- DIEGO GARCIA
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- A Seleção Brasileira de basquete encerrou sua participação nos Mundiais da modalidade com decepcionantes campanhas, que culminaram com dois nonos lugares - tanto no masculino quanto no feminino. Em conversa exclusiva com o Terra, os dois maiores ídolos do País no esporte deram suas opiniões e apostaram no investimento nas categorias de base como principal arma para o Brasil reencontrar o caminho das vitórias.
"Precisamos, de forma urgente, fortalecer o campeonato interno e focar nas categorias de base, mantendo o que já estamos fazendo para colher os frutos no futuro. Aí, falamos em renovação", afirmou a ex-jogadora Hortência. "Acredito que investir em escolinhas e focar no trabalho da base possa trazer reflexos positivos para o basquete brasileiro", acrescentou o ex-atleta Oscar Schmidt.
Três vezes campeão do mundo - duas vezes entre os homens, em 1959 e 1963, e uma entre as mulheres, em 1994 -, o Brasil penou por más administrações anteriores e viu o basquete "naufragar" no País.
Os bons resultados sumiram e os jogadores migraram à NBA e às grandes ligas europeias. Contudo, as coisas devem começar a mudar em breve, de acordo com os dois ídolos. Confira abaixo suas opiniões sobre diferentes assuntos que envolvem o esporte no País:
Motivos que culminaram com os fracassos nos Mundiais:
A expectativa era de que o Brasil acabasse entre os oito melhores nas duas competições, mas sucumbiram e ficaram com a nona colocação. No feminino, foram duas vitórias e quatro derrotas, contra três triunfos e dois reveses no masculino.
Oscar - "O grande motivo é a administração anterior da CBB, que conseguiu aos poucos que nossas Seleções perdessem a confiança e também perdessem a sua forma de jogar, perdessem as características do basquete brasileiro".
Hortência - "A causa foi que eles jogaram mal, não foram bem. O feminino eu digo, pois o masculino jogou bem, mas foi uma infelicidade de não ter o Varejão contra os Estados Unidos. O masculino foi muito melhor, o feminino é aquilo né... é a realidade, muitos anos que o basquete aqui vem caindo, caindo, os campeonatos perdendo qualidade, não se vê na mídia, não tem divulgação. Não deu certo agora, não jogaram bem, o momento não foi legal delas lá e basquete é momento, não adianta querer buscar nada. Temos que continuar tentando".
Comprometimento dos atletas que atuam fora do Brasil:
Assim como no futebol, diversos atletas da Seleção atuam no exterior. Por vezes, esses jogadores eram acusados de não terem tanto comprometimento com a equipe brasileira quanto deveriam, mas Oscar e Hortência isentaram os mesmos de culpa. Entre os homens, oito dos 13 que viajaram à Turquia jogam fora do Brasil; entre as mulheres, o número é bem menos significativo, com apenas cinco de 18 atletas convocadas.
Oscar - "Dessa vez, todos eles se apresentaram com vontade de jogar e isso foi o ponto mais positivo, foi a melhor coisa do Brasil no Mundial".
Hortência - "O que eu acho é que o basquete globalizou e fez com que esses meninos saiam para jogar fora. Temos problemas com as meninas também, que estão levando a profissão para uma coisa profissional mesmo. É que nem no futebol. O comprometimento é o mesmo, a vida do atleta é curta, tem que pensar em ir para fora mesmo e aproveitar, ganhar dinheiro enquanto eles podem. O mundo inteiro faz isso, não é só no Brasil, temos que entender que faz parte, para então ver como se faz para resolver isso".
Os técnicos estrangeiros:
Buscando experiência e novidades para o basquete brasileiro, o País contratou dois técnicos estrangeiros para suas Seleções. No masculino chegou Rubén Magnano, vice-mundial com a Argentina (2002) e medalha de ouro olímpica (2004). No feminino veio Carlos Colinas, treinador das seleções espanholas de base. Mesmo assim, o Brasil fracassou nos Mundiais.
Oscar - "A presença desses técnicos acrescentou muito, mas como não deu certo, foi uma ocasião para dar uma chacoalhada. Agora é hora de pegar os nossos próprios treinadores, temos alguns muitos bons, como o Cláudio Mortari. Temos outros muitos novos também, mas penso no Cláudio porque é um grande nome para colocar disciplina, metodologia e vontade de jogar".
Hortência - "O Colinas fez um grande trabalho, excelente, só não foi bem no Mundial. Mas vamos sentar e verificar isso, sei muito bem o trabalho que foi feito, com todo respeito à categoria de base e à Seleção adulta. Tivemos problemas no final que também não foram só culpa dele. Complicamos com os times asiáticos e até perdemos (derrota para a Coreia do Sul e vitória na prorrogação contra o Japão), mas não adianta ficar falando, temos que mostrar resultado e vamos mostrar à longo prazo. E vamos ter problema ano que vem de novo porque não temos material humano para jogar".
Formas de "resgatar" o basquete no País:
Para reviver os bons momentos, os ex-jogadores apostam nos investimentos nas categorias de base e no novo campeonato nacional, a Novo Basquete Brasil (NBB). Fundada em agosto de 2008, o torneio tem sido organizado pela Liga Nacional de Basquete e pelos próprios clubes, com o aval da Confederação Brasileira de Basquete.
Oscar - "A criação da Liga, a presidência nova, um pouco de tudo. Uma reeleição só na presidência também é importante, assim como várias outras coisas que temos para fazer que vão ajudar a colher frutos. O primeiro objetivo é irmos para a Olimpíada (de Londres, em 2012) e nós com certeza vamos. Isso tudo que aconteceu é reflexo do comando anterior na CBB. Acredito que fazendo mais escolinhas de basquete pelo País possamos trazer reflexos positivos no futuro".
Hortência - "Precisamos, de forma urgente, fortalecer o campeonato interno e fazer o que já estamos fazendo nas categorias de base. Para isso, tem que ter trabalho de base, temos que fortalecer as escolinhas, fortalecer a competição interna, fazer de tudo para que patrocinadores invistam. O trabalho é lá para frente, aí falamos em renovação. Vai jogar um Pré-Olímpico e classificar, aí jogar a Olimpíada. Temos que fazer nosso melhor trabalho. O trabalho sendo feito, aí começamos a colher os frutos em breve".
Fonte: Terra
Um comentário:
Que dupla hein, só faltou o Pelé!
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