domingo, 17 de julho de 2011

O meu samba de uma nota só

Já ouviu falar em disco furado? A seleção começa nessa semana sua preparação para o Pré-Olímpico e é difícil não notar uma sensação de estranheza em relação ao “novo” time. Que time é esse? Que técnico é esse?

As respostas só teremos durante o torneio, que vale muito – a possibilidade da sexta participação olímpica do basquete feminino.

O time de agora encerra a conexão com a nossa maior conquista, o Mundial de 1994, a partir da aposentadoria das duas últimas remanescentes (Helen e Alessandra). Da última conquista importante, o bronze em Sydney-2000, resta apenas a solitária Adrianinha.

Parte da estranheza, acredito, vem do fato de as duas melhores jogadoras da equipe – Érika e Iziane – serem vistas com desconfiança. A primeira por ter se tornado uma presença heterodoxa no time, contabilizando uma única participação nos últimos cinco anos. A segunda por ter se convertido num triste (porém merecido) símbolo de talento estéril, sufocado pela pouca inteligência emocional e pela indisciplina tática.O dia em que tive saudade da Vivian!

O “novo” time escancara ainda de forma explícita nossa decadência técnica. Durante todos esses anos em que acompanho basquete, meu maior choque havia sido ver a ala Vivian com a camisa da seleção em 2004. Não achava que a lateral tivesse predicados que lhe garantissem a vaga em uma participação olímpica. Hoje em dia, a descarga elétrica vem ao ver na convocação vários nomes tecnica e fisicamente bem inferiores a Vivian.

Ouço muita gente criticar a convocação dizendo que “fulana não tem nível internacional”, mas a realidade é que nosso basquete atualmente não tem nível internacional. Hoje o mercado internacional para nossas atletas está resumido a Portugal e a Segunda Divisão Espanhola. Fora dali, elas não têm espaço, nem mantém seus números.

A primeira convocação de Enio Vecchi parecia se basear em um critério. Inexperiente no feminino, Enio usou o que ele viu em poucos jogos da LBF e numa análise  apressada dos números. O problema é que técnico desconsiderou que a lógica de nossos clubes e torneios é doentia e perversa. Nesse contexto invertido, nem sempre quem joga mais tempo e pontua mais no clube é o nome ideal para se formar uma seleção.

Micaela, mais uma vez "em teste" Da mesma forma que a lista fazia uma justiça tardia a nomes como Gilmara, Carina e Simone Lima, colocava na  posição de “testadas” nomes com Mundial e/ou Olimpíada no currículo (Fernanda, Sílvia, Micaela, Palmira…).

Essa lógica torta é semelhante à uma hipotética escolha de uma “seleção” de cantores pelo Ministério da Cultura. Poderíamos nos basear apenas na lista dos mais vendidos?

Infelizmente no Brasil e no basquete feminino, o técnico e sua confederação precisam enxergar um pouco além. Eles precisam oferecer condições para que a renovação ocorra e vá gerando a evolução de uma nova geração.

Então em algumas posições críticas, é preciso forçar algo novo. É preciso praticamente criar o novo e ter a coragem de não ficar repetindo, repetindo e repetindo a mediocridade.

É preciso haver uma política e uma comunicação entre as seleções juvenis e a adulta. Em 1993, ao menos oito atletas da seleção juvenil que disputou o Mundial daquele ano (Claudinha, Silvinha, Leila, Lígia, Patrícia, Alessandra, Cíntia e Yngrid) tiveram a chance de serem observadas na seleção adulta. Quatro anos depois, a seleção teve o melhor resultado no Mundial Juvenil – quarto lugar, mas a distorção já se iniciava, com menos oportunidades no time principal e apenas Kelly no Mundial adulto do ano seguinte.E a minha vaga?

Em 2011, na primeira convocação de Enio, apenas uma atleta da última seleção juvenil (2009) foi lembrada – Tatiane. Mas nem o direito de disputar amistosos teve. Sintomático, não? Onde estão Tainá, Débora, Patrícia Ribeiro, Leila Zabani, Fabiana Caetano, Cristiane Simões? Hortência, Enio e a CBB esperam passivamente que esquentado o banco de Americana e disputando a A-2 elas subitamente alcancem o “nível internacional” e eles então digam: “Amém!”?

