terça-feira, 3 de novembro de 2009

Por mais eficiência no trabalho de base

Cleverson Guedes

A vitória contra a Argentina, que garantiu ao Brasil a medalha de ouro de forma invicta no Campeonato Sul-Americano Sub-17 feminino, quebrou também um jejum de muitas derrotas frente à seleção vizinha.

Fazendo um retrospecto desde 2001, vamos verificar que o trabalho de base na Argentina tem se consolidado, ao passo que o nosso tem decaído significativamente.

No Sul-Americano Cadete de 2001, comandado pelo técnico Antônio Carlos Barbosa, o Brasil já encontrou muitas dificuldades para vencer as nossas hermanas na final por apenas 1 ponto de diferença: 75x74.

Na Copa América Sub 21, realizada em 2002, a geração de Silvia Gustavo, Graziane Coelho e Fernanda Beling se mostrou mais preparada e soube vencer facilmente as rivais sul-americanas na semifinal do torneio: 75x55. Novamente, Barbosa era o responsável.

No Sul-Americano Juvenil de 2004, a geração de Monah Pegorari, Franciele Nascimento, Jaqueline Silvestre e Izabela Morais também encontrou dificuldades para vencer nossas vizinhas sul-americanas: 75x67, mas ficou com o título. Na ocasião, o técnico era Borracha.

No Sul-Americano Cadete de 2004, sob o comando de Macau, a equipe que tinha nomes como: Danila Fabbri (2.02m) e Michelle Splitter (1.96m) foi responsável pela primeira derrota para as rivais sul americanas na década: 55x44.

Na Copa América Juvenil, em 2004, o Brasil não encontrou a Argentina, mas teve campanha ruim, sob o comando do técnico Borracha e contando com Izabela, Franciele e Joice como seus principais destaques. A quarta colocação tirou o Brasil do Mundial da categoria.

Foi aí que começou-se a perceber que algo estava errado em nosso basquete, ao mesmo tempo que a seleção adulta apresentava um basquete sem harmonia e conjunto nos Jogos Olímpicos de Atenas, terminando na quarta colocação.

No Sul-Americano Cadete do ano seguinte, não encontramos nossas adversárias, pois elas foram surpreendentemente derrotadas na semifinal pelo Paraguai, a quem vencemos na final por míseros quatro pontos: 61x57. Na equipe, nomes como o de Nádia Colhado, Tatiana Balbino e Priscila Cergol, então treinadas por Tarallo.

O fantasma argentino, porém não havia desaparecido e a prova foi uma nova derrota para nossas vizinhas e digamos de passagem, uma lavada: 55x38, na final do Sul-Americano Sub-17. Na equipe, estavam presente Ângela Braghin, Bruna Vallério, Danila e Nádia Colhado. O técnico foi Antônio Carlos Barbosa.

No ano de 2006, tivemos a Copa América Juvenil, onde jogaram Nádia Colhado, Danila e Djane Santos e o Brasil encontrou a Argentina na semifinal do torneio e foi derrotado por 73x69. O técnico era Tarallo.

No mesmo ano, a geração das gigantes Cristiane Simões de Lima (1,93), Thais de Souza Pinto (1,95m) e Fabiana Caetano de Souza, conquistou invicto o Sul-Americano Cadete, porém o grande adversário sul-americano não estava presente no torneio, mas mesmo assim, o Brasil encontrou dificuldades para vencer as equatorianas (bronze no torneio) por apenas 3 pontos: 69x66. Tarallo também era o responsável nessa competição.

O ano de 2007 mostrou-se pavoroso, com a hegemonia no continente saindo de vez de nossas mãos. No Sul-Americano sub-17, sob o comando de Macau, Cris Simões, Fabiana Caetano e Leidilânia Ferreira mostraram um basquete inferior ao esperado e a seleção terminou apenas na terceira colocação: derrota para a Argentina por 68x54, outra derrota surpreendente para as venezuelanas, 72x65, e uma vitória apertada para o Equador por apenas dois pontos: 57x55.


No Sul-Americano cadete, Cris Simões, Leidilânia, Fabiana Caetano e Leila Zabani não conseguiram levar o país ao lugar mais alto do pódio com uma derrota frente às argentinas por 62x57. O treinador foi César Guidetti.

Ano passado, as pivôs Thamara Silva de Freitas e Martha Silva Imoniana fizeram parte do grupo do técnico César Guidetti que foi ao Sul-Americano sub-15 no Paraguai e terminaram com o vice-campeonato, ao perderem para as argentinas duas vezes na competição: 66x54 na fase de classificação e 54x41 na final.

Na Copa Americana Sub-18 do mesmo ano, o Brasil, que tinha no elenco Cris Simões, Mônica Nascimento, Tássia Carcavalli e Tatiana Pacheco, conseguiu superar as hermanas 70x68, sob o comando de Tarallo.

