A equipe de Santo André inicia contra Ourinhos nesta sexta-feira (08), às 21h, com transmissão ao vivo da Sportv, sua busca pelo segundo título do Nacional de Basquete Feminino. O primeiro foi na edição de 1999.
O confronto prima pelo equilíbrio. Neste ano, durante o Paulista, a equipe andreense perdeu fora de casa e, no returno, jogando em seus domínios, bateu a equipe do interior por 64 a 59. Nos Jogos Abertos do Interior fez 56 a 48 e conquistou o título. Durante oNacional não venceu as adversárias, porém jogando em Santo André perdeu apenas uma partida.
As campanhas das quatro semifinalistas (Americana, Catanduva, Santo André e Ourinhos) foram idênticas. Todas somaram 25 pontos durante a fase de classificação. O emparelhamento foi decidido pelo saldo de cestas. “Os jogos entre as quatro semifinalistas serão imprevisíveis. O equilíbrio é muito grande e não existe nenhum favorito”, analisa a técnica de Santo André, Laís Elena, um dos nomes mais importantes do basquete nacional.
Os destaques do time de Santo André são a ala/armadora e cubana Ariadna Capiró, cestinha da competição, a pivô Simone Lima, formada nas categorias de base da cidade e é a maior reboteira nesta edição do Nacional e por seu desempenho neste ano, conquistou o feito de maior da história do torneio. O time ainda conta com a experiência e tiros certeiros de três pontos da ala Lilian Lopes, ex-seleção brasileira.
A cubana, ao contrário de muitos atletas da ilha, saiu de seu país legalmente, com uma carta-convite de autoridades. No Brasil desde 2006, sagrou-se campeã nacional no ano passado, jogando por Ourinhos. Ainda por seu país foi campeã pan-americana em 2003. Ariadna é filha de Armando Capiró, listado entre os maiores esportistas de Cuba. O pai jogava beisebol e por sentimentos nacionalistas chegou a recusar propostas milionárias para jogar no exterior.
Os playoffs finais serão decididos em melhor de cinco partidas. O campeão garante vaga na disputa do Campeonato Sul-americano Feminino de Clubes, que acontece de 21 a 26 de junho, em local ainda indefinido.
As semifinais e finais contarão com cobertura da Rede Globo e transmissão de jogos ao vivo pelo canal Sportv.
Serviço:
12o Campeonato Nacional de Basquete Feminino
Ourinhos X Santo André
Jogo 1: sexta-feira (08), às 21h. Transmissão ao vivo pela Sportv.
Jogo 2: sábado (09), às 20h.
Jogo 5: quinta-feira (14), às 20h. Transmissão a confirmar.
Local: Ginásio Municipal de Esportes José Maria Paschialick "Monstinho" (Avenida Expedicionário, 1549 – Ourinhos)
Santo André x Ourinhos
Jogo 3: segunda-feira (11), às 20h30. Transmissão ao vivo pela Sportv.
Jogo 4: terça-feira (12), às 20h.
Local: ginásio principal do Complexo Esportivo Pedro Dell’Antonia (Rua São Pedro, 27 – Vila América)
Entrada gratuita
Perfil de Ariadna Capiró
Cubana representará Santo André nas semifinais do Nacional Feminino
Eugenio Goussinsky
A ala cubana Ariadna Capiro Felipe, do time de basquete feminino AD Santo André, está no garrafão, posicionada para um lance livre. Acaricia a bola, bate-a três vezes no chã o e fecha os sedutores olhos levemente puxados, que se harmonizam com sua pele negra. Neste momento, o tempo para.
Surgem então, imagens que se multiplicam em sua mente, frases soltas sem significado aparente, sons que se misturam com os do ginásio abafado. Que contam sobre seu passado, que acenam para o seu futuro. Trazem a fragrância doce da esperança misturada com o amargo da dor, da distância, da saudade. Ela mesmo repete que um único arremesso carrega em sua trajetória inúmeros significados.
Isto porque, por opção, a jogadora de 26 anos, 1m78, deixou seu país de origem, em busca da independência financeira. Mesmo ciente de sua decisão, ocorrida há cinco anos, não é fácil deixar a família, a terra natal para, caso persista o modelo cubano de partido único, nunca mais poder voltar. Arremessou-se a um caminho sem retorno, na esperança de que seus desejos não batam no aro. “Todo mundo pensa em crescer. Abri mão da companhia dos familiares para ajudá-los de outra maneira, ganhando dinheiro e dando-lhes conforto”, diz a jogadora.
