quinta-feira, 16 de junho de 2016

Entrevista CBB: Damiris Dantas


Faltando 50 dias para o início dos Jogos Olímpicos Rio 2016, a Seleção Brasileira Adulta Feminina quer voltar para o topo do pódio. Em busca de uma medalha e desse sonho, a jovem Damiris Dantas é uma das jogadoras que se prepara para brilhar nas quadras cariocas. A dedicação da atleta é tanta que aceitou o desafio do treinador Antonio Carlos Barbosa para também treinar na posição de ala. Feliz por estar vestindo mais uma vez a camisa verde-amarela, Damiris acredita na conquista da medalha para o Brasil. Destaque da nova geração e escolhida a melhor jogadora (MVP) do Campeonato Mundial Sub-19 (Chile/2011), torneio em que o Brasil conquistou o bronze, a ala-pivô quer fazer bonito nas quadras cariocas a partir do dia 6 de agosto.

Como foi pra você tomar a decisão de não se apresentar na WNBA e iniciar a preparação com a Seleção Brasileira?
Tive que tomar essa difícil decisão de não ir para a WNBA nesta temporada por conta dos problemas que tive na minha família. O que permitiu também que eu iniciasse a preparação para a Olímpiada junto com o grupo. Treinarmos o máximo de tempo juntas é realmente o que eu gosto de fazer e acho mais importante também para a equipe. Sempre que possuo mais tempo com a Seleção me sinto mais preparada para jogar. E estou bastante animada. O planejamento para a preparação está muito bom para chegarmos voando nos Jogos Rio 2016. Acredito muito que esse grupo possa surpreender. 

O que significa vestir a camisa do Brasil?
Eu amo vir para a Seleção Brasileira, me sinto muito bem revendo as meninas e a comissão técnica. Sempre dá o frio na barriga como se fosse a primeira convocação. É sempre muito bom estar aqui.

Você está há 15 dias concentrada com a equipe. Mesmo com poucos dias já dá para saber o nível da equipe?
Acredito que o nível da equipe está subindo a cada treino. Essa fase aqui em Campinas está sendo muito produtiva para ajustarmos os detalhes. Os amistosos contra as equipes masculinas estão nos dando mais situações e ritmo de jogo. Durante os amistosos na França, no final do mês, vamos poder ter uma noção mais profunda de como estamos para os Jogos Olímpicos, mas volto a dizer que podemos surpreender.

Vocês estão em uma fase da preparação que a parte física está em foco. Como está sendo esse ajuste para alcançar as demais jogadoras que já estavam treinando desde o Sul-Americano?
A cada dia que passa na preparação estou me sentindo melhor fisicamente. Estou fazendo um trabalho à parte com o preparador físico (Vita), que está a cada dia me ajudando mais a chegar ao nível da equipe. Além disso, todos os profissionais da comissão técnica trabalham diariamente para que o grupo fique cada vez mais homogêneo. 

O Barbosa está treinando você na posição 3 (ala). Como está essa adaptação?
Essa é uma situação nova e bem diferente de tudo que estava fazendo nesses anos de basquete. Compreendi a proposta do Barbosa e acredito que também irá me beneficiar profissionalmente, já que não existem muitas alas do meu tamanho (1,92m). Mas estou me adaptando bem e gostando muito desse desafio. Tenho 50 dias para me aperfeiçoar ainda mais. Os treinadores têm me dado bons feedbacks dessa adaptação.

Você jogou diversas modalidades em sua infância antes de optar pelo basquete, entre elas o xadrez. Você acha que o basquete pode ser visto como um jogo de xadrez? Que peça você seria?
Acho que em um tabuleiro de xadrez eu me vejo como a dama, por ser a mais poderosa e poder se descolocar em qualquer direção. A dama tem a movimentação mais poderosa de todas as peças do jogo, ela se desloca para todos os lados e seus movimentos podem imitar quase todas as peças do jogo. Essas alterações de posição me transformam em uma dama com movimentações poderosas que vão deixar minhas defensoras para trás. 

A Seleção Brasileira vai jogar no fim do mês três amistosos contra a França. Como vê esse teste para a equipe?
Penso que será mais uma etapa muito importante para nós. É mais um aprendizado que vai nos ajudar nessa evolução até os Jogos Olímpicos. Temos, nesse momento, que aproveitar as oportunidades que surgirem para acertarmos os pontos deficientes. A França é uma equipe muito forte e que está disputando uma vaga para os Jogos do Rio, com grandes jogadoras e um potencial altíssimo. 

Essa será sua segunda Olimpíada. O que é diferente dessa vez?
São quatros anos que se passaram e muita coisa mudou. Eu mudei, a equipe e o próprio basquete também. Me vejo muito mais madura e confiante, vivendo bons momentos na carreira. Tenho a esperança e os sonhos renovados. 

Quais as chances do Brasil?
Acredito muito na medalha para o Brasil. Podem pensar que é um sonho distante, mas eu acredito, minha equipe acredita e meus técnicos também. Vivemos um momento diferente no basquete feminino brasileiro. Temos uma equipe forte, com jogadoras de vivência internacional. Não temos mais “novinhas”. Todas são experientes, sabem do seu potencial e, com certeza, vão se dedicar ao máximo atrás desse objetivo. Os Estados Unidos são a grande força desses Jogos, depois delas todas as equipes são muito equilibradas. Claro que sabemos das dificuldades, mas vamos fazer de tudo para alcançar nosso sonho. 

Como está o clima da equipe nessa fase de preparação?
Não poderia estar melhor. Disputar uma Olimpíada é o ápice da carreira de um atleta, ainda mais em seu país. As meninas são muito animadas e nos treinos podemos ver essa felicidade em quadra. Todas se ajudando mesmo na disputa por posições, pois queremos acima de tudo o bem da modalidade. As atletas estão determinadas e focadas. 

Você já tem uma história brilhante com o basquete. Como encara esses desafios?
Adoro desafios. Estou encarando os Jogos Olímpicos, a troca de posições, fazer bons jogos e voltar com uma medalha como o maior desafio da minha carreira. Sei do que sou capaz de fazer para ajudar a equipe e representar bem o meu país. Enfrento isso com muita alegria e foco. 

A torcida pode ser considerada o 13º jogador?
Jogar em casa sempre é bom. E disputar uma Olimpíada em casa vai ser melhor ainda. Acredito muito que a torcida será sim esse 13º jogador no basquete. A nossa modalidade é muito prestigiada pela torcida sempre. Tenho certeza que todos vão nos incentivar e apoiar em todos os momentos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu não botei fé que o Barbosa fosse jogar com a Damiris na posiçao tres, mesmo muita gente aqui falando. A curto prazo é uma boa saída, mas tudo indica que Damiris voltará para a posição cinco com o passar dos anos. Não sei se é bom essa mudança de posição toda.

De uma coisa ninguém aqui pode falar mal, Barbosa foi audacioso. Pode até ser taticamente limitado, mas não faltou coragem. Agora tem é que armar o seu jogo para aproveitar a Damiris ali. Tem que ter jogadas específicas para ela, para compensar os eventuais problemas da adaptação abrupta.

Ele criou um problema no garrafão, pois, do grupo que sobrou, apenas Damiris e Jacob eram quatro de ofício, ainda que a Clarissa esteja bem adaptada a funçao. O que ele fará? Tentará a Kelly como reserva da Clarissa? (ela é lenta) Colocará a Nádia? (desperdício) Ou abrirá caminho para a Jacob?