Esse ano os resultados foram desastrosos! No mundial sub 19, com o técnico Tarallo; Cris Simões, Leidilânia, Leila Zabani e companhia tiveram uma derrota vergonhosa diante da Argentina na segunda fase da competição: 70x46! É para esquecer mesmo!

Na copa América sub-16, novamente sob o comando de César Guidetti, Thamara Freitas, Martha Imoniana e Alana Schossler Arias não conseguiram classificar o Brasil para o Mundial sub-17 ao serem derrotadas pelas argentinas na disputa do bronze por 64x47.

A seleção sub 17 foi quem salvou o ano, por enquanto, com a vitória diante de nossas hermanas e esperamos que a seleção sub 15 repita a façanha no campeonato Sul-Americano, que se inicia no fim desse mês. Porém, independente do resultado, o saldo brasileiro desde 2001 diante das argentinas é péssimo: 5 x 9! Precisamos urgentemente rever nosso trabalho de base, pois não podemos deixar que o basquete feminino caia na mesma situação que o masculino que não já disputa três edições de Jogos Olímpicos.

Voltando a falar da seleção sub 17, algo me preocupa: o porte físico de nossas atletas. Com a média de altura de apenas 1,77m, essa equipe encontará dificuldades já na Copa América Sub-18 no ano que vem, onde encontrará seleções de grande porte físico como Cuba, Canadá e os Estados Unidos.

Na minha concepção, os grandes destaques da equipe são a pivô Damiris Amaral dos Santos, de 1.90m e apenas 16 anos, já apontada por muitos como a maior revelação que surgiu em nossas categorias de base nessa década e a ala Jennifer Sirtoli de 1,82m, que terminou como terceira cestinha da seleção com 44 pontos e a segunda melhor reboteira (nona na competição) com 56 rebotes. As alas-armadoras Carina dos Santos Martins e Aruzha Michaski Lima, foram as melhores no quesito assistência no torneio, porém carecem de um melhor porte físico.

Que Hortência e Janeth (agora dirigindo a seleção sub-15), César Guidetti, Norbeto Borracha e Luiz Tarallo possam buscar novos talentos, mas que esses tenham também um porte físico condizente com o nível do basquete mundial atual, pois caso contrário, a situação para o futuro tende a piorar cada vez mais!

Cleverson Guedes é repórter do site Melhor do Vôlei e estreia aqui sua primeira colaboração sobre o basquete feminino, modalidade também alvo de sua atenção.

17 comentários:

Anônimo disse...

Concordo em parte com a análise. Quanto a parte da altura nesta idade me parece menos importante que o preparo técnico. Isto porque contrariamente aos adversários do norte as nossas pivôs altas não tem um tratamento atlético e técnico adequado. Por isto é que embora com média de altura bem superior a das argentinas, perdemos todas ou quase todas este ano. E a Argentina com uma equipe baixa chegou a ser terceira do mundo. As nossas atletas mais altas até agora não surtiram o efeito esperado. Iris e Danila são tão ou mais altas que as pivos européias e australianas e certamente mais altas que as americanas. E o tempo passa já ultrapassam os 23 anos e não engrenaram. Acho que a passagem da Danila pela Europa talvez possa ser proveitosa para ela. Acho que atletas leves, esguias e de estatura mediana alta e com boa envergadura possam ser de grande utilidade para nosso jogo de transição. Ai figuram Franciele e Damiris. Talvez só uma atleta alta e pesada para algum período do jogo. Volto a insistir que o fundamental é que o trabalho de base possa frutificar independentemente de uma seleção física!

Roberto Lopes disse...

Anônimo,

achei ótimo seu comentário.

Mas uma dúvida só: a Danila foi pra Europa mesmo?

Anônimo disse...

Toda vez que comento, dizem que sou repetitiva: tem jogadora com mais de 18 anos que não sabe bater bola, dar passe, fazer bandeja, não tem posicionamento!!!! cade os fundamentos??? sem não aprendem quando pequenas, vão aprender na seleção adulta????

A Paulista

Paulinho disse...

Poucas atletas que vem da seleção de base apresentam fundamento técnico apurado, é verdade. Talvez seja necessário um programa de formação para os treinadores e a criação de uma metodologia de formação de atletas mais consistente, padronizada e eficiente.

Outra fato triste é que as poucas atletas que apresentam potencial e se destacam nas seleções de base, mesmo em condições adversas, não tem oportunidades para continuar a desenvolver seu jogo. Não existe estrututra, espaço nos clubes ou um trabalho de transição entre as seleções de base e a adulta.

Agora, um sinal, ou melhor uma sirene de alerta de que algo está muito errado no trabalho de base é a quantidade absurda de contusões graves que as atletas da seleção juvenil sofreram esse ano: Tassia, Nayara, Isadora Serpa, Leidilânia, Joseane, Cristiane, Amanda Lazaro, Damiris e agora Debora Costa e Tatiane.

