terça-feira, 15 de agosto de 2017

A evidente decadência do basquete feminino diante da comparação com o vôlei



No último dia 06 de agosto a seleção feminina de basquete iniciou sua fatídica campanha na AmeriCup (nome invocado com o qual a FIBA rebatizou a mesma Copa América de sempre).

Nesse mesmo dia - um pouco mais cedo - a seleção feminina de vôlei bateu a Itália para conquistar o título do Grand Prix de Vôlei, o décimo segundo da sua história.

As seleções femininas de vôlei e basquete ascederam internacionalmente na mesma época. Embora o basquete já houvesse provado um podium em 1971 (bronze no Campeonato Mundial, com finais disputadas num lotado Ginásio do Ibirapuera, SP), as conquistas maiores vieram na década de 90.

Vinte e três anos depois, a seleção feminina ficou com o ouro no Campeonato Mundial (Austrália) e o mesmo Ibirapuera se encheu para assistir a prata da seleção feminina de vôlei no Campeonato Mundial.

Em 1996, o basquete conquistou a medalha de prata em Atlanta e o vôlei, a de bronze. Quatro anos depois em Sydney, as duas modalidades foram bronze. Mais tarde em Pequim (2004), novamente repetiram a colocação: quarto lugar.

De lá pra cá, os rumos se distanciaram. Enquanto o vôlei chegou ao bi-campeonato olímpico (2008 e 2012), o basquete repete vexame após vexame em torneios internacionais.

O que será que separa hoje essas duas modalidades que andaram em posições tão próximas há pouco? Modalidades praticadas por mulheres no mesmo país, que tem seus problemas e que compartilham do mesmo ambiente de corrupção em suas federações? O que as diferencia?

Enquanto o vôlei aproveitou o período de criação de ídolos (Ana Moser, Fernanda Venturini) para criar outros (Jaqueline, Mari, Sheila), o basquete não aproveitou o reinado de Paula e Hortência e se apequenou desde a aposentadoria de Janeth.

Enquanto o vôlei feminino esteve sob o comando de dois dos maiores técnicos esportivos do mundo (Bernardinho e José Roberto Guimarães), o basquete feminino sufocou uma nova geração de técnicos, entre eles os promissores Paulo Bassul, Branca e Janeth.

Tão mesquinho o basquete mal consegue ceder  posição de honra à Maria Helena Cardoso, a maior treinadora da história do país, e personagem que faz a ponte entre as conquistas das décadas de 70 e 90.

Sem constrangimento o vôlei consegue manter um abiente de saudável competitividade. Junto dos técnicos das seleções foram formados outros profissionais, que dirigem com competência os clubes daqui e de fora, bem como outras seleções.

No basquete, as condições de trabalho e formação são tão amadoras, que o atual técnico Carlos Lima declarou humildemente ao assumir a seleção que gostaria de "ter condições de fazer cursos no exterior".

Entre as atletas a diferença é também brutal. O ambiente do vôlei é competitivo, ávido pela renovação. Uma atleta, no vôlei feminino, tem mais dificuldade em se manter apenas pelo seu nome ou currículo. Cadeira cativa não é regra.

No basquete, o clima de ócio impera. Há pouco estímulo para a evolução. E na maioria das vezes ela não acontece. Jogadoras são mantidas em clubes ou na seleção por questões pessoais, íntimas, ao limite da decadência técnica, do envelhecimento, e mesmo que seu histórico seja ruim ou que seus números na temporada passada não convençam.

Do ponto de vista da atitude a diferença é também tremenda.

Fora de quadra, as meninas do vôlei já se envolveram em um boicote ao treinador Marco Aurélio Motta, em 2002. Atualmente processam a Confederação Brasileira pela exigência do ranqueamento. No basquete, o "patriotismo" impede medidas semelhantes.

Dentro de quadra, a postura também diverge.

A seleção de vôlei teve momentos difíceis durante o Grand Prix, chegou a perder da Tailândia e a depender dos adversários para sua sobrevida na competição. Nada disso impediu que o time se reinventasse e tivesse força para surpreender e convencer no momento seguinte.

Já há algum tempo a seleção de basquete entra em quadra derrotada. Se é difícil jogar basquete com fundamentos precários, mais difícil é acompanhar o nível de degradação desses fundamentos medíocres quando sob a interferência de ansiedade, medo, baixos níveis de concentração e confiança.

