Depois do link da entrevista de Hortência em 1987 ao Roda Viva, o Renato me enviou o registro de uma outra entrevista da Rainha ao mesmo programa.
Essa segunda entrevista ocorreu em 1992, logo após a conquista da vaga para os Jogos Olímpicos de Barcelona.
O papo transcorre num clima menos ameno do que o da entrevista anterior e retrata bem o clima de exposição que a carreira e a vida pessoal de Hortência tinham naquele momento.
Lendo a entrevista, me chamaram a atenção os comentários sobre o comportamento de Hortência em Vigo. Ela, que na entrevista anterior havia admitido ser “fominha”, era questionada sobre um suposto “chute na porta”, sobre “não ter gostado de ficar no banco” e finalmente sobre “ter falado sobre isso com a técnica Maria Helena Cardoso”.
Essas mesmas frases foram recentemente usadas quando o conflito entre Iziane e Bassul foi escancarado em público.
A aparente semelhança no entanto é quebrada pelo discurso de Hortência que restabelece a devida distância entre Iziane e ela:
“Em nenhum lugar o senhor me viu criticando a Maria Helena, eu tenho um respeito muito grande pela hierarquia que existe dentro da Seleção Brasileira. Ela é um grau acima de mim e eu respeito a tática que ela quis imprimir na partida.”
“Se eu tiver 40 anos de idade e estiver jogando melhor, estiver encestando melhor, e uma jogadora de 20 quiser ocupar o meu espaço, ela disputa o lugar comigo. Se ela for melhor do que eu, paro de jogar basquete e vou para o banco.”
E acho que Hortência encerra bem a questão quando é provocada com a pergunta “Se a Seleção teoricamente hoje tivesse três Hortências e duas Paulas, ela seria provavelmente imbatível?”
Disse a Rainha:
“Olha, eu ficaria muito triste se fossem três Hortências. Eu não quero dividir o meu espaço com ninguém [risos]! Eu tenho o meu espaço e quero muito que a Janeth também ocupe o espaço dela, eu quero que amanhã vocês falem “A Janeth é a melhor jogadora do Brasil”, e não a segunda Hortência, ou a terceira Paula, entendeu? Eu quero que todas conquistem o que eu conquistei, todas são boas jogadoras, por exemplo, a Janeth. Hoje eu e a Paula temos um pouco mais de responsabilidade sobre a equipe, porque somos duas veteranas. A Helen é a mais nova. Quando eu entrei na Seleção Brasileira, éramos todas novas, e eu não tive, por exemplo, uma Hortência ou uma Paula, como hoje a Helen tem, para me orientar em um momento de desespero dentro da quadra. Eu aprendi "tomando pancada", entendeu? Eu quero que a Helen seja a melhor jogadora do Brasil, a melhor jogadora do mundo, e não que ela queira ser uma Hortência. Ela pode se espelhar em mim, mas eu quero que seja sempre ela.”
Confira a segunda entrevista: aqui!
Um comentário:
Deveria ter um link aqui para o meu blog. http://esporterio.blogspot.com
Postar um comentário