terça-feira, 8 de novembro de 2016

Adrianinha: "Meu compromisso com o basquete continua!"

Radicada no exterior por longos anos, a armadora Adrianinha retornou ao Brasil em 2012, quando se integrou ao projeto do técnico Roberto Dornellas no Recife (inicialmente com as cores do Sport). Para a capital pernambucana, Adriana trouxe a filha Aalyah, hoje (já) com 10 anos e projetos para os últimos anos de carreira.

Sob o sol de Boa Viagem, Adriana continuou servindo a seleção, conquistou títulos, um marido (o ex-jogador Rinaldo Mafra) e até um sotaque pernambucano que soa bastante natural na voz da francana. 

Ao se despedir da seleção nas Olimpíadas do Rio e das atividades como jogadora, seu futuro profissional já parecia desenhado no atual clube de Dornellas (o Uninassau). No entanto, em aguda crise financeira, o mesmo Dornellas que a trouxe em 2012 a demitiu na última semana.

Tentando sobreviver ao furacão e num intervalo entre aulas, ela falou ao blog. Apesar de ver estruturas e sonhos ruindo, Adriana não demonstrava raiva ou rancor e preferia falar de quem ofereceu ajuda nesse momento difícil.




Confira o papo com Adriana Moisés:

Adrianinha, você voltou ao Brasil há 4 anos após mais de uma década no exterior. Desde então você se fixou em Recife e lá formou uma família. Imagino que deva ter sido um choque ver tudo isso abalado com a crise no projeto do técnico Roberto Dornellas. Como tem sido esses últimos dias?

Fiquei muito feliz em poder voltar ao Brasil e desde do inicio me apaixonei pelo Recife, tanto que me casei e fixei aqui como você disse. 
Infelizmente não faço mais parte da equipe, mas sou muito grata a tudo que vivenciei com eles até hoje. Eu e meu marido éramos dos poucos que só tinham ali como trabalho por isso imediatamente tivemos que ir atrás de emprego. 
Mas meu compromisso com o basquete continua! Estou atrás de parcerias para continuar o projeto com as crianças, que foi suspenso. O Náutico me deu oportunidade para para participar das escolinhas, mas por ser pago muitas crianças não puderam continuar. Estou conversando com algumas faculdades e também a Secretaria de Esporte, que está disposta a ajudar, pois quero muito dar continuidade ao projeto.
Resumindo: esses últimos dias foram de muita luta!

Você está recém-aposentada das quadras. Antes da sua demissão, quais papéis e projetos você havia acertado desempenhar dentro do projeto do técnico Roberto Dornelas?
                  
O projeto era o "Cestinhas do Futuro", que é do Dornellas desde da época do Sport. Eu já auxiliava diretamente há quase dois anos. Iria ficar como assistente, e principalmente continuar cuidando do projeto, do qual já fiz alguns festivais. Tinha montado uma equipe sub14 visando um sub15 para o próximo ano. Iria ajudar nos treinos específicos e aprender a rotina de um técnico. 

Estou cursando ainda a faculdade e atuo como estagiária, por isso sempre tenho que estar acompanhada de um profissional. Então melhor estágio que aquele impossível, afinal estava aprendendo e colocando em prática. 

 Até o momento, como você tem se organizado? Saiu uma nota sobre um projeto seu no Náutico. Você pode revelar os planos e tentativas suas para seu futuro profissional.    
                  
O Náutico me deu a oportunidade de continuar o que eu estava fazendo no projeto, que era estar com as crianças. Estou sendo acompanhada pelos técnicos do clube, principalmente Rildo Accioly que foi quem me ajudou a fazer esse contato. Muitas crianças não puderam migrar pois é uma escolinha paga mas já é um começo.  
Tenho procurado outros locais para desenvolver basquete e estou na expectativa que em breve consiga algumas parcerias. A Secretaria de Esportes disponibilizou a utilização de uma quadra para treinarmos e assim as meninas do sub15 continuam juntas. 
Quem está me ajudando também é o técnico Carlos Antonio que  me apresentou para algumas pessoas interessadas no basquete, alem de emprestar a quadra dele e fazer amistosos para que as meninas não fiquem sem treinar. Enfim pessoas que tem a mesma paixão pelo basquete que eu estão tentando ajudar e isso me motiva muito. 
O SESC até tentou me ajudar, mas por questões burocráticas não deu certo. 
Enfim: mais luta!                        

Você está fazendo sua transição de jogadora para técnica num momento onde o basquete feminino enfrenta uma crise terrível, com uma tremenda contração de mercado, que já é muito restrito. Como você enxerga seu futuro profissional nessa situação e quais são suas expectativas de reconstrução da modalidade?

Essa transição pra mim como ex-atleta é tranquila, pois amo estar na quadra ensinando as crianças e estou buscando essa oportunidade, mas já percebi que realmente o incentivo para a base é muito escasso. 
Sabemos que essa seria a saída a longo prazo para a reconstrução da modalidade: aumentar a quantidade de jovens praticando basquete, mas dando uma perspectiva para eles continuarem a crescer. 
Muito simples falar aqui, mas nós que amamos e seguimos principalmente o basquete feminino sabemos que o problema é bem mais complexo.

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