quarta-feira, 10 de abril de 2013

Baixinha arretada (Jornal do Commercio)

Já adaptada e apaixonada pelo Recife, Adrianinha tem duas propostas para sair do Sport, mas se segura para permanecer

Alexandre Arditti

O Recife caiu mesmo nas graças da armadora paulista Adrianinha. A baixinha de 1,68m, que se agigantou em quadra com a camisa do Sport e capitaneou o clube rubro-negro na inédita conquista da Liga de Basquete Feminino, no sábado passado, não quer nem pensar em arredar o pé da cidade. Nos últimos três dias, recusou duas propostas consideradas "financeiramente tentadoras" de equipes de São Paulo. Pesam muito para essa sua decisão de permanecer as opiniões da mãe, dona Zenaide, e da filha Aaliyah, de apenas 6 anos. "Elas adoram o Recife e não querem mais sair daqui", conta a veterana de 34 anos.
Há cerca de oito meses no Recife, Adrianinha e suas duas "fiéis escudeiras" se mostram completamente adaptadas à cidade. "Nos acostumamos com as gírias, com a culinária, com os costumes daqui. Já aprendemos até que na hora de cumprimentar alguém precisamos dar dois beijinhos em vez de um só", conta a armadora, aos risos, para depois completar. "Não tem como não se acostumar com uma cidade dessa, com um marzão lindo aí na frente, com o calor, com a praia. É muito prazeroso tudo aqui. Estamos felizes."
Mas é dentro de quadra que Adrianinha se diz mais adaptada ao Recife. O trabalho feito pelo Sport e coroado com a inédita conquista da Liga de Basquete Feminino agradou, e muito, a armadora, que carrega no currículo passagens por clubes dos Estados Unidos, Itália e Rússia, além da seleção brasileira. "O planejamento no Sport foi bem feito, do início ao fim. O título foi consequência disso. Gosto de dar prosseguimento ao meu trabalho dentro de um mesmo clube quando a proposta é vencedora, e a do Sport se enquadra nesse perfil. Não teria motivos para sair daqui", afirmou.
A participação de Adrianinha no basquete leonino não vem se restringindo apenas a dentro de quadra. Foi a armadora quem fez o primeiro contato do Sport com os diretores do Franca, clube de São Paulo. A intenção é fazer uma parceria entre as duas equipes para que o time leonino possa disputar o Campeonato Paulista, a partir de agosto. "Liguei para o pessoal de lá e depois passei a bola para os dirigentes do Sport. Ainda não estou pronta para tratar de assuntos administrativos, mas vou ficar na torcida para que dê tudo certo, e a gente participe do Paulista", afirmou.
Representar Franca com a camisa do Sport teria uma significado ainda mais especial para Adrianinha. Afinal, estaria jogando em sua cidade natal pela primeira vez. "Franca tem muita tradição no basquete masculino. Quando era garota, ia ao ginásio ver os jogos dos meninos e ficava sonhando em um dia atuar lá, pelo clube da minha cidade e diante de toda a minha família. Realizar isso aos 34 anos seria maravilhoso", comentou.

Sonho de voltar à seleção

Após o fiasco da seleção brasileira de basquete feminino nas Olimpíadas de Londres, no ano passado, Adrianinha havia dito que seu ciclo pelo Brasil havia se encerrado. Pesava para essa decisão, principalmente, a permanência do técnico Luís Cláudio Tarallo no comando da equipe. Em março, a Confederação Brasileira de Basquete (CBB) anunciou que ele seria substituído no cargo por Luiz Augusto Zanon. Isso, atrelado à boa campanha pelo Sport na Liga de Basquete Feminino, fez a armadora voltar a sonhar em vestir a camisa do time nacional.
"Agora quero voltar à seleção. Estou motivada e quero ajudar ao máximo o basquete feminino brasileiro. Se a proposta for dar início à renovação do time, aceito ser chamada apenas para ajudar nos treinamentos. Vou puxar as orelhas das novatas para que elas consigam dar o máximo dentro de quadra", afirmou Adrianinha, que vestindo a camisa da seleção conquistou o bronze nos Jogos Olímpicos de Sidney, em 2000. "Mas se eu puder entrar em quadra, vou achar melhor. Gostaria muito de ter a chance de disputar a Olimpíada do Rio-2016. Atuar em casa seria muito especial", completou.
Sobre seu futuro nas quadras, Adrianinha diz apenas que vai jogar "enquanto as pernas deixarem". No entanto, sabe bem o que quer fazer quando abandonar o basquete profissional: dar aulas da modalidade para crianças. Por isso, pretende iniciar em breve o curso de educação física em uma faculdade aqui do Recife. "Vou voltar à sala de aula. Quero estar preparada para trabalhar com crianças. Quero revelar talentos para o basquete brasileiro. Espero conseguir levar jeito para a função", afirma.
Os planos de Adrianinha são compartilhados pela mãe, dona Zenaide. Ela acompanha a filha desde o início da carreira. Há seis anos, ela ganhou a incumbência de cuidar da filha da armadora, Aaliyah, que nasceu nos Estados Unidos. "Minha mãe me dá todo o apoio e me ajuda muito a cuidar da Aaliyah. Sem ela, não poderia me dedicar ao basquete como faço. Por isso, minhas vitórias também são as vitórias dela", finalizou.

Fonte: Jornal do Commercio - PE

Um comentário:

Anônimo disse...

Clarissa vai para o Sport Recife?

http://www.folhape.com.br/cms/opencms/folhape/pt/edicaoimpressa/arquivos/2013/04/11_04_2013/0073.html