quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Entrevista – Borracha (CBB)

200b Os 33 anos de carreira fazem de Norberto José da Silva, o “Borracha", um dos mais experientes técnicos do basquete feminino na atualidade. Em suas primeiras experiências como professor e técnico, nas cidades de Jundiaí e Sorocaba, treinou jovens talentos como Branca, Helen Luz, Adriana Santos, Roseli Gustavo, Leila Sobral, entre outras. Hoje, dirigindo o time adulto de São Caetano, continua formando talentos para as seleções brasileiras, patrocinadas pela Eletrobrás. No comando da equipe nacional sub-17, Borracha está em Barueri (SP) na última fase de treinamentos rumo ao 15º Campeonato Sul-Americano da categoria, que será disputado de 22 a 27 de outubro, em Santiago, no Chile. Otimista com o grupo de 14 meninas talentosas e extremamente dedicadas, Borracha aposta no sucesso do Brasil na competição, que classifica as três melhores seleções para a Copa América Sub-18 de 2010.

Quais suas expectativas para o Sul-Americano?
As melhores possíveis e a meta é ser campeão. Minha filosofia é construir sempre uma mentalidade vencedora nos times que treino. Procuro desenvolver primeiramente em qualquer equipe que dirijo (clube ou seleção) conceitos como patriotismo, solidariedade, agressividade, disciplina, aplicação. As meninas estão correspondendo maravilhosamente bem a esses conceitos, o que me deixa extremamente otimista para a competição.
Como avalia o grupo nesta terceira e última fase de treinamento?
O grupo de 14 meninas é muito vibrante e coeso. Há uma enorme sintonia entre atletas e comissão técnica. As jogadoras têm um brilho no olho impressionante. É uma equipe ambiciosa, que não mede esforços para conseguir o que quer em quadra. Todas estão se dedicando com muita responsabilidade para mostrar o seu valor.
Como é trabalhar com adolescentes?
Temos que entender o que é uma menina de 17 anos, o que ela gosta e o que faz bem para ela. Uma adolescente é uma adolescente, e não uma mini-adulta. Ao mesmo tempo que sou um técnico linha dura, às vezes tenho que fazer o estilo paizão, brincar, fazer as meninas se divertirem e gostarem de estar ali para ter motivação para fazer sempre o melhor. Faço por elas o que gostaria que fosse pela minha filha.

Fale um pouco da sua carreira de técnico.
Fui jogador e estudava no Colégio Divino Salvador, em Jundiaí, onde comecei a dar aulas de basquete, com 19 anos. No meu primeiro time mini, a armadora era a Branca. A primeira seleção cadete (1987 mais ou menos) que treinei, tinha as irmãs Helen e Cíntia Luz e Adriana Santos. Já treinei campeãs do mundo como Helen, Adriana, Roseli, Simone Pontello e Leila. É um orgulho para mim. E que bom que o trabalho continua dando frutos até hoje, em São Caetano, com Nádia, (adulta), Patricia (sub-19) e Amanda (sub-17).
Que lições você aproveitou nos seus primeiros anos de basquete que carrega até hoje?
Dois fatores contribuíram muito para a minha formação. O primeiro foi ter estudado no Colégio Divino Salvador, que dava uma educação completa, se preocupando com a formação da pessoa, o que era feito muito bem no time de basquete, onde comecei como treinador. Outro fator foi a convivência com meu primeiro treinador, o professor José Francisco Braz (assistente do técnico Kanela no título mundial masculino), que era brilhante. Além de ser um cara com conceitos evoluídos para a sua época, nos ensinava principalmente a gostar de basquete, para depois nos ensinar a jogar. Ele criou no time os troféus Aplicação e Dedicação. Aplicação nos estudos, na vida e dedicação aos treinos. Era muito legal e promovia uma consciência bacana no atleta, que aprendia que não dá para conquistar nada sem esforço.

Como estão suas atividades no clube São Caetano?
Sou técnico da equipe adulta e professor da equipe de basquete da UNIP (Universidade que patrocina o time de basquete). Além de treinar o clube nas competições da Federação Paulista e da CBB, dirijo o time da UNIP nos campeonatos universitários. Em São Caetano, nos preocupamos muito com a formação global da pessoa que joga. Tanto que todas as atletas fazem faculdade com bolsa.
Quais as expectativas do São Caetano para o Nacional Feminino 2009?
Ficar entre os quatro e classificar para as semifinais. Para essa temporada, reforçamos o time com atletas mais experientes que, junto com a base da temporada passada, formam um elenco muito promissor. Chegaram a Jaqueline Silvestre, Roberta Fogaça e a Eliane Ferreira, uma atleta experiente (30 anos) que passou pelos principais clubes brasileiros.
O que é necessário para ser uma atleta de alto nível?
Faço minhas as palavras da Helen, que li numa entrevista no site da CBB. Basquete exige dedicação, empenho e disposição para abrir mão de muita coisa na vida. Mas o esforço é sempre recompensado.