Com os amistosos na China, a esperança era de que a dupla picolé-de-chuchu Enio e Urubatan repensasse as linhas da convocação, principalmente na posição em que desempenho foi mais cruel: nas laterais.

É triste, mas nem Nero coloca mais a mão no fogo pelo quarteto-base que foi à China: Palmira, Fernanda Beling, Micaela e Sílvia Gustavo. (Fora as quatro, havia Jaqueline).

A segunda convocação respondeu a esse problema com o retorno de Chuca (hein?) e Karen, que vem talvez da pior temporada da carreira nos quesitos técnico e físico.

Animador, não?

A dupla verde inspira confiança? Ironicamente o técnico resgata Izabela, para mim o símbolo maior do que o basquete brasileiro tem oferecido a suas atletas jovens e talentosas: uma lenta asfixia.

O que escrevi nesse texto é o que repito exaustivamente nesses anos. Recentemete até senti um certo alívio em ver no blog Giro no Aro um argumento semelhante (The Kids ou o sonho cruel da realidade). Sinal de que não estou louco (ainda).

O problema é que repeti tanto isso, que nem consigo mais olhar para o presente do nosso basquete. Meus olhos só brilham pelo futuro, na nobre teimosia de Franciele e Clarissa, nas recém-chegadas Damiris e Tássia e no terremoto Izabella Sangalli.

Que ele – o futuro – nos surpreenda.

17 comentários:

Anônimo disse...

CONCORDO É UM DESCASO MESMO COM TODAS AS ATLETAS PORQUE CONVOCAREM A CHUCA KAREM FERNANDA B. ISIS SENDO QUE A ISIS É UM CASA A PARTE NUNCA GOSTOU DE TREINAR MUITO RELA CHADA TEVE OPORTUNIDADES NO PAN DO RIO E NUNCA CONSEGUIU SE FIRMA POIS NUNCA FOI CONCENTRADA E AS DEMAIS TBM , FICO PUTO POIS É UMA ABSURDO NOSSO BASQUETE CHEGAR A ONDE CHEGOU SENDO TE TEREMOS UMA OLIMPIADA NO RIO É QUEM SERÁ A NOSSA SELEÇÃO NADIA DAMIRIS TASSIA ERIKA FRAN QUEM DE TODAS A UNICA QUE FICA É É A ERIKA, POIS NEM A ESTRELA DA IZI JA FEZ TUDO RELACHADO MESMO TANTO FEZ COMO TANTO FAZ NÉ ENFIM BOA SORTE E ESPERO QUE ELAS CONSEGUEM JOGARM NESSA PANELA POIS ESTA PEGANDO PRESSÃO NÉ GENTE QUERO VER A HORA QUE VAI TORAR PRA QUAL LADO ........

Anônimo disse...

Meu...que lingua é essa que o moço ai de cima escreveu....alguem traduz pelo amor de Deus!!!

Anônimo disse...

OBSERVADOR

A SITUAÇÃO TÉCNICA ATUAL,É PREOCUPANTE!A CT É PATÉTICA,A COMEÇAR DA DIRETORA,QUE FALA MUITO,E JÁ COLECIONOU UMA SÉRIE DE EQUIVOCOS E DECLARAÇÕES,MAIS RIDICULAS DO QUE ATÉ POLEMICAS.FORAM BUSCAR NO MASCULINO UM TÉCNICO PERDEDOR,O ASSISTENTE,DISPENSADO DE OURINHOS',VAMOS ESPERAR BERT, O QUE? DESTA TURMINHA,AH,FALTA A JANETE A MULHER MARAVILHA,É O UNICO TÉCNICO QUE COMEÇOU A SUA CARREIRA DO DEGRAU MAIS ALTO DA ESCADA. O PERIGO É QUE A QUEDA TAMBÉM É MAIS RÁPIDA,O QUE É UM ERRO GROSSEIRO ESTRATÉGICO,QUEIMA-SE UMA TÉCNICA QUE PODERIA,DIGO PODERIA DAR CERTO,MAS DA MANEIRA QUE ESTA SENDO FORÇADA,FICARÁ DIFICIL!

