, você se transferiu para o BCN-Osasco. Fale um pouco da  sua trajetória em Osasco e das suas principais conquistas no clube paulista.
 Fui para o time Juvenil do BCN em 98, ficando no banco do adulto no primeiro ano.   Mais fui para a seleção e tive um bom destaque e voltei para o BCN com a  oportunidade de assumir o time como titular e aproveitei.  No BCN , fui bi-campeã paulista, campeã mundial interclubes e  participei do jogo em que o BCN bateu a fortissíma seleção da WNBA, quando começou a sondagem para que eu fosse jogar lá.
Fui para o time Juvenil do BCN em 98, ficando no banco do adulto no primeiro ano.   Mais fui para a seleção e tive um bom destaque e voltei para o BCN com a  oportunidade de assumir o time como titular e aproveitei.  No BCN , fui bi-campeã paulista, campeã mundial interclubes e  participei do jogo em que o BCN bateu a fortissíma seleção da WNBA, quando começou a sondagem para que eu fosse jogar lá.9) Em 99, você teve uma participação mais efetiva na seleção. Fale um  pouco da sua participação nos Jogos Pan Americanos e no Pré-Olímpico.
 Eu vinha de um ano no banco do BCN, com sede de jogar tive que superar  várias dificuldades, como falta de ritmo de jogo. Mas é assim que se  evolui: se superando.
Eu vinha de um ano no banco do BCN, com sede de jogar tive que superar  várias dificuldades, como falta de ritmo de jogo. Mas é assim que se  evolui: se superando.
No Pan-americano, começamos muito bem, mas estávamos com um time novo, e  bobeamos na semi final contra o Canadá. Estávamos ganhando e perdemos em  oito segundos. Foi uma lição inesquecível.  No Pré-Olímpico, com o time mais completo, também tive a oportunidade de  entrar como titular, perdemos para Cuba na final por 3 pontos, mas  garantimos a classificação para as Olimpíadas.
10) O ano de 2000 te trouxe a medalha de bronze olímpica. Como foi a  experiência de disputar sua primeira Olimpíada? Qual foi a sensação de  disputar seu primeiro jogo em Sydney?  
É sem duvida gratificante participar de uma Olimpíada.   Jogar o primeiro jogo e depois ganhar a medalha só foi o resultado de muito  trabalho.
10) Você se transferiu para o Vasco, após a extinção do basquete no  BCN. Como foi participar do projeto do Vasco? Como foi reencontrar a técnica  Maria Helena Cardoso?
 Na verdade o projeto vascaíno foi de muita boa intenção, trazendo jogadores  olímpicos, mas acredito que o clube não suportou.  Maria Helena é realmente uma excelente técnica. Ela encaixa o time, indiferente às dificuldades.
Na verdade o projeto vascaíno foi de muita boa intenção, trazendo jogadores  olímpicos, mas acredito que o clube não suportou.  Maria Helena é realmente uma excelente técnica. Ela encaixa o time, indiferente às dificuldades.11) Suas principais conquistas no Vasco foram o Carioca e o  Nacional. Gostaria que você falasse desses torneios.
 O Estadual do Rio foi um campeonato, em que a final contra o time da  Mangueira foi disputadissíma. Ganhamos no 5º e último jogo.
O Estadual do Rio foi um campeonato, em que a final contra o time da  Mangueira foi disputadissíma. Ganhamos no 5º e último jogo.
O Nacional  também, mas com um sabor todo especial, pois foi o primeiro campeonato  nacional que ganhei. Fiz parte da seleção de ouro, ao lado da Albena, Janeth e Helen.13) Em 2001, você foi draftada para a WNBA. Como foram os bastidores  desse processo? Você esperava chegar tão cedo à WNBA?
Eu fui inscrita e eles me escolheram, nada de excepcional nos bastidores.   Eu sempre tive muita esperança e confiança em Deus de ser escolhida pelos  bons jogos que fiz pela seleção.14) Como foi sua experiência na WNBA? Estar num time com jogadoras  que você já conhecia (Elena, Claudinha) te ajudou? Como você avalia sua  participação no Detroit Schock?
Sem dúvida alguma aprendi demais. O contato internacional que ganhei lá ,  me favoreceu muito. Estar num time com jogadoras que já conhecia não me  ajudou muito . Na WNBA, o que ajuda é o seu próprio desempenho . Avalio que  me sai bem, mesmo tendo poucas oportunidades, aproveitei todas.15) Você foi uma das jogadoras que mais resistiu ao processo de  desmanche do time do Vasco. Como foram os últimos meses no Rio e como foi a  decisão de ir para Ourinhos? 
Voltei da WNBA para ficar no Vasco , pois eles cumpriram com seus  compromissos comigo, mas chegando lá vi que as coisas não estavam muito bem.  Recebi uma proposta de Ourinhos e aceitei.16) Você teve um adaptação rápida ao time de Ourinhos e logo se  tornou um dos pontos de equilíbrio do clube. Você esperava ter essa  facilidade? Temia cobranças e o fato de ter entrado no decorrer do Paulista?  
Na verdade tive que me adaptar rápido , pois Ourinhos é um time com  característica de muita velocidade e já esperava isto. Num time que tem uma  torcida como a de Ourinhos é natural a cobrança.17) Um aspecto que chama atenção depois da sua mudança para Ourinhos  é o aumento na produção ofensiva. Essa mudança aconteceu por quê?  Naturalmente ou por opção do técnico Edson Ferreto?
