Com cinco anos de carreira, Damiris do Amaral vem se firmando a cada dia como um dos destaques da nova geração do basquete feminino brasileiro. A pivô, de 17 anos e 1,92m, acaba de voltar dos Estados Unidos com a medalha de prata da Copa América Sub-18 e a vaga para o Mundial Sub-19 de 2011 na bagagem. Na competição, que acabou no último domingo (27), Damiris confirmou mais uma vez seu potencial e, com 45 pontos em cinco partidas, foi a cestinha da competição junto com a armadora Tássia. Damiris foi também a segunda melhor reboteira da competição (53 no total). O talento da pivô chamou a atenção do técnico Carlos Colinas, que a convocou para a seleção adulta. Damiris ganhou uma folga após o vice-campeonato e se junta ao grupo que já está em Barueri (SP), nesta sexta (2) à noite.
Que balanço você faz da Copa América?
Foi demais. Garantir a presença da nossa geração em um campeonato mundial é uma sensação maravilhosa. Era o nosso principal objetivo e ter cumprido nossa meta é motivo de orgulho. Quando vencemos a Argentina e garantimos a vaga, a alegria não cabia na gente. Na partida contra o Canadá ficamos um pouco ansiosas, mas a união do grupo fez a gente superar as dificuldades e decidir o título.
Qual a sensação de subir no pódio?
Foi a minha terceira vez (a pivô foi campeã sul-americano sub-17 em 2009 e medalha de ouro nos Jogos Sul-Americanos de Medellín, em março deste ano) e continua sendo maravilhoso. A medalha de prata dá uma sensação de quero mais e a gente sente falta de ouvir o hino nacional. Mas fomos até onde podíamos, com muita garra e determinação. Subir no pódio é uma emoção que não cansa.
O que foi determinante para o sucesso do Brasil na competição?
A evolução técnica e a união do grupo. Treinamos para a Copa América desde fevereiro e o Tarallo (técnico) sempre motivou a equipe para treinar e jogar cada vez melhor. O mais importante é que formamos um time unido, que vibra junto e conversa bastante dentro e fora de quadra. Tudo isso ajuda para o sucesso do Brasil nas competições.
Foi possível conhecer um pouco de Colorado?
Tivemos um dia de folga e fomos ao shopping, claro. Demos uma volta e fizemos umas comprinhas. Como toda adolescente nos Estados Unidos, queríamos levar umas lembrancinhas para casa.
E a comida era boa?
O que americano faz de melhor, os atletas precisam evitar, né? Não podemos chegar muito perto de doces, frituras, essas coisa. Recebemos orientações da nutricionista e ficamos no cardápio bem equilbrado, com arroz, salada, carne, macarrão. A comida no refeitório era boa, só não tinha o nosso feijãozinho preto, mas a competição foi curta e deu para aguentar.
Durante a competição, o que você fazia para se divertir?
Fora os treinos, jogos e a hora do descanso, que é sagrada, estávamos sempre reunidas em áreas do hotel. Conversávamos muito e jogávamos cartas para nos distrair. Mas divertidas mesmo são as conversas e piadas, principalmente da Aruzha e da Tássia, as maiores brincalhonas do grupo.
Como você analisa o seu desempenho na Copa América?
Foi a competição em que mais tive tempo em quadra e fico feliz por ter jogado bem. O mais importante é ter ajudado o Brasil a alcançar os objetivos. Mas sempre fica a sensação de que podia ter dado mais. Sou muito crítica comigo e acho que posso melhorar, principalmente nos arremessos. Para isso é preciso continuar treinando, treinando e treinando.
O grupo viajou para Colorado com Hortência e Janeth. Como foi?
Eu comecei no clube da Janeth, onde joguei durante quatro anos. O convívio com ela é sempre um enorme aprendizado. Além da Janeth, Hortência e Paula (que deu uma palestra em Jundiaí durante os treinos) também passam uma experiência de vida que impressiona. Em Medellín, a Janeth nos disse que ser campeã sul-americana é muito bom, mas é pouco para uma geração talentosa. Isso nos motiva a querer sempre mais, por nós e pelo nosso basquete.
Você é apontada como uma grande promessa do basquete feminino. Como lida com isso?
Agradeço e fico feliz com os elogios ao meu jogo, mas não penso muito nisso e não deixo que isso me suba a cabeça. Tenho é que continuar treinando e jogando com dedicação e responsabilidade.
