Impressões da seleção sub-19 pelo leitor Ricardo

Gostei bastante do comentário que o leitor Ricardo redigiu sobre o último amistoso da seleção sub-19, que estreia nessa semana no Mundial do Chile. Em função disso, decidi trazê-lo para cá:

Fui até Jundiaí  para assistir a partida entre Brasil e Canadá.

A equipe brasileira iniciou o jogo muito desconcentrada e o Canadá, mais tranquilo e com atletas de ótimos fundamentos, chegou a abrir doze pontos de vantagem.

Aos poucos, o nosso jogo foi se encaixando, principalmente através das jogadas finalizadas pela Tássia, que realmente é o porto seguro da equipe. Mesmo assim o Canadá dificultou a vida dela e das outras armadoras, adiantando a marcação até o meio de quadra, não permitindo que elas conseguissem conduzir a bola até a posição ideal para iniciar a armação das jogadas. De qualquer forma gostaria de ver as brasileiras com mais recursos de dribles para vencer essa marcação e conduzir a bola até a posição ideal para iniciar as jogadas com mais tranquilidade.

Damiris, nossa principal referência, estava sendo bem marcada, como deverá ser em todas as partidas do Mundial, mas realmente não estava numa noite inspirada. Demonstrando insatisfação com o próprio desempenho, repetiu algumas vezes: "a bola não está caindo".

O jogo e o placar mudaram a nosso favor com a presença da Ramona (16 pontos) em quadra. Se Tássia é a segurança, Damiris a referência, a Ramona é a alma da equipe. Como defende, como joga com garra essa menina! Com ela e Joice em quadra ao mesmo tempo, nossa defesa melhorou muito e conseguimos virar o placar e abrir uma pequena vantagem de seis pontos.

Essa pequena vantagem foi embora, no momento em que o Tarallo realizou um infeliz rodízio de atletas. Talvez inspirado pelo velho Barbosa, nosso treinador sacou ao mesmo tempo Tássia e Damiris e colocou em quadra, no momento de definição da partida no final do terceiro quarto, a armadora Drielli, completamente fria. Obviamente que nossa vantagem de seis pontos caiu e sofremos uma virada da equipe canadense, que abriu quatro pontos  faltando oito minutos para o final.

Nossas meninas ficaram abatidas, o treinador e o público ficaram constrangidos com a situação, mas com a derrota se aproximando, Tarallo resolveu devolver Tássia e Damiris em quadra, juntamente com Joice, Ramona e Thamara. Nossa melhor formação conseguiu impor uma defesa muito agressiva para recuperar a vantagem e poder fechar a última partida antes do Mundial com vitória.

Fiquei com a sensação de que algumas atletas poderiam render mais. Um exemplo é a Thamara, a única que tenta se posicionar de costas para cestas para realizar algumas jogadas, mas parece que a jogada de pivô não é uma opção para o Tarallo.

Outra sensação que ficou também é que a equipe ainda não está totalmente entrosada, que não está pronta para o Mundial, que ainda faltam acertar alguns detalhes importantes, como bloqueio de rebotes (inexistente), aproveitamento de lance livre (péssimo) e maior variedade de movimentação ofensiv. Esse ponto foi o que mais me intrigou. Praticamente todas as nossas jogadas se iniciam com as pivos recebendo a bola na linha de 3 pontos, de frente para cesta, não com as laterais, o que torna a troca de bola lenta e o jogo flui com muita dificuldade.

Mas se após cinco meses de treinamento isso não foi resolvido, é porque é essa a opção do treinador, então só nos resta torcer para que dê certo no Mundial e tocer também para que as nossas meninas tenham mais sorte que as adversárias.

Ricardo