Naturalmente, fui me entrosando com as outras jogadoras, e o Ferreto me dá  muita liberdade ofensiva.18) E a adaptação à cidade de Ourinhos e ao estilo do técnico Edson  Ferreto, como tem se dado? 
A cidade é muito tranqüila , não tive dificuldade nenhuma para me adaptar ,  pois também sou muito tranqüila   Os treinos do Ferreto são muito intensos , exigindo muita velocidade e  atenção.19) Você já sofreu assédio de equipes européias, mas resistiu.  Durante a crise no Vasco, uma equipe da Espanha te queria, e agora  recentemente surgiu o boato de que uma equipe italiana planejava sua  contratação. Houve mesmo esses contatos? Se sim, por que você preferiu  ficar?  
Realmente houveram os contatos.  Preferi ficar, pois gostaria que meu  trabalho fosse reconhecido no meu pais. A experiência internacional eu já  estou adquirindo na WNBA.20) Agora em maio, você estará retornando à WNBA? Quais são suas  expectativas para este ano, em relação ao seu time e ao seu aproveitamento  nele? 
O meu time, o DETROIT, dispensou a australiana Rachel Sporn, por isso acredito que  terei mais espaço , lembrando que a WNBA é sempre uma caixinha de surpresa ,  tudo pode acontecer.21) E em Ourinhos, como você acha que o time está reagindo às  mudanças no elenco em relação à temporada passada? Você acha que o time pode  bater a favorita Unimed-Americana? 
O time esta reagindo bem às mudanças no elenco, pois a base permaneceu.  Acredito que nosso time está numa crescente com reais chances de  surpreender.    22) Você deve estar entre os nomes que Barbosa pretende levar ao  Mundial da China este ano. Quais são suas expectativas para seu segundo  Mundial? Como você acha que o Brasil pode se sair desta vez?
 Estou treinando para dar o máximo de mim neste Mundial .A seleção brasileira  é bem homogênea com reais chances de pódio.
 Estou treinando para dar o máximo de mim neste Mundial .A seleção brasileira  é bem homogênea com reais chances de pódio.23) Há alguns anos atrás, sofríamos muito com a ausência de pivôs.  Hoje temos uma geração excelente de pivôs, que inclui você, Alessandra,  Cíntia, Kátia Denise, Geisa, Érika Rante, Érika, Êga, Simone Lima, Lígia,  Eliane, Gilmara, Patrícia Mara, entre outras; todas igualmente jovens. Por  que você acha que houve essa explosão na sua posição?
 A característica do nosso basquete sempre foi a velocidade , com destaque  para as laterais, porém devido ao jogo internacional, foi necessário trabalhar  mais com os pivôs. E a partir daí, conseguimos sempre ficar entre as melhores  seleções.  Vale dizer também que o basquete é um jogo de conjunto. Percebe-se que não  é só fazer ponto , mas também são importantes os rebotes e o jogo defensivo dos  pivôs. Um forte jogo dentro do garrafão resulta em eliminar o adversário com faltas. Sabendo disto, acredito eu que os técnicos começaram a garimpar  novos talentos nesta posição, dando mais atenção aos pivôs, e  consequentemente aumentando o nível técnico dos nossos pivôs.
A característica do nosso basquete sempre foi a velocidade , com destaque  para as laterais, porém devido ao jogo internacional, foi necessário trabalhar  mais com os pivôs. E a partir daí, conseguimos sempre ficar entre as melhores  seleções.  Vale dizer também que o basquete é um jogo de conjunto. Percebe-se que não  é só fazer ponto , mas também são importantes os rebotes e o jogo defensivo dos  pivôs. Um forte jogo dentro do garrafão resulta em eliminar o adversário com faltas. Sabendo disto, acredito eu que os técnicos começaram a garimpar  novos talentos nesta posição, dando mais atenção aos pivôs, e  consequentemente aumentando o nível técnico dos nossos pivôs.24) Não posso deixar de fazer essa pergunta para esclarecer uma  paranóica idéia criada no meio basqueteiro(Rá-rá-rá!) Quantos irmãos você  tem? Algum destes tem um site sobre basquete?
Tenho duas irmãs e um irmão, sendo que dois deles no último ano me  deram uma grande alegria . A Keila se formou em Letras e o Átila em Direito. 
Enfim , nenhum dos meus irmãos tem um site de basquete. Trabalham todos em  outras áreas bem distintas.25) Bate-Bola para encerrar a conversa:    
Uma cidade: 
Nova IorqueUma comida: 
Chinesa
Um filme: 
"Amor além da Vida"Uma música: 
GospelA bola que eu chutei e caiu: 
Medalha de bronze em SydneyA bola que eu chutei e não caiu: 
Jogo no pan-americano contra o Canadá ,  perdemos a semifinal em 8 segundos.
A minha maior virtude em quadra: 
Rebote e tranqüilidadeO meu pior defeito em quadra: 
o arremesso com a mão esquerda Uma quadra: 
Palace, em DETROITUma colega: 
minha mãeUma estrangeira: 
a Lisa LeslieUma marcadora: 
a NádiaUm(a) técnico(a): 
BarbosaUm time: 
o LakersUm título: 
o de Campeã da Copa AméricaO jogo que eu não esqueço: 
O jogo em Sydney, contra a Rússia.O jogo que eu tento esquecer: 
Contra o Canadá no Pan americano de WinipegUm sonho: 
ser campeã no Mundial