Magic Paula estreia coluna no Jornal da Tarde

Coluna da ex-jogadora de basquete e atual gestora esportiva será publicada todas as segundas, na última página do caderno de Esportes do Jornal da Tarde. Confira na íntegra:

“Ao pensar em África do Sul acho impossível dissociá-la da imagem de Nelson Mandela e do recente filme “Invictus”, que retrata uma passagem pouco conhecida da vida desse líder. Após 27 anos de reclusão, ele se torna presidente do país, defendendo sua missão de vida: acabar com o apartheid. O esporte foi uma das estratégias utilizadas por ele como ponto de união entre brancos e negros. Mandela transforma o Mundial de rúgbi numa batalha sem armas e consegue atingir seu objetivo, diminuindo a distância econômica e social da população.

Minha trajetória de atleta profissional e de gestora esportiva me ensinou o poder de transformação que o esporte possui. Acredito nisso. E por mais que comerciais de tevê, programas esportivos e a mídia queiram nos fazer acreditar que a Copa é uma oportunidade de união dos povos, alegria, sublimação das dificuldades, esse é um cenário que não traduz o que se passa no coração e na cabeça dos atletas que estão lá. Sei que o clima é de tensão, angústia e ansiedade. Às vezes também passa pela dor, pois muitos jogadores chegam desgastados. Nossos heróis ainda carregam o peso de representar cada brasileiro e a preocupação de que talvez seja sua última Copa.

Como administrar tudo isso sabendo que um time depende do estado de espírito coletivo? Não existe uma cartilha de conduta, mas há receitas que já foram experimentadas e a partir das quais podemos alcançar bons resultados. Talvez Dunga tenha aprendido a lição de como conduzir um grupo. A impressão que tenho é de que ele se preocupa com os detalhes que envolvem um trabalho de equipe. Não deixa que uma distração ou relaxamento jogue fora anos de preparação. Não abre espaço nem permite que os adversários se infiltrem em pontos estratégicos. Procura eliminar fatores externos, porque sabe que as adversidades não estão só dentro do campo.

Para muitos é controlador, azedo, não gosta da imprensa e determina o que os atletas falam. Eu já penso diferente: ele está certo! A conquista ou não do hexa vai recair sobre ele. Se ganhar não fez mais que obrigação, e se perder não entende nada… Boa sorte, Brasil!”

Magic Paula, ex-jogadora de basquete, defendeu a seleção brasileira por mais de 22 anos, atualmente é gestora esportiva (dirige o Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa de SP), empreendedora social (fundadora do Instituto Passe de Mágica) e palestrante.

Fonte: Jornal da Tarde