Das 15 melhores atletas, 10 tiveram problemas com contusões.


Que tipo de treinamento essas meninas estão recebendo?!?!?

Cleverson disse...

Mas a Argentina quando chega na categoria adulta só leva surras. Tduo bem, você pode falar que elas ganharam de Cuba na Copa América, mas essa seleção foi desfalcada de duas grandes importantes jogadoras, além de que têm jogado aquém do que realmente sabe jogar.
Tudo bem que não precisam de gigantes, mas veja a altura das pivôs dessa seleção sub 17!tem no elenco uma pivô de 1,71!! Nem as seleções sul americanas possuem atletas nessa posição tão baixas e duas com 1,81 e 1,82. Pivôs devem ter pelo menos 1.85 para conseguir jogar em nível internacional. Clarissa com 1.82m é uma raríssima exceção!! Abraços...

Anônimo disse...

Acho que nossas pivos grandes precisam de um tratamento diferenciado. Veja bem Cleverson o que aconteceu com a série de pivos grandes que voce mencionou em sua reportagem. Isto porque não existe preparo atlético adequado e estas meninas ficam fazendo um papel patético em quadra, nas categorias das seleções brasileiras de base.
Veja qual o scout da Danila quando participou da seleção brasileira de base? Com exceção da Michelle Splitter, talvez a mais talentosa, batalha perdida para sua enfermidade implacável, estas meninas ficam ao léo sem uma orientação técnica e física adaptada a sua movimentação,fazendo bloqueio para as jogadas boladas pelos técnicos.
Talvez este venha ser o papel reservado para nossa admirável Alessandra, com o apoio de um laboratorio de fisiologia do exercício de ponta(existem vários no Brasil)e de um clube que se disponha a inestir nas nossas gigantes.
O que faz diferentes as nossas gigantes do volei, Fabiana, Taísa que hoje estão entre as principais jogadoras do volei mundial?

Cleverson disse...

Olá colega! Concordo com seus comentários sim. Thaisa e Fabizona passaram pelas mãos do melhor técnico do mundo durante sua formação: Bernardinho! Fabizona foi para o Rexona quando tinha apenas 19 anos, Thaisa com 18.
Deveria realmente fazer um bom trabalho com essas meninas. Falando das gigantes, além da Mi Spliter, a Cris Simões no sul americano cadete de 2007 deu um show à parte como cestinha absoluta: 108 pontos, jogou 170 minutos e pegou 60 rebotes e 65.7% nos arremessos de dois pontos; pena que a atuação dela se resumiu à esse torneio. Mas voltando a tecla da altura, como eu relatei anteriormente, é de que se alie altura e técnica, pivôs entre 1.85 e 1.89 podem ser trabalhadas tranquilamente; o que não pode é levar uma pivô de 1,71m, para um sul americano né? e além dela tinhamos uma de 1.81 e outra de 1.82. Damiris com 1.90 e Isabela Cintra de 1.86, que infelizmente praticamente não foi utilizada; apenas 3 jogos e míseros 22 minutos, registrando apenas 4 pontos. E a a menina que mencionei de 1.71 jogou 6 partidas e esteve 131 minutos. É isso que tenho birra, amigo. Mas independente de qq coisa, eu acho que a Alessandra quando se aposentasse, deveria ser uma espécie de treinadora das pivôs, o mesmo que pretendem fazer com a Fofa quando ela se aposentar (com as levantadoras). Abraço.

Anônimo disse...

Cleverson, caso vc queira comentar basquete precisa saber melhor o que fala.Nào havia nenhuma pivo de 1,71 na seleção sub 17, essa informação saiu em algum lugar errada.Caso vc conhecesse o que comenta saberia.Vá assistir uns jogos, conhecer uns clubes.O Brasil precisa, além de "atletas altas", comentaristas que saibam do que falam e não reprodutores de fatos e de opiniões alheias.
Boa sorte.

Anônimo disse...

Quando iniciou na seleção principal aos 20 anos, utilizando as palavras do grande Wlamir Marques, Alessandra era "tão desengonçada que não conseguia acertar o quadrado da tabela".

Com muita garra e determinação agarrou a oportunidade que lhe foi dada e enfrentando as melhores pivôs do mundo, desenvolveu seu jogo e se tornou uma das atletas mais respeitáveis do mundo em sua posição.

Não faltam pivôs de boa estatura nas seleções de base: Danila, Isis (2,02), Nádia (1,96), Cristiane Simões (1,95) e Fabiana Caetano (1,94).

Falta coragem dos treinadores e visão de futuro dos dirigentes do basquete feminino para dar a mesma oportunidade que a Alessandra teve para nossas jovens pivôs que estão por aí abandonadas.



