terça-feira, 18 de agosto de 2015

Técnico Marcio Bellicieri escreve sobre o momento do basquete feminino

SESP_treino-Marcio Técnico da equipe feminina de basquete de São Bernardo, que lidera a Série A-2 do Paulista, Marcio Bellicieri ficou profundamente irritado quando o espanhol Carlos Colinas assumiu o comando  da seleção feminina. Na época, Marcio redigiu um texto, que foi publicado aqui no blog, chamado Hablas Espanhol ?

Isso foi há mais de cinco anos. De lá pra cá vários técnicos passaram pela função com resultados ruins. Mas o momento atual - com Zanon no comando - registra certamente o pior basquete da seleção nos últimos trinta anos e os piores resultados.

No meio dessa tristeza, me lembrei que o texto de Marcio seguia atual e que os problemas retratados ali se repetiam. Resolvi escrever ao Marcio pedindo a opinião dele sobre essa passagem de tempo.

Segue a resposta dele:

O texto "Hablas espanhol", escrito em um momento de extrema indignação, um desabafo, realmente acabou assim, como previram as letras.

Ou melhor, o texto não acabou. A história do basquete continua sendo escrita em linhas tortas.

E infelizmente o discurso fica na esfera do verbo, do dito pelo não dito, afinal tanto faz. Mas discurso sem atitude não marca ponto, só pontua uma ou outra opinião; e isso se dilui. É rapidamente esquecido. O tempo passa rápido em quadra, quando se vê, o jogo acabou... Que pena. Mas será que o jogo acabou? É nesse mesmo basquete, que passa o tempo e vira jogo no final; é desse imprevisível que impulsiona para a sempre vontade de vitória até o instante último, é nesse basquete que eu e tantos outros fizemos escola, e é desse basquete, de construção e time, desse que joga junto e reconhece o esforço, passa a bola, que sabe que os pontos nao se fazem sem que cada mão tenha tocado a bola e desejado a cesta. É nesse basquete que ainda tento acreditar. Bola, salto, jogo; não discurso e colarinho de atleta. Discurso sem atitude é falta, de ataque ou defesa, já nem se sabe mais. Quem é, afinal, o adversário? O basquete feminino brasileiro não joga em equipe, não joga em seu favor. Mesmo sendo tão poucos, nós que fazemos e vivemos o basquetebol feminino, aindanão entendemos que em aceitando e nos submetendo a alguns posicionamentos arbitrários, aos quais somos contrários , nos tornamos também nossos próprios adversários.

Ao passo que, se transformássemos a crítica em atitudes estaríamos trabalhando para modificar a forma de jogar.

Um sistema de jogo eficaz em conjunto pode ganhar o jogo...

Que estrutura é essa que deixa na reserva e insiste em desrespeitar permanentemente um contingente de dirigentes, técnicos,também atletas, que mantém o basquete vivo no trabalho cotidiano de preparar a base, instruir,construir com inúmeras dificuldades manter, patrocinar, encorajar?

Que sistema é esse que canibaliza a si próprio deixando de lado o trabalho de tantos, para que apenas alguns se olhem no espelho ?

Esporte é muito mais que auto-contemplação, esporte é jogo e jogo só se joga com os afins...

Não podemos deixar que o basquete brasileiro torne-se seu mais potente adversário.

E a matéria, cansada , depois de cinco anos ainda acaba assim: uma indignação entrelinhas. Sinceramente, espero que não ineficaz ou muda , porque no fundo, todos que vivemos de fato o Basquetebol Feminino Brasileiro, torcemos por ele...

Cesta!

Marcio Bellicieri

12 comentários:

Anônimo disse...

Além de ser um desrespeito enorme com dirigentes, técnicos e atletas que com seu grande esforço e total dedicação mantém o basquete feminino no Brasil ainda vivo, as escolhas equivocadas dos últimos técnicos da seleção feminina pela CBB (Colinas, Enio, Tarallo e Zanon) tornam ainda mais difícil o trabalho que acontece nos clubes, porque os péssimos resultados da seleção feminina refletem no dia a dia dos clubes. Patrocinadores fogem, torcedores deixam de ir aos ginásios, clubes fecham as portas, novos talentos vão preferir praticar outros esportes, atletas de ponta não tem a mesma motivação para treinar, pois sabem que não importa o que façam em quadra, podem até fazer 40 pontos de média, mas se o técnico não for com a cara, não fará parte da panela da seleção e outras que treinam menos, que tem menos qualidade, podem fazer -5 de eficiência de média que continuarão a ser convocadas simplesmente porque o técnico quer. A CBB além de não ajudar, o que deveria ser a sua obrigação, trabalha contra o basquete feminino. Eu penso assim: os clubes precisam ser consultados pela CBB (tem alguém lá responsável pelo basquete feminino?), ou contrata um técnico que seja consenso, que conhece o dia a dia da LBF, que tenha resultados na bagagem, que tenha o respeito de todos e competência incontestável ou traga um técnico com currículo olímpico, que entenda de basquete internacional. Chamar esses caras, que são semi-amadores, sem experiência em grandes competições internacionais e que não vivem o dia a dia da LBF é dizer: " vocês (dirigentes, técnicos e atletas) que estão aí ralando no dia a dia e dando o sangue pelo basquete feminino não sabem de nada e não servem pra nada". Absurdo.