Ariadna não se enquadra na situação de outros atletas compatriotas que, impedidos de se profissionalizar, conforme obriga o regime de Cuba, abandonam as delegações, enfurecendo o líder Fidel Castro e se tornam exilados políticos. Ela conta que saiu de maneira legal, por carta-convite de autoridades. Foi um processo demorado, que a fez parar por um ano, após abandonar a seleção cubana, pela qual atuou por quatro anos e foi campeã pan-americana em 2003.
Primeiro jogou na França, onde sentiu a pontada aguda da solidão. A chegada à América do Sul trouxe um alívio. Passou pelo Equador e, desde 2006, está no Brasil, onde defendeu Marília, Catanduva e Ourinhos, conquistando o título brasileiro, até chegar a Santo André. Seu visto de trabalho está em dia. “Há afinidade entre os latinos, as meninas aqui sabem da minha situação, me ajudam, se tornaram minha família. A própria técnica Laís é uma espécie de mãe para mim”, destaca, sobre a experiente treinadora da equipe andreense.
Sua verdadeira família, contudo, é insubstituível. “Respeito o regime cubano, sou grata pela formação que obtive. Saí por questões econômicas e não políticas. Quero dar mais conforto à minha família, o motor que me faz seguir em frente.” Nas conversas por MSN com a mãe, Ana Rosa, a quem só viu uma vez desde sua saída, e com o único irmão Antuan, fisioterapeuta em Miami, Estados Unidos, ela recebe doses de estímulo. E assim que tiver estabilidade financeira, pretende reunificar a família, fora de Cuba. “Está indo devagar, mas é o meu objetivo”, brinca. “O basquete não é como o futebol no Brasil, não oferece salários tão altos a quem atua em equipes de destaque.”
Por uma cidade - O pai de Ariadna, Armando Capiro, foi um jogador consagrado de beisebol, esporte muito popular no país. Em sua história, também teve a chance de deixar Cuba. Ele recebeu uma proposta milionária de uma equipe americana, praticamente um cheque em branco. Sua recusa imediata, preferindo seguir em Cuba em nome da revolução, indica a mudança dos tempos. “Ele se orgulha de seu ideal, mas respeita minha decisão. Cuba oferece serviços básicos de qualidade. Mas a busca de conforto só é possível fora. Hoje há um materialismo saudável que predomina em muitos casos”, diz Ariadna.
Ela, porém, garante que não perdeu o amor pelo esporte. “Não há como jogar sem amor. Desde os 11 anos estou no basquete, faço isso como diversão e ainda sou remunerada.” Mesmo não jogando em seu país, diz que sente-se muito bem em Santo André. “É uma experiência especial. Um orgulho jogar por milhares de pessoas, seja por uma cidade ou um país. Isso também é importante no esporte.”
Ariadna não sabe quando irá contemplar de novo a luz turquesa do mar do Caribe. Nem o pôr do sol no horizonte de Havana, tingindo de vermelho esta cidade histórica e costeira, onde ela nasceu. “Era uma menina hiperativa, corria para todo o lado. Foi um psicólogo que sugeriu o esporte para mim.” Essas lembranças permanecem dentro dela: o cheiro da maresia, a avenida El Malecón, as vozes infantis das crianças correndo pelas ruelas. Seu horizonte agora é outro. Ela, então, abre os olhos, mira a tabela, encara o mistério, ouvindo frases em português. Neste jogo do destino, resta torcer para que mais este arremesso de Ariadna, junto com seus sonhos, tenha endereço certo.
6 comentários:
"A cubana, ao contrário de muitos atletas da ilha, saiu de seu país legalmente, com uma carta-convite de autoridades."
Então ela pode jogar pela seleção cubana?
Sou torcedor do Santo André e agora estou na duvida:a Cbb na tabela dos jogos diz que o jogo entre Ourinhos e Santo André dia 8 é as 21Hs com transmissão da Sportv.Nesse exato momento estava assistindo um programa falando das semi=finais na sportv e eles estão anunciando o jogo para as 17hs.Alguem sabe me responder qual é o horario correto?
Belo texto. A Ariadna é uma atleta fantástica, muito técnica e ótima pontuadora. Desejo sucesso para ela.
Na programação da Sportv diz que o jogo será exibido meia noite e meia...
pois é, a sportv mostra mais uma vez seu respeito com o basquete feminino.
Acorda CBB, a Liga Nacional Feminina tem que ser vendida pra ESPN e pro Bandsports.
A Ariadna já jogou pela seleção cubana, isso impede sua participaçãopela seleção brasileira.
ariadina é uma das melhores de santo andré merece tudo de bom ! otima jogadora
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