Infelizmente

Anônimo disse...

Parabéns Cleverson pelo post.

Realmente existe uma grande vácuo de 8 anos nas categorias de base.

Algumas questões para reflexão:

1- Como vamos administrar esse vácuo quando ele chegar na seleção principal?

A geração Erika/Iziane/Fernanda/Silvia está com 27/28 anos. O que vai acontecer com a seleção, já que nenhuma atleta, depois dessa geração, além da Franciele, teve oportunidade de jogar na seleção adulta?


2- Quando todas essas meninas citadas em seu post serão integradas à seleção adulta?

Pelo andar da carroagem, às vésperas do Pré-Olimpico em 2011, quando grande parte das atletas que jogaram a Copa América de Cuiabá estarão aposentadas.

3- Qual o planejamento da CBB para esse e para o próximo ciclo olímpico? Formar um grupo com atletas de 38, 39 anos ou esperar surgir uma geração talentosa que ainda não surgiu?

4- Desde que o Bassul assumiu o cargo de técnico em 2007 vem se prometendo a formação de um grupo de desenvolvimento ou uma seleção B. Não está mais do que na hora dessa promessa se tornar realidade?


O Cleverson já escalou o grupo, falta só o Bassul colocar as meninas para treinar e a Hortência agendar jogos na Europa (no final da temporada) ou na pré-temporada da WNBA.


Já fiz vários comentários nesse sentido. Será que essas medidas são uma utopia, algo inviável ou desnecessário?

Anônimo disse...

Só um lembrete...Tatiane Balbino nao eh da gereção de Nadia e Priscila Cergol e sim de Izabela Fran e Joice!!

Anônimo disse...

conforme havia comentado anteriormente neste blog, agora confirmado Danila Fabbri está na Europa nas mãos de um expert. Adquiriu dupla cidadania o que significa que... possivelmente a perdemos. Existem rumores que o namoro da Espanha com a Érica continua. Esta seria a real razão de nunca mais jogar pela seleção.
A Clarissa vem sendo namorada por Portugal já há algum tempo.
O esporte hoje é um grande negócio. Não é mais possível atuar amadorísticamente num negócio tão milionário quanto os patrocínios esportivos.
O volei repatriou nossos atletas. O que se comenta é que com a valorização do real os salários no Brasil ficaram competitivos! Que coisa mais estranha para nosso basquete!
Enquanto isto está aí a nossa Ariadne, a Hortensia de ébano. Quando é que vamos entrar nesta briga?

Bert disse...

Até onde sei, por terem jogado torneios oficiais nas seleções de base, Danila e Clarissa não podem defender seleções de outros países.

A questão da cidadania tem mais a ver com mercado de trabalho do que com esse possível "namoro".

Em relação à Érika, então, que já defendeu a seleção adulta, sem chances...

Cleverson disse...

Para o comentário do anônimo que infelizmente não tem coragem de se expôr, realmente não sou especialista em basquete e sim em voleibol, onde graça à Deus tenho meu trabalho muito bem reconhecido até internacionalmente!!!
Realmente não assisto jogos de basquete, pois moro em Maringá e tenho que ganhar meu pão no dia a dia, meu amigo e também tenho meu curso superior em andamento.
Quanto à atleta de 1,71m, xingue à CBB e não à mim, pois lá consta esse dado. Não sou especialista e vim aqui fazer uma colaboração com o Bert, agora ninguém agrada à todos e meus pensamentos sobre porte físico de atletas é esse e eu tenho o direito de pensar como bem quero, se sente incomodado não tenho o que fazer. Esse problema com altura eu também critico nas seleções de base do voleibol. Se faço observações copiosas, não lhe convém ok? Enquanto o dono desse blog (que é uma excepcional pessoa e meu amigo) me der a liberdade de eu escrever estarei aqui, para seu incômodo. Abraço!

Anônimo disse...

Desculpe Bert, sem querer ser estraga prazeres, a Hammon cansou de jogar pelos EUA, naturalizou-se e hoje joga pela Russia.

Anônimo disse...

Quanto a esta questão das alturas lembro que depende muito do estágio puberal destas atletas(que tem no máximo 15 anos).
estas atletas poderão crescer em média de 2 a 5cm.Se alguma tiver a idade de menarca(primeira menstruação) mais tardia, mais do que isto

Anônimo disse...

Saudades de ver Pri Cergol nas quadras.
Um talento que deixou suas marcas registradas aqui no Brasil. Infelizmente foi para o USA.
Jogadora com esta categoria, poucas vi nos meus 30 anos de experiencia no basquete.
Priscila Cergol, nasceu com o DON e com um talento excepcioial.
Espero que um dia volte a representar o Brasil com o seu show novamente.
Ela mercere!

Ass: ex jogador profissional