Poderia listar várias outras diferenças entre esses dois esportes, que explicam o sucesso de um e o fracasso de outro.

Talvez observando o sucesso do vizinho o basquete possa recohecer seus erros e a necessidade urgente de mudança.

Pode ser, no entanto, que prefira continuar sentado dentro de casa, engordando, sem treinar, e maldizendo assim enquanto mastiga alguns biscoitos: "É que as mais altas vão pro vôlei!'.

19 comentários:

Anônimo disse...

EXCELENTE texto.. que ele chegue às atletas e aos PORCOS dirigentes e técnicos/as de basquete que estão a frente do feminino..

Anônimo disse...

Um texto que demonstra a realidade do basquete feminino no Brasil excelente comparação o vôlei não tem medo de renovação no basquete as jogadoras pensam que seu lugar estará sempre garantido

Anônimo disse...

O que temos agora pela frente será o Campeonato Paulista porque não iniciar desde agora a observação das Jovens atletas do seu desempenho durante o campeonato e posteriormente na lbf olhar com carinho as que se destacarem para formarmos uma seleção de nível técnico e tático melhor do que hoje

Anônimo disse...

Esqueceu de dizer que o voley tem base, e que algumas dessas jogadoras do Gran Prix deste ano já carregam um título mundial sub 23, a dois anos atrás e que sempre se destacaram desde as categorias mais jovens. Agora o basquete não soube aproveitar em nada uma seleção que foi recentemente terceiro em um mundial em categoria de base, uma geração que poderiam estar send muito bem treinada se os dirigentes e as comissões técnicas não fossem tão pre históricos, se fossem sérios e entendessem o basquete atual. É triste ver jogadoras como Tassia, Joyce, Damiris, Caca se perdendo em clubes precários e servindo de tapa buraco em seleções montadas nas coxas, sem ter tido a mínima oportunidade de treinar e serem treinadas por profissionais decentes.

Unknown disse...

Dava para perceber que além da desonestidade com que a CBB foi dirigida nos últimos anos, a decadência técnica não ficava atrás. Praticamente nenhuma jogadora brasileira sabe fazer uma bandeja. É só pedrada em direção à cesta. Fintas, posicionamento para rebote, enfim, os fundamentos, ninguém sabe o que é isso. Quem viu Paula, Hortencia, Alessandra, Norminha, a Vânia de Bauru, não consegue engulir as jogadoras de hoje.

Anônimo disse...

Nossa se as criticas resolvessem o Brasil seria campeão mundial kkkkkkkkkkkkkk porqie vcs de vez criticarem nao arruma patrocionio para os clubes para melhorar a qualidade dessas jogadoras ??????????

Anônimo disse...

deve ser mais fácil conseguir patrocínio para clube do que inteligência para você, né, anônimo?

Anônimo disse...

BARBOSA, ADRIANA SANTOS E VITA FORA!!! Isso é fato! Agora a maior diferença do vôlei para o basquete não foi colocado nesse texto e é a mais importante de todas, no vôlei as atletas se se uniram e se posicionaram contra a CBV para que fosse mudado mas no basquete as atletas não se posicionam e enquanto isso não acontecer a CBB vai fazer o que quiser! Acorda meninas só vcs podem mudar isso!

Anônimo disse...

Bert, sempre com excelentes textos.
Lúcido, sensato e preciso.

Parabéns!

Renato.

Anônimo disse...

Fora Carlos lima tecnico arrogante

CarlosEdu disse...

"É que as mais altas vão pro vôlei!"
é a frase da Hortência kkkkk

Mas, infelizmente a realidade é dura, porém, a ultima apresentação de um boa equipe foi em 2016, quando as veteranas Iziane e Adrianinha se despediam.

O negócio é reconstruir uma modalidade. Ou seja, investir nessa geração q ta entre os 17 e 19 anos.

Cria um time "Clube Brasil" na LBF com essas meninas.
Participar de amistosos e Grande Prix internacionais (10-20 jogos internacionais por ano).
Intercâmbio com times das universidades americanas

Em 4 anos estaremos colhendo os frutos desse investimento.


Anônimo disse...