Anônimo disse...

DEVE TER ESTUDADO NA MESMA ESCOLA ONDE HORTÊNCIA ESTUDOU!!!
JA CONSEGUIRAM ENTENDER O QUE ELA DIZ ???????

Ana Clara disse...

Triste mesmo a realidade do nosso basquetebol feminino... mas como vc falou ao fim do texto: o futuro nos surpreenderá com as meninas das seleções sub-17 e sub-19. Após Londres TODAS elas tem que subir para a categoria adulta.

Fernando Santos disse...

Duvido que alguem tenha ficado 100¢ satisfeito com a convocação do Enio. Eu nao fiquei, alias, eu nao ficaria com nenhum outro tecnico. Da mesma forma que ninguem aqui, cada um tem a sua seleçao ideal.

Penso que entre a plena satisfaçao da lista oferecida ou a sua completa insatisfaçao, deve haver sempre o respeito ao profissional a quem cabe selecionar o grupo. Coisa que poucas vezes vejo nas caixinhas e sobretudo nos blogs que acompanham o basquete.

Algumas pessoas vivem um eterno "complexo de estilingue" e acham que falar mal é oficio de quem se coloca a criticar, com isso lê-se mto desrespeito a torto e a direito a qualquer um que faça alguma coisa.

Contra a cegueira endemica da entidade maior, muitos vão de sectarismo de ideias. Resultado: muito blá blá blá a esmo, pq o que se vê é um dialogo de surdos. Alias, irritante.

Seria mais honesto que "homens de crítica" se colocassem no papel do que são realmente: torcedores, e deixassem que "homens de ação" fizessem (ou deixassem de fazer) o que sempre fizeram.

Contra alegaçao da imensa tradição do basquete feminino brasileiro (???), cabe o choque de realidade de que se, em cenario internacional, o pais alcançou alguma expressao, isto foi apenas algumas vezes (raríssimas) e por pouco tempo (pouquissimo).

Paulo Sergio disse...

Bert, parabéns! Texto perfeito!

Tião Gavião disse...

Sou um apaixonado pelo basquete e torcedor brasileiro mas estou muito reticente com esse momento do basquete feminino e concordo com quase todo seu texto Bert.
A sub 19 pode ser campeã mundial mas com sinceridade não tem nenhuma jogadora diferenciada, aquela que reinvindicamos desde cedo na seleção brasileira adulta.
Tempo, dinheiro e trabalho, estão sendo dedicados ao basquete feminino, espero que independente de resultados, continuem investindo e ampliando o raio de alcance desses investimentos para os clubes, que são os responsáveis pela formação dessas atletas e a cada dia percebem seus recursos se extinguindo.
Força basquete feminino
Bom mundial para as meninas da sub19.
E bom inicio de trabalho para o grupo adulto.

Anônimo disse...

Mas triste mesmo é a situação da nossa lígua portuguesa.

MARCOS disse...

INFELIZMENTE TEMOS QUE CONCORDAR ABSOLUTAMENTE COM TUDO QUE VOCÊ ESCREVEU (QUISERA EU QUE FOSSE DIFERENTE). MAS, COMO TORCEDORES, NUNCA PERDEMOS A ESPERANÇA DE QUE A SITUAÇÃO MUDE E OS RESULTADOS COMECEM A APARECER. MAS PARA ISSO, REALMENTE É NECESSÁRIO ARRISCAR, COMO ACONTECEU EM 1994, QUANDO ATLETAS MUITO JOVENS MAS COM TALENTO EM POTENCIAL FORAM AO MUNDIAL ADULTO - ALESSANDRA E LEILA, COMPLEMENTANDO NO GARRAFÃO O QUE HORTENCIA,PAULA E JANETH VINHAM FAZENDO FORA DELE. DAÍ COMEÇAMOS A TER OS MELHORES RESULTADOS INTERNACIONAIS- O BRASIL DAVA UM SALTO DE QUALIDADE NO FEMININO - QUE RESULTARIA NO OURO NO MUNDIAL 1994, PRATA E BRONZE EM ATLANTA E SIDNEY, RESPECTIVAMENTE. NÃO DÁ PARA CRESCER SEM OUSADIA. BOA SORTE AO FUTURO DO BASQUETE BRASILEIRO E QUE ESTE FUTURO COMECE AGORA!