Anônimo disse...

Enquanto isso a seleção SUB 23 Feminina de volei foi campeã mundial vencendo a Turquia na Turquia, com muito investimento, seriedade, motivação e todo mundo querendo sucesso.
No BF até as atletas se conformam e se acomodam.

Kleiton disse...

Alguém pode informar o que aconteceu com a Janeth, que estava nas seleções de base e seria a técnica da seleção nas olimpíadas de 2016, hoje ela parece que foi banida do basquete? O que aconteceu e por onde anda Janeth?

Anônimo disse...

Essas história de renovação é furada. Convoque o que temos de melhor:

Armadoras: Adrianinha, Joice Rodrigues e Tássia
Alas: Karla, Iziane, Palmira e Joice Coelho
Pivôs: Erika, Clarissa, Damiris, Nádia e Gil

Técnico: Vendramini

Anônimo disse...


OBSERVADOR

Muito boas as colocações do post acima! Se não há bons resultados internacionais o reflexo recai totalmente no basquete interno,sem patrocinadores que não querem seus nomes ligados a derrotas!A insensibilidade da CBB,ao lado do desinteresse,incompetencia e omissão total nos assusta e causa revolta!Um diretor técnico claramente interessado e só no basquete masculino, que apesar de todo o oba oba com Magnano,foi conquistar seu primeiro titulo em um esvaziado Pan,que antes o Lula Ferreira já tinha sido bi campeão!A escolha do Zanon no momento que foi feita a meu ver foi correta,mas no momento que ele deixou Americana, o laço que o unia ao feminino foi desfeito e não tinha mais sentido sua permanencia! Renovação pessimamente feita,erros que desde a Hortencia já vinha ocorrendo com a volta da Helen e Alessandra para a Seleção depois de anunciarem a aposentadoria, não resolveu nada e segurou o desenvolvimento de outras atletas!!Levar a Iziane no Pré e não também no Pan demonstra uma incoerencia e falta de uma linha de planejamento!!Enfim são erros que não devem e não poderiam terem sido cometidos!Técnicos inexperientes em seleções de base!!!Enfim há esperança desde que haja um mínimo de interesse desta figura folclórica e até simpatica do pseudo presidente,Carlos Nunes!!!

Anônimo disse...

concordo plenamente com o anônimo das 13;37, não da mais tempo de ficar testando atletas.

Anônimo disse...

1:37 faz tudo parecer facil..mas realmente nao tem mais o k inventar...eh isso ai mesmo!

Anônimo disse...

Pois é, cada Janeth? Foi extremamente bem na base. Chegou em 6o no Mundial sub19 com metade do tempo de preparação promotido pela CBB e com desfalques importantes. Seria uma excelente opção se tivessem dado sequencia ao trabalho dela.

Anônimo disse...

Será que a Janeth quer ser treinadora? Se ela quiser tem vários clubes com os quais tem contato e não seria difícil conseguir uma oportunidade para trabalhar no dia a dia, sol a sol, lapidando talentos na base ou sendo cobrada por resultados nas competições do adulto. Agora se para ela só serve a seleção, complicado... Seleção é (ou deveria ser) consequência do trabalho que ocorre durante a temporada, tanto para as jogadoras, como para o técnico. Como jogadora excepcional que foi, ela trabalhava a temporada inteira para chegar à seleção. Como treinadora não sera diferente, tem que trabalhar e apresentar resultados, não basta (ou não bastaria) ter apenas um grande nome ou QI (quem indica).

Anônimo disse...

ANONIMO DAS 14:01
ONDE ESTÃO ESTES "VÁRIOS CLUBES"?
AQUI NO BRASIL?
ONDE ESTÃO?
VC ESTÁ LIGADO OU LIGADA MESMO NO BASQUETE FEMININO DESTE PAÍS, NOSSA...
AHAHAHAH

Anônimo disse...

Tem pelo menos 20 clubes por aí e Janeth conhece todos. A Lisdeive por exemplo, já foi assistente e já trabalhou em três clubes como técnica, desde que parou de jogar. É só querer.

Anônimo disse...

Anonimo das 14:59
Por favor, cite apenas 12 clubes destes 20 que vc diz que tem...
Não vale sub-19, sub-17, sub-16...tá?