SUGESTÃO - PQ VCS DO BLOG NÃO FAZEM UMA ENQUETE BUSCANDO IDENTIFICAR POSSIVEIS TÉCNICOS PARA ASSUMIR A SELEÇÃO? E COLOQUEM A OPCAO TAMBÉM DE "TECNICO ESTRANGEIRO" ESTA ÚLTIMA OPÇÃO EU NÃO SOU MUITO A FAVOR,POIS JÁ TIVEMOS A EXPERIÊNCIA DO MASCULINO ONDE GASTAMOS FORTUNAS E NADA. NO FEMININO JÁ TIVEMOS UM ESPANHOL QUE NÃO CONHECIA DE BASQUETE BRASILEIRO E TB NÃO DEU NADA. ACHO QUE A SOLUÇÃO DEVE SER CASEIRA, COM FOCO NA BASE E NO TRABALHO DE LONGO PRAZO.

Anônimo disse...

Carlos Lima é a exata imagem da situação do basquete feminino do Brasil. Mas não se deve se entregar e faça um bom trabalho no Paulista.

Unknown disse...

Bert, excelente texto. Como você bem disse, a lista de diferenças entre as duas modalidades não tem fim. Não podemos isentar também a FIBA, que parece ter preguiça de desenvolver o basquete, principalmente o basquete feminino. Com número de participantes reduzidos, durante um ciclo olímpico as seleções de basquete feminino jogam apenas duas competições de nível mundial na categoria adulta e apenas quatro competições de base. Com número maior de participantes, as seleções de vôlei jogam oito competições adultas e seis competições de base. Basquete: 6 campeonatos e Vôlei: 14 campeonatos. É mais que o dobro. Em relação a CBB, a FIBA se omitiu por anos (décadas?), até chegar a esse ponto e quando tomou uma atitude, as mais prejudicas foram as atletas da base que ficaram de fora de um Mundial, que se classificaram em quadra e ficarão de fora dos próximos dois mundiais (sub-17 e sub-19) porque não jogaram os Sul-Americanos que lhe dariam a classificação devido a suspensão da FIBA, o que prejudica três novas gerações de atletas, dificultando além do cenário presente, o futuro do basquete feminino no Brasil. Porque não puniram os dirigentes, ao invés de punir as atletas? A intervenção deveria ter acontecido, mas tirar as seleções de base das competições foi uma péssima decisão.

Anônimo disse...

Mas vamos falar a verdade. O Carlos Lima ano passado fez um excelente trabalho em SJC, sua equipe foi a sensação do campeonato paulista com jogadoras jovens se destacando em vários quesitos. Carlinhos, volta para SJC e continue seu trabalho.

Anônimo disse...

Eu que gosto de assistir basquete, pergunto quando vai iniciar o Campeonato Paulista Feminino de Basquete? Quantas equipes vão participar?

MARCOS disse...

NO MASCULINO A COISA ESTA AINDA PIOR. OS MENINOS DA BASE SEQUER CLASSIFICAM PARA OS MUNDIAIS PORQUE NÃO FICAM ENTRE OS TRES NAS AMERICAS HÁ ANOS.

Anônimo disse...

FORA BARBOSA , FORA BABá ADRIANA SANTOS , FORA CARLINHOS FORAAAAAAAAAA DEIXEM GENTE COMPETENTE TRABALHAR PELO NOSSO BASQUETE FEMININO . BARBOSA SE ACHA TANTO MAIS SE ESQUECE QUE NOSSO CAMPEÃO MUNDIAL SE CHAMA MIGUEL ÂNGELO !!!

MeninoBionico disse...

Ótima analise e texto. Tecnicos velhos e ultrapassados, jogadoras baixas e gordas, muito lentas e pesadas. Clubes sem dinheiro, CBB atolada em corrupção e ingerencia. A modalidade passou por tudo de ruim nesses ultimos 10 anos, não se sustentou e não se reinventou. Isto é fato.
Agora não tem mais pra onde cair. Mais baixo que ficar fora de Mundial, Olimpiada, sofrer para ganhar uma partida em Sul-americano é reflexo do seu texto.
O volei vai bem pois existe maior profissionalismo, O basquete precisa de maior visibilidade, maior investimento, massificação, mais times. Sei que daqui pra frente será de bastante trabalho e o caminho é a renovação desta LBF.