MeninoBionico disse...

ué.. é evolução! n minha epoca, criança que nao estudava nao passava de ano.
agora é tudo mais facil, nao estuda, nao treina, nao tem compromisso e nao tem vergonha.
ganha salario pra errar bola de 3, lance-livre, passes...
falta comprometimento e vergonha na cara
mas, o que é isso né? tem internet, copia e cola, veste um uniforme e fala que treinou jogando video game...
daqui apouco, as Olimpiadas vai ser via videogame com um monte de massapele e osso executando controles por sinais do cerebro!
medo dese mundo.

Basqueteiro... disse...

Acredito que a CBB está realizando um bom trabalho dentro do que é possível.

Concordo plenamente que, atualmente, nosso nível internacional é compatível com o segundo escalão europeu.

Como esperar mais se não temos, por hora, talentos em qualidade e quantidade para servir nossa seleção principal?

Nossas referências atuais continuam sendo Erica e Iziane (que parecem não estar nem aí para nossa seleção - mesmo porque não existe tantos atrativos assim), seguidas por jogadoras que não são unanimidades: Palmira, Fernanda, Micaela, Sílvia, Chuca e Karen (tem alguns que amam, tem outros que odeiam). E o pior de tudo, temos que fazer uso de jogadoras que nos últimos 10 anos, simplesmente não serviam para nossa seleção, exatamente por suas limitações técnicas: Gilmara, Carina, Simone, Bethania.

Não adianta reclamar. Esta é a realidade do atual basquete feminino. Nossa matéria-prima não é das melhores, mas é o que temos.

Por isto, acredito que o trabalho do Ênio está sendo coerente. Pelo menos, é coerente dentro das possibilidades que temos e que foram muito bem elencadas por este texto. Esta é nossa atual realidade e temos que fazer o melhor possível dentro destes parâmetros.

Torço para que Clarissa e Francielle vinguem, mas elas também são jogadoras limitadas, mesmo que sejam o melhor que temos da última geração formada.

Atualmente, acredito que o mais importante é o trabalho que vem sendo realizado na base. Um trabalho para daqui 8, 10 anos. Desde que seja continuo.

É preciso também investir nos clubes. Trazer jogadoras estrangeiras para atuar em nossos times, para elevar a qualidade técnica de nossos jogos e voltar a atrair a atenção dos novos torcedores. Crianças de 8-10 anos falam muito do Murillo e da Jaqueline do volei, mas sequer sabem quem são Érica ou Iziane.

Entendo perfeitamente as críticas feitas por todos nós torcedores do basquete feminino, mas temos que entender que nossa realidade atual é esta. Qualquer técnico ficaria com as mãos atadas. Não há santo que dê jeito. Somente com a formação de novos talentos, novos técnicos e novos torcedores, o nosso basquete feminino poderá voltar a ser o que já foi.

Por ora, dá gosto de trocar o canal e acompanhar o volei.

Anônimo disse...

Vivian???? SOS!!!!kkkkkkkkkk!

Anônimo disse...

E natalia e gattei???

Anônimo disse...

Atualmente, acredito que o mais importante é o trabalho que vem sendo realizado na base???????!!!!!!!!

Anônimo disse...

qualquer pessoa que entenda um pouco de basquete faltava infartar de raiva de ver a vivian jogando pela seleçao brasileira, e uma das piores que ja passou, com certeza.

eterna torcedora. disse...

todos falam de érica e iziane,mas com todo o respeito oq iziane faz na seleção?num vejo diferença quando ela está ou ñ em quadra,ela só é muito autoritária e se sente a estrela.rsrs quero ver oq será!