Você treinará com a seleção adulta. Esperava ser convocada pelo Colinas?
Sinceramente, não esperava. A ficha demorou a cair. Eu e a Tássisa estávamos em Jundiaí com a sub-18. No fim do treino, o Tarallo nos reuniu e contou a boa notícia. Foi uma festa, todos bateram palmas e ficaram muito felizes por nós. Eu fiquei pensando “é comigo mesmo”? Acho que a ficha só vai cair mesmo quando eu chegar em Barueri.
Qual sua expectativa em relação aos treinos?
As melhores, só de treinar com grandes nomes do basquete brasileiro e mundial será um aprendizado enorme.
Na escola, você jogou vôlei, handebol, futsal e até xadrez. O que a fez gostar do basquete?
É um jogo alegre, bonito de se ver, com contato físico e bastante divertido. Comecei na escola e, seguindo o conselho de uma amiga, liguei para o clube da Janeth no final de 2005. A peneira seria em uma semana. Meu tio José Francisco me levou e fiz os testes. Duas semanas depois, a própria Janeth me ligou dizendo que passei. Comecei a jogar e quando os títulos foram chegando, fui me empolgando e vendo que poderia ser realmente uma boa jogadora. Morava em Ferraz de Vasconcelos (SP) com meus tios e ia aos treinos em Santo André todo dia de trem. Gostava tanto que nem via o tempo passar.
Fonte: CBB
8 comentários:
Todo ano a CBB tenta emplacar uma "grande promessa do basquete feminino". No ano passado apontaram a Thamara e a Martha como "donas do garrafão da seleção" e veja o que aconteceu. Não sei até que ponto isso é bom para a cabeça das meninas.
A CBB deveria se preocupar em renovar os métodos de treinamento e reestruturar as categorias de base no país ao invés de fazer reportagens para inflar o ego de garotas que ainda tem tanto para evoluir, antes de serem chamadas de "grande promessa".
Se eu fosse amigo da Damiris dira pra ela assistir e estudar profundamente todos os jogos de basquete que pudesse: NBA, WNBA, Euroliga, Mundiais, Olimpíadas... as meninas que estão na base precisam observar a postura, os fundamentos, movimentos, jogadas dos atletas profissionais e procurar aplicar esse conhecimento aos treinos e aos jogos.
Se depender só dos treinadores fica bem complicado, pois eles não estão preparando atletas para o basquete internacional.
o bom é que a Damiris tem boa estatura pra ala-pivo (1,92). A CBB tem que olhar com carinho pra jovens pivos (Damiris, Fabiana (Americana), Nádia, Cristiane Simoes (Jundiai), Danila... Lembro que em 2.003 o Brasil foi vice campeão sub-21 com o Bassul, poucas atletas desse time teve chance na seleção principal. Sei lá mas a impressão que tenho é que a CBB tem receio em convocar as atletas mais jovens, eles pririzam as atletas prontas (veteranas), a Hortencia tanto criticada e as criticas feitas com razões, parece querer colocar a casa em ordem, imagino que agora as atletas tem seguro, aos poucos a Hortencia vai ageitando a seleção, pior que os anos da era Grego não tem como ficar. É de extrema importancia a CBB começar um planejamento com as mais jovens, tipo um time juvenil com algumas veteranas, lembrando que em 2.016 vamos sediar os jogos olimpicos.
A maioria das meninas da seleção feminina sub-21 que foi vice-campeã em 2003, não joga mais basquete. Isso é CBB!!!!
Eu considero positivo para Tassia e a Damiris participar do treinamento com as mais experientes, mas até que ponto essa convocação não é pura média para acalmar os críticas sobre falta de renovação? No final das contas, aposto que as doze que vão ao Mundial serão as veteranas de sempre.
concordo com o anonimo (23:02), se a gente for parar pra pensar dá dó da atletas juvenis, a Fabiana Manfredi era uma boa armadora (jogava cadenciado) e nem teve chance.
no campeonato sub-21 (2.003) as brasileiras conseguiram ganhar das americanas, na 3ª rodada por 73X60, pra ter ideia de como era um time mto bom
Para se ter uma idéia de como as americanas desse time eram boas, lembro que a equipe contava com Cappie Pondexter e Seimone Augustus, simplesmente Top 5 e Top 1 em pontos em todos os tempos na WNBA.
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